É uma sensação esquisita entrar na internet, e não ver mais as mensagens poéticas que o Ademar enviava todas as manhãs. Parece que há uma lacuna muito grande, um abismo mesmo. Então aqui segue mais algumas trovas dele, para mantermos a sua memória viva sempre.
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Eu aprendi a perder
mesmo sem haver perdido,
também aprendi vencer
“sem humilhar o vencido!”
Eu, que nunca pude tê-las…
Que é um sonho do menestrel;
sonhei enchendo de estrelas,
meu barquinho de papel!
Eu sinto a brisa do vento
como se fosse magia,
soprando em meu pensamento
os versos que Deus me envia…
É terapeuta da mente,
mestre maior do saber…
O Livro é o melhor presente
que alguém pode receber.
Eu, num desejo medonho,
quis tê-la, mas nunca pude…
Transformar desejo em sonho,
foi minha grande virtude!
Fiz a “pergunta ao espelho”
que para não me ofender :
disfarçou, ficou vermelho
e não quis me responder!
Fui reviver meu passado
na casa que pai morou…
Um velho espelho quebrado,
foi tudo o que me restou!
Hoje na terceira idade,
eu, de amores já vazio,
voltei ao mar da saudade
para ancorar meu navio.
Igualmente aos nossos pais,
nos cabelos brancos temos
as impressões digitais
dos anos que já vivemos.
Já quase louco de amor,
envolto num triste enlevo
ponho toda a minha dor
no papel…quando eu escrevo!
Mesmo que a paixão desabe
disto eu não sentirei medo,
o mundo inteiro já sabe
que eu sempre amei em segredo!
Mesmo sentindo os rancores,
de um mar de dor que me escolta,
eu, afogando essas dores,
nada impede a minha volta!
Meu momento mais doído
foi perder quem tanto adoro,
por isso eu choro escondido
para ninguém ver que eu choro!
Minha mente é qual jazida
onde o verso prolifera..
De poesia eu pinto a vida
com cores da primavera!
Na construção do desgosto
de um casamento desfeito,
criei rugas no meu rosto
e pus mágoas no teu peito…
Na “derradeira viagem”
que nós faremos decerto,
busco, com fé, a passagem
para ver Jesus de perto!
Na floresta, a “derrubada”
deixa em minha alma sequela,
pois a dor da machadada
dói mais em mim do que nela.
Não acredito em trapaça,
o livre arbítrio eu imponho;
não há destino que faça
eu desistir do meu sonho.
Na vida o que me conforta,
está nesta frase bela:
“Deus jamais fecha uma porta,
sem que abra uma janela”!
Ninguém calcula essa dor
no coração dos mortais…
Quando a saudade é de amor,
a dor é cem vezes mais !
Ninguém disfarça o carisma…
Quem o tem, sempre o conduz,
sem saber que tem um prisma
refletindo a sua luz.
No instante da despedida,
arquivei no pensamento
a tristeza da partida
e a dor do meu sofrimento.
No momento em que eu nascia
Deus colocou no meu ser,
um mundo de fantasia,
de poesia e de prazer…
Nos poemas que componho,
de beleza quase extrema,
eu ponho em verdade um sonho
dentro de cada poema!
Num desespero medonho,
acordei quase enfartando,
pois vi no melhor do sonho
que a sogra estava voltando!
Num triste e cruel enredo
escrito por poderosos,
a Terra treme com medo
das mãos dos gananciosos…
O grande desmatamento,
por ganância ou esperteza,
põe rugas de sofrimento
no rosto da natureza!
Oh, Mulher! Quando partiste,
só você não percebeu;
seu coração ficou triste…
Muito mais triste que o meu!
O papel que eu desempenho
na poesia, não tem preço;
pelos amigos que eu tenho…
Ganho mais do que mereço!
O tempo austero e sisudo
põe na memória da gente
o alzheimer que apaga tudo
do vídeo tape da mente!
O tempo, já quase em fuga,
para aumentar meu desgosto,
fez nascer mais uma ruga
entre as rugas do meu rosto!
O tempo, qual sanguessuga,
para aumentar meu desgosto,
fez nascer mais uma ruga
entre as rugas do meu rosto!
O vento da minha Fé,
de maneira enternecida,
sopra, mas deixa de pé
as dunas da minha vida!
O vício sempre nos joga
numa dor que nos revolta:
– ver um filho usando droga,
numa viagem sem volta!
Para alcançar o perdão,
não há fronteira ou entrave:
a porta do coração
não tem ferrolho nem chave.
Para contar sua história,
a pobre cigana cria
uma verdade ilusória
que ela mesma fantasia!
Para os sem fé, os tristonhos,
a vida deles termina
sem sequer colher os sonhos
que a própria fé nos ensina…
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