sexta-feira, 4 de abril de 2014

Jangada de Versos do Ceará (Francisco Pessoa)

Francisco José Pessoa de Andrade Reis
Fortaleza/CE (1949)

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DE PESSOA PRA PESSOA

Poesia é um sonho e, se sonhado,
Sobre nuvens volutas, pictóricas,
Rédeas soltas sem bridas, metafóricas,
Faz do poeta um ser místico e alado.
Quem o lê, leia certo ou leia errado,
Sempre os versos encontram o seu intento…
Lamentar cada um com seu lamento,
E sorrir cada um com seu sorriso,
Coração de poeta é sem juízo
E a razão de fingir é seu talento!

QUAL DAS CARNES?

Ó meu amigo Garcia
És professor renomado
Que fala um tanto pausado
Na tristeza e na alegria
Tua voz mansa irradia
Uma paz de dó a dó
Responda qual a mió
Para a gente encher o bucho
Se o churrasco do gaúcho
Ou a carne de Caicó.

(Décima feita ao Prof. Garcia, de Caicó/RN)

CADA PASSO É MAIS UM SONHO
AO LONGO DO CAMINHAR


Esteja alegre ou tristonho
O poeta enxerga a vida
Tal a terra prometida…
Cada passo é mais um sonho.
Chega ao destino risonho,
Pelo prazer de rimar
E antes mesmo de apear
Em pensamentos, imerso,
Olha pra trás, vê seu verso
Ao longo do caminhar.

Usei todos os atalhos
Que encontrei pelo caminho,
Fiz de quando em quando um ninho,
Fiz de estrelas agasalhos.
Os meus cabelos grisalhos
Tingidos pelo luar,
Retratam bem meu andar…
Embora um tanto tardonho,
Cada passo é mais um sonho
Ao longo do caminhar.


NO MEU LAR SOU EU QUEM MANDA
QUANDO A PATROA VIAJA!

 

Sou chefe até do meu chefe
Sou o grito que calou
Se você pensa quem sou
Me beije e lhe dou tabefe.
No carteado sou blefe
Dentre as cobras sou a naja,
Quer me ver doido? Reaja…
Mais brabo que urso panda,
No meu lar sou eu quem manda
Quando a patroa viaja!


AO POETA LUCIANO MAIA
 

Poeta, és parto do teu Jaguaribe
Artéria viva do sertão d’antanho
Tão seco ou cheio, do mesmo tamanho,
És liberdade plena que proíbe
O negar da verdade, diatribe,
Pois tua voz, poeta, em tom brejeiro,
Vem das vazantes do teu Limoeiro,
Vem do frescor do vento Aracati,
Que lá do Olimpo esbarra em nós aqui,
E à noitinha passa tão faceiro.

PALHAÇO

A vida se nos faz meros palhaços…
Sorriso solto num choro prendido,
Querer que é dado nunca agradecido
Saltar ao vento sem pisar os passos.
Tragar o fumo dos prazeres baços
Embebedar-se tanto pra esquecer,
Sentir-se ser alguém, mesmo sem ser,
No picadeiro, o aplauso, a falsa glória,
Imagem tão real quanto ilusória
Pranto da morte rindo pra viver!

Fonte:
REIS, Francisco José Pessoa de Andrade. Isso é coisa do Pessoa, em prosa e verso. Fortaleza: Tipografia Íris, 2013.
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A Jangada de Versos do Ceará já teve publicados anteriormente:

ANTONIO GIRÃO BARROSO Araripe (1914 – 1990) Fortaleza
ARTUR EDUARDO BENEVIDES – Pacatuba (1923)ARY ALBUQUERQUE Fortaleza (1934)
BATISTA DE LIMA Lavras da Mangabeira (1949)
CÂNDIDO ROLIM Várzea Alegre
CARLYLE DE FIGUEIREDO MARTINS Fortaleza (1899 – 1986)
CÉSAR LEAL (Francisco César Leal) Saboeiro (1924 – 2013) Recife/PE
DIMAS MACEDO Lavras de Mangabeira (1956)
DOM HELDER CÂMARA (Helder Pessoa Câmara) Fortaleza (1909 – 1999) Recife
EDUARDO PRAGMACIO DE LAVOR TELLES FILHO Fortaleza (1969)
FILGUEIRAS LIMA (Antonio Filgueiras Lima) Lavras da Mangabeira  (1909 – 1965)
FLORIANO MARTINS Fortaleza (1957)
HORÁCIO DÍDIMO PEREIRA BARBOSA VIEIRA Fortaleza (1935)
JOSÉALBANO (José d'Abreu Albano) (Fortaleza 1882-1923)
JOSÉ LINHARES FILHO (Lavras da Mangabeira , 1939)
LEONTINO FILHO Aracati (1961)

MÁRCIA THEÓPHILO – Fortaleza/CE (1940)
MAVIGNIER DE CASTRO (Antonio Mavignier de Castro) (1895 - 1972)
MYRIA DO EGITO (Fortaleza)
NATÉRCIA ROCHA (Natercia Carmen de Sales Rocha) Fortaleza, (1971)
NILTO MACIEL Baturité (1945)
NIRTON VENÂNCIO  – Crateús (1955)
QUINTINO CUNHA (José Quintino da Cunha) – Itapajé  (1875 -1943) Fortaleza
RACHEL DE QUEIROZ -  Fortaleza (1910 – 2003)
SOARES FEITOSA (Francisco José Soares Feitosa) Ipu (1944)
VIRNA TEIXEIRA Fortaleza (1971)

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