ENVENENAR
O veneno atua. O agir envelhece.
Passos cadenciam músicas.
Ouvidos temem o silêncio.
O veneno conclama a vontade
a partir do medo. O agir condensa
a partida em doses: repete
o nome. Nomina. Denomina
no esgotar o espaço e sufocar
o corpo ao cansaço.
SOTURNO
O veneno atua. O agir envelhece.
Passos cadenciam músicas.
Ouvidos temem o silêncio.
O veneno conclama a vontade
a partir do medo. O agir condensa
a partida em doses: repete
o nome. Nomina. Denomina
no esgotar o espaço e sufocar
o corpo ao cansaço.
SOTURNO
Dia soturno de apagadas horas
em partidas indiferentes. Ocaso
de única espera. Aos amantes
cabem desejos passados.
Permaneço incapaz do gesto
de renúncia no aguardo
do que diria em quadros
estáticos de atávicos amigos.
Sou quem vai embora em literário
afago no desconsiderado beijo recebido.
A distância da luz no sabor
do insosso nas curvas
em que me afasto.
Iludido em sonhos de tórridas
realidades de não aconchego.
Flâmula imóvel em ventos
continuados de paixão.
A noite soturna de aprazadas horas
remete o riso ao invisível no tempo
restante por onde escapam os sonhos.
POR ISSO
Por isso nos fogem as palavras
escondidas em hinos oficiais
entre esgarçados espíritos
na densidade rarefeita
dos últimos tempos
não há lugar onde termos
sensibilizem espíritos
nos velhos que pensam
em versos feito do presente
em luzes de feéricas ruas
fotografamos eventos
e a platéia em cadeiras vazias
dispensa a banda esvaziada
em músicas sem palavras
imóveis e calados sentimos a chuva
molhar os ossos dos que se atrevem
combalidos na última estrutura
em que o estame em flor
em ínfimos pedaços
apodrece no solo infértil.
NÁUSEA
A náusea
percorre
o corpo
no cansaço
letras no branco papel
violado na pureza
registram haveres
e teres
em ordens cansativas
a náusea
representa
o corpo
cansado
olhos fechados evitam temas
sobrepostos e opostos se encontram
no acordar o cérebro no destempero
em que verdades irrompem.
DÍVIDAS
Despeça o cobrador em vida, a conta
não será apresentada, jamais encontre
a fatura com que se fartam as noites,
o ódio concentrado esmaece o corpo,
a morte transita entre carros,
vende flores e velas, lembranças
traduzem o quanto, óbice dos encontros
o sangue convalesce o doente, suspira
a hora da verdade, seres
perseguem o nascer do dia,
vida entrecruzada em dogmas,
raro o momento que prescinde
de quem cobra os créditos, incautos
devedores; a lida representa a garantia,
o navio se afasta em margens,
gaivotas seguem rastros e restos.
OLHAR
Nos olhos da criança
a mãe sobrevive
ao pai escondido
em intermináveis
horas de trabalho
descobre a sobrevivência
necessária ao crescimento
na orientação ausente
do que se apresenta
em seu crescimento
refugiado em mitos
que mentem a realidade
desconfortável dos momentos
em que precisa da ajuda
de quem está longe
e cansado.
FUGA
em partidas indiferentes. Ocaso
de única espera. Aos amantes
cabem desejos passados.
Permaneço incapaz do gesto
de renúncia no aguardo
do que diria em quadros
estáticos de atávicos amigos.
Sou quem vai embora em literário
afago no desconsiderado beijo recebido.
A distância da luz no sabor
do insosso nas curvas
em que me afasto.
Iludido em sonhos de tórridas
realidades de não aconchego.
Flâmula imóvel em ventos
continuados de paixão.
A noite soturna de aprazadas horas
remete o riso ao invisível no tempo
restante por onde escapam os sonhos.
POR ISSO
Por isso nos fogem as palavras
escondidas em hinos oficiais
entre esgarçados espíritos
na densidade rarefeita
dos últimos tempos
não há lugar onde termos
sensibilizem espíritos
nos velhos que pensam
em versos feito do presente
em luzes de feéricas ruas
fotografamos eventos
e a platéia em cadeiras vazias
dispensa a banda esvaziada
em músicas sem palavras
imóveis e calados sentimos a chuva
molhar os ossos dos que se atrevem
combalidos na última estrutura
em que o estame em flor
em ínfimos pedaços
apodrece no solo infértil.
NÁUSEA
A náusea
percorre
o corpo
no cansaço
letras no branco papel
violado na pureza
registram haveres
e teres
em ordens cansativas
a náusea
representa
o corpo
cansado
olhos fechados evitam temas
sobrepostos e opostos se encontram
no acordar o cérebro no destempero
em que verdades irrompem.
DÍVIDAS
Despeça o cobrador em vida, a conta
não será apresentada, jamais encontre
a fatura com que se fartam as noites,
o ódio concentrado esmaece o corpo,
a morte transita entre carros,
vende flores e velas, lembranças
traduzem o quanto, óbice dos encontros
o sangue convalesce o doente, suspira
a hora da verdade, seres
perseguem o nascer do dia,
vida entrecruzada em dogmas,
raro o momento que prescinde
de quem cobra os créditos, incautos
devedores; a lida representa a garantia,
o navio se afasta em margens,
gaivotas seguem rastros e restos.
OLHAR
Nos olhos da criança
a mãe sobrevive
ao pai escondido
em intermináveis
horas de trabalho
descobre a sobrevivência
necessária ao crescimento
na orientação ausente
do que se apresenta
em seu crescimento
refugiado em mitos
que mentem a realidade
desconfortável dos momentos
em que precisa da ajuda
de quem está longe
e cansado.
FUGA
Na varanda onde escrevo
meras palavras
o barulho da rua invade o espaço
poucas flores folhagens
a procissão no quadro
estática
ilumino na cena a coragem
de estarem na rua
abaixo
corpos passam: pedaços
de vidas no declínio
da fome pelo descompasso
aberto em frêmitos
e frestas devassadas
espero o escurecer da terra
o ir embora de casa
no sorriso angustioso
de fora para dentro
na oitava fuga do corpo
agora rígido.
meras palavras
o barulho da rua invade o espaço
poucas flores folhagens
a procissão no quadro
estática
ilumino na cena a coragem
de estarem na rua
abaixo
corpos passam: pedaços
de vidas no declínio
da fome pelo descompasso
aberto em frêmitos
e frestas devassadas
espero o escurecer da terra
o ir embora de casa
no sorriso angustioso
de fora para dentro
na oitava fuga do corpo
agora rígido.
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