domingo, 24 de março de 2019

Daniel Maurício (Poemas Avulsos) II


Acreditei quando dissestes
Que o teu coração era meu
Mas que pena
Pois o coração era apenas
Uma tatuagem de henna
Que o tempo apagou.
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Ainda ecoam na memória
Os cânticos, preces e sermões
Vindos da singela igrejinha
Que já há muito não existe mais.
Ardem as lembranças
Sangra o peito com os ais...
Entre o sono e os sonhos
Aconchega-se a criança
Cheia de esperança
Nos braços que pareciam eternos
Da agora saudosa mãe.
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A linha do tempo
Filtra os sonhos
Longínquas
As imagens borradas da aquarela
Na visão míope
De quem olha pela janela
Finalmente ganham contorno.
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Depois que ganhei teu beijo
Mora em mim
Um gostinho de quero mais.
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Enquanto tu não vens
Guardo minhas vontades
Em pequenas caixas de veludo
E não me iludo
Pois na hora certa
Uma a uma vou poder te dar.
Dentro dos olhos
Trago a face oculta da lua
No abre e fecha
Das janelas da rua
Tento descobrir em qual delas estás.
Nas costas das mãos
Ensaio mil beijos
Olhando o jardim
Disfarço meus desejos
Repetindo os mantras
Dos velhos irmãos.
Se o sol se cansa
Desmaiando atrás dos montes
Tiro luz de outras fontes
E em vigília sonha meu coração.
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Entre as árvores
O sol transpassa
Deixando na calçada da praça
Flores e folhas
Tecidas em renda.
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Nas folhas do outono
A aranha tece o seu sonho
Viajar para Paris
Foi sempre tudo
O que ela mais quis.
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No bailar das ondas
Meus pensamentos
Vem e vão,
Mas não em vão.
Nas reticências do teu olhar
Saboreio devagar
O doce encontro
Dos nossos corpos.
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O teu abraço
Desatou minhas asas
Tão feliz,
Como quem volta pra casa
No azul,
Minh'alma envolvi.
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Quanto mais
Em mim mergulho
Mais descubro
Você em mim.
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Rimam nossos lábios
Em estalados beijos
Bebo da tua água
Sem me cansar
Comes do meu pão
Há tanto tempo
E o tempo só tempera
O nosso amar.
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Sonhando com o paraíso
Na paineira florida
Descanso o meu olhar.

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