quarta-feira, 13 de março de 2019

J. G. de Araújo Jorge (12 Trovas Marias)


1
A essa Maria que passa
minha oração já compus:
- Maria cheia de graça !
- Maria cheia de luz!

2
Deus pôs no céu três Marias
na mesma constelação,
e na noite de meus dias
mais três, no meu coração...

3
Há tantas Marias, tantas,
que quantas há eu nem sei. . .
Sei que há belas, feias, santas, . . .
...e a Maria que eu amei. . .

4
Há tantas Marias, tantas,
quantas são as aves no ar,
as nuvens no céu, e as plantas
na terra, e as ondas do mar...

5
Mar adoçado com mel,
dia de luz, claro dia,
misto de mar, terra e céu,
eis o teu nome: Maria.

6
Maria , nome tão doce
que nos sugere outro mar,
mar que salgado não fosse...
... doce até de pronunciar...

7
Maria Clara, Maria
dos Anjos, da Conceição...
E aquela que eu chamaria
Maria do coração. . .

8
Marias que não tem fim ...
. . . das Dores, do Ó, do Socorro . . .
A que diz morrer por mim
e a Maria por quem morro . . .

9
Ó Maria concebida
para ser o meu pecado...
Nos teu braços, minha vida
é um barco desarvorado.

10
Ó Marias . . . Repetidas
simbolizais a mulher,
se há sempre nas nossas vidas
uma Maria qualquer . . .

11
Ó Marias, que eu agora
junto na mesma quadrinha:
- Do céu, a Nossa Senhora,
- da Terra, a senhora minha...

12
Por duas Marias erra
meu viver de déu em déu:
- a que me perde na terra,
- a que me salva, no céu.

Fonte:
J.G. de Araujo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. vol. IV, 1965.


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