Elegia de uma alma errante
“Todo o organismo florestal profundo
É dor viva, trancada num disfarce
Vivem só, nele, os elementos broncos,
Das ambições que se fizeram troncos,
Porque nunca puderam realizar-se”
Augusto dos Anjos
Quem sou eu?
Uma alma obscura que vaga sem rumo pelas alamedas da escuridão...
Um ser infeliz, errando em meio a trevas em busca de algo que lhe devolva a paz...
Uma ínfima sombra agora...
Um anjo triste que chora, a procura de alguém que o possa consolar...
Um reflexo do que poderia ter sido e não foi...
Uma alma condenada a oferecer sua ausência aos que tanto ama...
Eu, meus amigos
Sou a desgraça
A solidão
A tristeza...
E – embora você possa se recusar a crer
Eu vivo em seu interior...
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Dissipação
Estas palavras existirão plenas
Por um segundo apenas
Contendo a significância efêmera
Enquanto alguma alma solitária estiver a ler...
Permanecendo pelo resto do tempo
O esboço de um risco no espaço
Traçado por signos em dissipação
O lido antes já evaporou
Espalhando sua obscura nebulosa
Por entre as angústias da mente que os decifrou...
O escrito existe apenas quando lido
As palavras, nem isso
Com exceção de vagas marcas
(profundas, às vezes)
Desaparecem no ar, carregadas pelo vento
Palavras: pronunciadas ou escritas
Se escrevem, são ditas
Passam por mentes, dissipam-se
E são depois esquecidas.
Fonte:
http://albusanguis.spaces.live.com/
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