Aldeia de Aveloso, freguesia de Tendais
Este conto, incluído na coletânea intitulada “Mulheres da Beira” (publicada pela primeira vez em 1888), tem como cenário principal a aldeia de Aveloso, da freguesia de Tendais. É uma viagem por vários planos e espaços: o de uma certa consciência social que o autor quis argumentar através das personagens que criou, o de uma imagem da serra grandiosa e estéril, subitamente acordada e atordoada pela chegada dos gados transumantes, fenômeno hoje extinto. A imagem de uma aldeia sombria, triste e pobre, onde os senhores da Casa Grande deixavam entrever o modelo de poder que Botelho repudiava para o País, e a súbita chegada dos gados com enfeites multicores vindos cordilheira da Estrela, deve ter suscitado no autor uma profunda impressão, pela forma como se demora na descrição minuciosa dos pormenores, deixando de fora, com certeza propositadamente, a descrição do Cortejo e da Família Real entrando em Lamego.
Por isso, o seu espírito realista e positivista transformou o que poderia ser apenas mais uma novela social num impressionante documento histórico e uma miscelânea de apontamentos geográficos e etnográficos. Conhecedor, e com certeza frequentador dos caminhos da região (Botelho casara com uma senhora da nobreza de Cinfães tendo permanecido algum tempo em Arouca onde fizera prospecções geográficas a serviço do Exército), o escritor relatou minuciosamente vários percursos todos longe da ficção, dos quais se destaca o de Lamego a Aveloso, espinha dorsal da acção, e que atravessa o maciço de Montemuro. Impensável, pois, que A. Botelho nunca houvesse calculado os planos que descreve, os picos e planaltos da serra, ou apenas o tivesse feito uma única vez.
As suas anotações de locais, como a Alagoa de D. João, o Talegre, a enumeração que faz de pontos de orientação e as distâncias que parece conhecer de forma precisa (como as léguas que separam Aveloso de Tendais) fazem de “A Fritada” quase um estudo minucioso das relações sociais e de espaço privilegiados dos viajantes pela serra
Fonte:
Nuno Resende. http://montemuro.wordpress.com/
Por isso, o seu espírito realista e positivista transformou o que poderia ser apenas mais uma novela social num impressionante documento histórico e uma miscelânea de apontamentos geográficos e etnográficos. Conhecedor, e com certeza frequentador dos caminhos da região (Botelho casara com uma senhora da nobreza de Cinfães tendo permanecido algum tempo em Arouca onde fizera prospecções geográficas a serviço do Exército), o escritor relatou minuciosamente vários percursos todos longe da ficção, dos quais se destaca o de Lamego a Aveloso, espinha dorsal da acção, e que atravessa o maciço de Montemuro. Impensável, pois, que A. Botelho nunca houvesse calculado os planos que descreve, os picos e planaltos da serra, ou apenas o tivesse feito uma única vez.
As suas anotações de locais, como a Alagoa de D. João, o Talegre, a enumeração que faz de pontos de orientação e as distâncias que parece conhecer de forma precisa (como as léguas que separam Aveloso de Tendais) fazem de “A Fritada” quase um estudo minucioso das relações sociais e de espaço privilegiados dos viajantes pela serra
Fonte:
Nuno Resende. http://montemuro.wordpress.com/
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