I
Gosto destas montanhas verdes, revestidas
com o tapete felpudo das matas fechadas,
estampadas no roxo e amarelo, estampadas
de acácias e quaresmas, em buquês, floridas.
Gosto destas montanhas azuis, musicadas
pelas águas que rolam frias, esquecidas,
sussurrando cantigas infantis, perdidas
por entre os tinhorões e as sombras das ramadas.
Montanhas que parecem grandes ametistas
ou ondas gigantescas de um estranho oceano
espumantes e mais puro... e mais perto dos céus!
II
Diante destas montanhas, fiel, eu me prosterno,
sacerdote que sou da "Ordem da Natureza",
deslumbrado e submisso ante tanta beleza
na humildade do efêmero aos pés do que é eterno.
Diante delas me sinto insignificante e pequeno
como o córrego humilde a sangrar nas encostas
e a minha alma, impregnada de poeira e veneno
leve e pura se ajoelha, a rezar, de mãos postas.
São meu altar de fé, de amor, de sonho e paz,
modelando no espaço órgãos e castiçais
nos seus gestos de pedra e nas altas arestas
e sobre elas, o céu azul, descomunal,
é a cúpula sem fim de imensa catedral
onde Deus pontifica em luz e canta em festas!
Fonte:
J. G. de Araujo Jorge."Canto à Friburgo", 1961.
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