quarta-feira, 25 de abril de 2012

Esopo (Fábula 3: O Lobo e o Cordeiro)


Estava um lobo a beber água num rio, quando avistou um cordeiro que também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo. Mal viu o cordeiro, o lobo foi ter com ele.

"Que vem a ser isto, seu malandro ?", disse o lobo. "Que pretendes, turvando a água para que eu não possa bebê-la ?"

"Desculpa", replicou o cordeiro, "mas, como eu estava a beber mais abaixo, não pensei sujar a água onde tu estavas."

O lobo estava resolvido a brigar com o cordeiro.

"Pode ser", disse ele "mas há uns meses disseste mal de mim nas minhas costas, seu malvado."

"Não pode ser", disse o cordeiro."Há seis meses eu ainda nem sequer tinha nascido!"

"O quê?", disse o lobo. "Não tens vergonha? Toda a tua família sempre odiou a minha. Se não foste tu que disseste mal de mim, foi o teu pai!"

E, dizendo isto, o lobo saltou para cima do pobre cordeiro, despedaçou-o e comeu-o.

Moral da história

Os que são desprovidos de sentimentos humanos raramente darão ouvidos à voz da razão.
Quando o poder é dado à crueldade e à injustiça, é inútil argumentar contra eles, porque o
opressor achará sempre maneira de culpar a sua confiada vítima.


Fonte:
Fábulas de Esopo. Coleção Recontar. Ed. Escala, 2004.

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