quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lino Mendes (Pontos de Vista: Folclore, Cultura Tradicional)

Lino Mendes é de Montargil/Portugal
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Não obstante a UNESCO em 1989 ter definido o conceito de folclore, o respectivo entendimento não é o mesmo em todo o lado. Certo que cada país estará no direito de traçar as linhas do seu projecto cultural, mas torna-se necessário que se expliquem as coisas.

 Pessoalmente entendo que verdadeiramente identitário é o conceito que é regra no nosso país, onde como tradicional se devem entender os comportamentos, os usos, as vivências, os valores que qualquer grupo social, relevante culturalmente, utilizou durante o tempo suficiente para impor a marca local, independentemente da sua origem e natureza. Ora, e por exemplo, no Brasil, a tradicionalidade é entendida como uma continuidade através das gerações, onde os factos novos se inserem sem ruptura com o passado, e se constroem sobre esse passado. Mas o que me deixa confuso é  a afirmação de que para a elaboração da “Carta do Folclore Brasileiro” foram consideradas as Recomendações da UNESCO em 1989, quando os conceitos se enquadram e  Convenção de 2003.

É meu entendimento— atenção que não digo que é ou tem que ser assim, mas que é assim que eu o entendo, sendo bem vindas todas as achegas — que a CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL nada tem a ver com o Folclore ,que aliás a mesma UNESCO definiu em 1984. Tampouco define Património Imaterial, em que o folclore também  se integra ,fundamentalmente condiciona  as candidaturas ,pois nem todo o imaterial se pode candidatar, caso do folclore, pois logo na alínea 1 do Artº 2 da respectiva Convenção, é dito que para efeitos da mesma “o património cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é permanentemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio, da sua interação com a natureza e a sua história, proporcionando-lhes um sentimento de identidade e de continuidade, contribuindo assim para promover o respeito pela diversidade cultural e a criatividade humana”

Ora, e a terminar por hoje, com estes meus pontos de vista, o que pretendo é a clarificação das coisas e não impor a “minha verdade”, pois para além de ser um aprendiz compulsivo, “aprender” é para mim um prazer. Como um grande amigo me dizia recentemente, ”embora sem subserviência o folclore precisa de humildade”

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