O coelho e o sapo eram amigos.
Um dia resolveram os dois ir roubar marfim à Administração.
Depois do roubo, resolveram passar pela povoação do régulo para comemorar o feito e começaram a beber até não poderem mais.
Como toda a gente sabe, o sapo está sempre de boca aberta e a garganta a abanar. Quando o coelho viu aquilo, pensou logo numa forma de se livrar dele e ficar com o produto do roubo e começou a dizer em voz alta:
– "Então sapo, decides-te ou não a contar o que te sufoca a garganta?"
O régulo e os seus conselheiros disseram entre eles: "Nós sabemos que desapareceu o marfim da Administração. Vamos ficar atentos, o ladrão pode estar perto".
O coelho continuava:
– "Anda sapo, tens vergonha ou medo? Não disseste que não aguentavas mais? Não disseste que te bastava beber dois copos para te decidires? Então, sapo?"
O sapo estava atordoado, não sabia onde é que o coelho queria chegar.
O régulo mandou um auxiliar para perguntar:
– "Ei vocês, o que é que o sapo tem para contar?"
– "Nada, nada, senhor chefe", apressou-se a responder o sapo. Mas estava atrapalhado porque tinha bebido demais e trocava as palavras. Além disso, a presença do auxiliar do régulo metia-lhe medo por causa do roubo do marfim. O sapo olhou para o coelho como a pedir para ser ele a explicar o que se passava:
– "Anda coelho, tu és esperto, responde aqui ao senhor chefe".
O coelho disse:
– "Eu não posso dizer, o meu amigo pediu segredo... é melhor perguntar a ele próprio". E virando-se para o sapo:
– "Então, sapo, vais continuar com o problema entalado na garganta? Resolves ou não falar no roubo...".
O régulo, que já estava à espera disso, disse:
– "Eu já sabia que era o sapo quem tinha roubado o marfim do senhor Administrador. Vamos prendê-lo e levá-lo ao rei para ser julgado".
Só então é que o sapo percebeu que o coelho fizera tudo aquilo para se livrar dele e ficar com o marfim só para si.
Fonte:
Lourenço Joaquim da Costa Rosário. Contos moçambicanos do vale do Zambeze. Moçambique: Editora Texto/Leya, 2001.
Um dia resolveram os dois ir roubar marfim à Administração.
Depois do roubo, resolveram passar pela povoação do régulo para comemorar o feito e começaram a beber até não poderem mais.
Como toda a gente sabe, o sapo está sempre de boca aberta e a garganta a abanar. Quando o coelho viu aquilo, pensou logo numa forma de se livrar dele e ficar com o produto do roubo e começou a dizer em voz alta:
– "Então sapo, decides-te ou não a contar o que te sufoca a garganta?"
O régulo e os seus conselheiros disseram entre eles: "Nós sabemos que desapareceu o marfim da Administração. Vamos ficar atentos, o ladrão pode estar perto".
O coelho continuava:
– "Anda sapo, tens vergonha ou medo? Não disseste que não aguentavas mais? Não disseste que te bastava beber dois copos para te decidires? Então, sapo?"
O sapo estava atordoado, não sabia onde é que o coelho queria chegar.
O régulo mandou um auxiliar para perguntar:
– "Ei vocês, o que é que o sapo tem para contar?"
– "Nada, nada, senhor chefe", apressou-se a responder o sapo. Mas estava atrapalhado porque tinha bebido demais e trocava as palavras. Além disso, a presença do auxiliar do régulo metia-lhe medo por causa do roubo do marfim. O sapo olhou para o coelho como a pedir para ser ele a explicar o que se passava:
– "Anda coelho, tu és esperto, responde aqui ao senhor chefe".
O coelho disse:
– "Eu não posso dizer, o meu amigo pediu segredo... é melhor perguntar a ele próprio". E virando-se para o sapo:
– "Então, sapo, vais continuar com o problema entalado na garganta? Resolves ou não falar no roubo...".
O régulo, que já estava à espera disso, disse:
– "Eu já sabia que era o sapo quem tinha roubado o marfim do senhor Administrador. Vamos prendê-lo e levá-lo ao rei para ser julgado".
Só então é que o sapo percebeu que o coelho fizera tudo aquilo para se livrar dele e ficar com o marfim só para si.
Fonte:
Lourenço Joaquim da Costa Rosário. Contos moçambicanos do vale do Zambeze. Moçambique: Editora Texto/Leya, 2001.
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