segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Paulo Cardozo Costa (Tributo à Natureza)

Tela de Baltazar Guimarães Silva (Zarico)/ MG
De oculta fonte provinda
Inaudita força portando
Instala-se no vácuo, abstrata,
Grandiosa missão programada
A criar o que não existia
Dando início a todas as coisas
Respeitando beleza e harmonia

Lançando as sementes da vida
Por todo o orbe, exultante,
Vibra de amor e desejo
De ver concluída a façanha
E com arrojadas medidas
Propagar-se obra tamanha
Nas formas já consentidas

Inicia-se, então, a tarefa
Povoa-se o espaço em aberto
Produz-se milhões de estrelas
Todo universo é coberto
Mantendo forma e textura
Seguindo as mesmas premissas
Variando só a moldura

Partindo das formas mais simples
Buscando o desenho perfeito
A perfeição é a meta
Do já traçado conceito:
Do pouco notado verme
Em marcha constante, correta,
Ao gigante paquiderme

No solo já preparado
A vida toma suas formas
Viceja tênue a gramínea
Sobeja o gigante carvalho
Povoando todo o recanto
Formosa e pujante verdura
Faz do solo seu manto

É grande a labuta, se sabe.
Mas grandiosa é sua missão
É obra que nunca termina
E que consolida a razão
Não há obra em segredo
Apenas se espera a ocasião
Pois não há nem tarde nem cedo

Traçados os paralelos
Do orbe em construção
Busca-se a parte mais bela
Obra prima da criação
E moldada é a espécie
Que vem coroar com orgulho
A tão sagrada missão

Fisicamente perfeito
Capaz de vencer qualquer travo
E executar qualquer feito
É sensível e um bravo
Movido por seu tirocínio
Dotado de força e razão
Já despreza qualquer patrocínio

E investe com galhardia
Sem consultar a razão
Pressupondo-se com autonomia
Para ditar os caminhos
Que o levem à consagração
Porém, os percalços à frente
O conduzem à meditação

A criadora que ao mundo
Tal criatura gerou
Sofre agora por seu feito
Não sabendo onde errou
De agonia é sua voz
Sua obra mais perfeita
É agora seu algoz

Calcada em seus estertores
Combalida e mal resistente
Suplica por atenção
Ainda no tempo presente
Pois apesar de sua pujança
Ante o que à frente vislumbra
Resta-lhe pouca esperança
==================
* Nascido em Alegrete, RS, no ano de 1935, mudando-se para Porto Alegre aos dois meses de idade. Em 1999 mudou-se para Canela, onde reside atualmente. É casado, tem dois filhos e quatro netos. O pai era mestre de música, com quem estudou, além de desenho e pintura. Quando adolescente fazia histórias em quadrinhos para vender. Aos l4 anos fundou com amigos um jornal que durou alguns meses. Colaborou em jornais escolares enquanto estudante. É formado em contabilidade e estudou ciências econômicas até o segundo ano. É aposentado da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Faz da Literatura, mais lendo que escrevendo, seu passatempo favorito.
Fonte:
http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=1386&class=04

Nenhum comentário: