No silêncio da casa ecoam lembranças, como sussurros de um passado que se recusa a se apagar. A mãe, com o olhar perdido na porta entreaberta, espera o retorno que nunca virá. O cheiro do seu filho ainda paira no ar, nas roupas que permanecem penduradas, nas risadas que agora são ecos distantes.
Cada canto da casa guarda uma história, um momento de alegria que a guerra transformou em dor. Ela se lembra do brilho nos olhos dele ao falar sobre seus sonhos, a coragem que o levou a lutar por um mundo melhor. Mas a realidade é cruel, e a batalha que ele enfrentou levou não apenas sua vida, mas também parte da alma da mãe que o gerou.
As noites são longas e frias, preenchidas por um lamento silencioso. A cama vazia a lembra do vazio que agora habita seu coração. Os amigos que voltaram trazem notícias sussurradas, mas nenhum consolo pode aliviar o peso da perda. Ela caminha entre as memórias, buscando a força para seguir, mesmo quando o mundo parece desmoronar.
Em meio à dor, a mãe encontra um fio de esperança. Nos sonhos, ele a visita, sorrindo como antes, e ela sente o calor de seu abraço. É na lembrança do amor que ele deixou que ela se agarra, transformando a tristeza em um tributo à vida que foi. A guerra pode ter levado seu filho, mas o amor que ela sente é eterno, um laço que a liga a ele, sempre.
E assim, com o coração partido, mas ainda pulsante, a mãe sente que o amor transcende a morte. Em cada lágrima, uma homenagem; em cada lembrança, uma celebração. E mesmo que a dor nunca desapareça, ela sabe que, em algum lugar, seu filho vive, em cada sorriso, em cada ato de coragem que floresce no mundo.
Fontes:
José Feldman. Gangorra do tempo. Maringá/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing
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