O celebrado estudioso Antonio Candido apresenta em seu texto “A personagem do romance” algumas maneiras de se perceber as minúcias que cercam a construção fictícias de diversos estilos e tipos de personagens. E como se dá isto? Em primeiro lugar, o professor apresenta a íntima relação entre enredo e personagens, uma vez que o primeiro existe somente em função do segundo e o segundo vivem diretamente do primeiro.
Nesta linha de raciocínio, Antonio Candido apresenta os três elementos centrais do desenvolvimento novelístico, os dois já citados, que exprimem a matéria da obra e a idéia, que exprime o significado. Como a comunhão entre as três formas é tão intrínseca, o resultado final só pode ser a combinação de maneira eficaz delas. Porém, a personagem é o elemento mais atuante e mais comunicativo enquanto a construção estrutural é a força do romance.
Após fazer estas considerações, o autor mergulha na comparação entre o ser vivo e o ser fictício. Acentuadas diferenças e essenciais semelhanças entre os dois podem ser notadas, o que é o ponto de apoio para a verossimilhança vital que depende o romance. Assim, quais seriam as diferenças e as semelhanças? Enquanto um ser vivo é fragmentado, misterioso, inesperado. O de ficção também pode ser assim, mas é o único que pode, de certa maneira, se apresentar completo, por inteiro, diferente do ser vivo. Isto depende exclusivamente de certos dados colocados pelo escritor na montagem racionalmente dirigida de sua personagem.
Ou seja, a sua combinação, a sua repetição, a sua evocação nos diversos contextos permite surgir a idéia completa e convincente da criação. Coisa que, na vida real, é absolutamente impossível. Isto torna a personagem mais lógica que o ser vivo.
Depois desta explanação sobre a comparação entres vida real e ficção, Antonio Candido revela duas das maneiras mais comuns de se criar uma personagem: o universo dos seres íntegros e delimitados (costumes, planas) ou o universo dos seres complicados, inesgotáveis (natureza, esféricas). O uso de cada tipo dependeria da proposta a se seguir. Os de costumes se baseiam mais propriamente na caricatura e funciona diretamente em textos que necessitem desta forma. Os de natureza precisam de suportes analíticos para funcionarem de maneira correta em um texto.
O professor também discute a relação de proximidade, de realidade entre romance e mundo. Quanto mais próximo à realidade, mais próximo do fracasso estará a obra, uma vez que ela depende exclusivamente do mundo interno criado pelo autor. Ou seja, o romance transfigura a vida. Desta maneira, algumas considerações sobre os tipos de personagens são possíveis. Alguns são frutos de transposição com relativa fidelidade, outras transpostas de modelos anteriores, ou construídas a partir de um modelo ideal, ou construídas em torno de um modelo ou vários modelos com um dominante ou até mesmo personagens criadas pela realidade, mas de tal maneira que as raízes deste ser real está praticamente desaparecida.
Com isto por base, chega-se ao ponto nevrálgico da questão – a coerência interna. Sem isto, qualquer caracterização fica seriamente comprometida, uma vez que o autor tem que ter em mente seus objetivos finais para se utilizar das várias possibilidades. E com isto, conclui-se que as personagens são convencionalizações, de exposição, são existências não totais, mas que se forjam desta maneira por serem fechadas e centradas no objetivo do enredo e da idéia.
Fonte:
http://www.speculum.art.br/module.php?a_id=511#
Nesta linha de raciocínio, Antonio Candido apresenta os três elementos centrais do desenvolvimento novelístico, os dois já citados, que exprimem a matéria da obra e a idéia, que exprime o significado. Como a comunhão entre as três formas é tão intrínseca, o resultado final só pode ser a combinação de maneira eficaz delas. Porém, a personagem é o elemento mais atuante e mais comunicativo enquanto a construção estrutural é a força do romance.
Após fazer estas considerações, o autor mergulha na comparação entre o ser vivo e o ser fictício. Acentuadas diferenças e essenciais semelhanças entre os dois podem ser notadas, o que é o ponto de apoio para a verossimilhança vital que depende o romance. Assim, quais seriam as diferenças e as semelhanças? Enquanto um ser vivo é fragmentado, misterioso, inesperado. O de ficção também pode ser assim, mas é o único que pode, de certa maneira, se apresentar completo, por inteiro, diferente do ser vivo. Isto depende exclusivamente de certos dados colocados pelo escritor na montagem racionalmente dirigida de sua personagem.
Ou seja, a sua combinação, a sua repetição, a sua evocação nos diversos contextos permite surgir a idéia completa e convincente da criação. Coisa que, na vida real, é absolutamente impossível. Isto torna a personagem mais lógica que o ser vivo.
Depois desta explanação sobre a comparação entres vida real e ficção, Antonio Candido revela duas das maneiras mais comuns de se criar uma personagem: o universo dos seres íntegros e delimitados (costumes, planas) ou o universo dos seres complicados, inesgotáveis (natureza, esféricas). O uso de cada tipo dependeria da proposta a se seguir. Os de costumes se baseiam mais propriamente na caricatura e funciona diretamente em textos que necessitem desta forma. Os de natureza precisam de suportes analíticos para funcionarem de maneira correta em um texto.
O professor também discute a relação de proximidade, de realidade entre romance e mundo. Quanto mais próximo à realidade, mais próximo do fracasso estará a obra, uma vez que ela depende exclusivamente do mundo interno criado pelo autor. Ou seja, o romance transfigura a vida. Desta maneira, algumas considerações sobre os tipos de personagens são possíveis. Alguns são frutos de transposição com relativa fidelidade, outras transpostas de modelos anteriores, ou construídas a partir de um modelo ideal, ou construídas em torno de um modelo ou vários modelos com um dominante ou até mesmo personagens criadas pela realidade, mas de tal maneira que as raízes deste ser real está praticamente desaparecida.
Com isto por base, chega-se ao ponto nevrálgico da questão – a coerência interna. Sem isto, qualquer caracterização fica seriamente comprometida, uma vez que o autor tem que ter em mente seus objetivos finais para se utilizar das várias possibilidades. E com isto, conclui-se que as personagens são convencionalizações, de exposição, são existências não totais, mas que se forjam desta maneira por serem fechadas e centradas no objetivo do enredo e da idéia.
Fonte:
http://www.speculum.art.br/module.php?a_id=511#
Nenhum comentário:
Postar um comentário