domingo, 17 de fevereiro de 2008

Opus Sewaybricker (Gaveta Mágica)

Havia alguma coisa diferente naquele quarto.
A porta era igual as outras, o tamanho também.
As paredes então... Iguais!
Tinha também uma janela pela qual eu não podia entrar, pois não era o vento,
Tão pouco o sol de Primavera.
Mas tinha, por certo, algo diferente naquele quarto...
Era o quarto de minha irmã.
Nesse cômodo da casa, havia um armário, uma cama sempre bem arrumada,
Uma escrivaninha para estudo e um gaveteiro.
Ai, ai... Aquele gaveteiro... Que tinha, entre outras, uma gaveta, onde nela
Tinha uma caixinha, e na caixinha...
Quando minha querida mana estava estudando, deixava-me mexer na gaveta.
Ela era mágica e muito me atraia... Era colorida, uma beleza, forrada de Tranqueirinhas, todas bem organizadas.
Nela tinha copinhos, papeis de bala, de bom-bom e chocolates dos mais diversos; cartinhas, palitos de sorvete, velhos bilhetes de cinema, algumas fotos. Lacinhos e fitas coloridas, nem se fala. Bibelôs vários, chaveiros, brinquedinhos, folhas e rosas secas bem guardadas em papel celofane. Medalhas de santinhos e de campeonato de vôlei. Tinha fotos de minha mãe...
Tinha, na caixinha, as jóias de minha mãe e as fotos de todos os meus irmãos.
Pequenos cachos de cabelo em envelopes de plástico, tudo perfumado com saches aromáticos.
Eu adorava tirar tudo do lugar... Brincar horas e horas com tudo aquilo...
Passou o tempo... Minha irmã cresceu, virou moça, se casou... E foi embora...
Não tinha mais Lúcia, nem cama arrumada com bonecas, nem gaveteiro...
Muito menos gavetas. Menos ainda, a gaveta mágica.
Mas; havia alguma coisa diferente naquele quarto.
E agora, depois de grande e quase sábio, descobri:
Naquele quarto, que era mágico, havia Lúcia e seu amor por mim.
Nele sentia-me seguro, em paz.
Aquela gaveta, que tanto fascinou os olhos de uma criança, agora entendo e sinto, era a gaveta das lembranças de minha irmã mais velha... Doces lembranças pois, lembranças ruins, não merecem lugar nenhum em gaveta alguma.
Hoje; minhas lembranças não guardo em uma gaveta. Guardo sim em um cofre chamado coração. E delas, dessas jóias, faço sempre meu inventário.
Em forma de letras, um poema, uma história ou crônica. Talvez não tão organizada como a mágica gaveta de minha irmã, que se foi para ser feliz, mas repleta de coloridas lembranças... Tesouros preciosos que só o tempo e a maturidade nos dá...
Mas, que tinha alguma coisa diferente naquele quarto...
Há, isso tinha...há tinha sim!!
29/08/07
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Sobre o Autor:
Luis Anto
nio Sewaybricker
Nasceu no inverno de 1964 em Sorocaba. Apaixonou-se pela Literatura ainda na escola e desde então fez da Poesia seu patrimônio literário maior acreditando que ela é vital para o aprimoramento social e construção de um mundo melhor. Bem casado, é pai de cinco filhos maravilhosos que são sua fonte de constante inspiração.Assina suas poesias e textos como ( Opus Sewaybricker ) .
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Fonte:
http://sorocult.com/

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