sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Machado de Assis (Resumo: Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Memórias Póstumas de Brás Cubas foi nosso primeiro romance realista e aquele que deu a Machado a chance de demonstrar, enfim, toda a sua genialidade. Trata-se de um Livro de memórias, mas póstumas. O autor é um defunto autor e conta-nos suas memórias depois de já ter sido roído pelos vermes. O ritmo da narração é lento, pois o autor, lá na eternidade, tem todo o tempo do mundo. Uma vez que ele já morreu, não precisa mais temer a repercussão de tudo o que vai dizer, pode ser absolutamente franco e sincero. Machado de Assis encontra, assim, uma posição segura e confortável para desmascarar a hipocrisia das relações sociais. Vejam alguns exemplos retirados do romance:

CRÍTICA AO ROMANTISMO

“Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicotes nas mãos e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, aonde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.” (cap.XIV)
Ou ainda:
“Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas.” (Cap. XXVII)

A VIDA
“Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirto que a franqueza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo. Porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá e não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do vexame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.” (cap.XXIV)

O AMOR
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos”. (Cap. XVII)
Ou ainda:
“Esse foi, cuido eu, o ponto máximo do nosso amor, o cimo da montanha, donde por algum tempo divisamos os vales de leste e oeste, e por cima de nós o céu tranqüilo e azul. Repousado nesse tempo, começamos a descer a encosta, com as mãos presas ou soltas, mas a descer, a descer...” (Cap. LXXXV)

O NEGATIVISMO
“Somadas umas coisas a outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque, ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: _ Não tive filhos, não transmitir a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.” (Cap. CLX)

Sobre os personagens, vamos destacar duas mulheres, importantes na vida de Brás Cubas: Marcela e Virgília, e um grande amigo: Quincas Borba. Marcela foi uma amante gananciosa, queria tudo. Brás Cubas foi enviado a Europa, a pretexto de estudar, para que se livrasse dela. Virgília, namorada de Brás Cubas, casou-se com outro e só mais tarde tornou-se sua amante.

Fonte:
http://www.resumosdelivros.com.br/

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