sábado, 9 de fevereiro de 2008

Armando Oliveira Lima (Diálogos Imaginários...)

Pai, a sabedoria é fruto da velhice?
- A sabedoria, filho, é fruto da experiência, do viver intenso. Se deseja chegar à sabedoria, viva! Intensamente.

Pai, você tinha, como eu, inveja do seu pai? Vejo-o falando dele amiudadamente sempre com carinho e admiração.
- Tinha filho. Não tenho mais. Aprendi que cada vez que queria ser ele, deixava de ser eu mesmo. Quando era eu mesmo me parecia com ele.

Pai, o que você sente ao ver uma árvore florida?
- Sinto, filho, o divino prazer de dar flores multicoloridas e produzir frutos sazonais.

Pai, o que é poetar?
- Poetar, filho não é ato vão. Poetar é fazer a limpeza no nosso próprio porão.

Pai, às vezes tenho imensa vontade de morrer. E só tenho quinze anos ...
- Pois eu, filho, tenho imensa vontade de viver. E só tenho sessenta e quatro anos...

Pai, como você se comportaria se eu, nos meus quinze anos, lhe dissesse que um dia tive uma experiência sexual?
- Não sei, filha. É difícil prever comportamentos futuros, trabalhar sob hipóteses. O que sei é que felicidade se transmite, às vezes, pela vida sexual. A tragédia também. Portanto é preciso cuidar-se.

Pai, responda: você traiu mamãe alguma vez?
- Ô, filho! Isso é pergunta que se faça?
- Fique tranqüilo, velho. É segredo nosso...

Pai, você me ama?
- Muito.
- Mas não demonstra, né?
- Você é que não percebe, filha.

Pai, meu chefe não gosta de mim. Ele me persegue. O que posso fazer?
- Nada, se não olhar fundo nos olhos dele, sem rancor. Será o bastante. A linguagem dos olhos, como a lixívia, lava. As almas.

Pai, meu grande sonho é ser alguém amanhã.
- Filho, pessoa alguma será alguma será alguém no futuro senão a partir de considerar-se alguém agora. O futuro é hoje!

(Partes do trecho total)

Fonte:
http://www.sorocult.com/

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