segunda-feira, 23 de junho de 2008

Antoine de Saint-Exupéry (1900 - 1944)

“Vou confiar-te o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”

Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry terceiro filho do conde Jean Saint-Exupéry e da condessa Marie Foscolombe veio ao mundo em Lyon, França, em 29 de Junho de 1900, e desapareceu em 31 de Julho de 1944, no Mediterrâneo.

Com a prematura morte de seu pai, monsieur Jean de Saint-Exupéry, Antoine foi ter uma infância feliz ao lado da mãe, dos três irmãos e da tutora austríaca Paula no velho castelo da tia avó materna, Madame de Tricaud, em Saint-Maurice de Rémens.

Neste tempo, o melhor amigo de Antoine era um velho fogão... aos 12 anos já escrevia versos como este em louvor das máquinas de voar "Les ailes frémissaint sous le souffle du soir" (Asas fremiam à brisa do crepúsculo).

Apaixonado desde a infância pela mecânica, estudou a princípio no colégio jesuíta de Notre-Dame de Saint-Corix, em Mans, de 1909 a 1914. Neste ano da Primeira Guerra Mundial, juntamente com seu irmão François, transfere-se para o colégio dos Maristas, em Friburgo, na Suíça, onde permanece até 1917. Quatro anos mais tarde, em abril de 1921, Antoine inicia o serviço militar no 2º Regimento de Aviação de Estrasburgo, tinha dificuldades de se ajustar à disciplina da realidade; entregando-se a devaneios, fazia poesias, sonhava acordado, foi reprovado nos exames para admissão da Escola Naval.

Após a doce infância, a dura realidade de sua juventude contrastaria com o conto de fadas vivido em Saint-Maurice.

Nessa época, seus colegas de juventude descreviam Antoine como um “jovem tímido e introspectivo, e com tendência a súbitas mudanças de humor, transformando-se, rapidamente, de uma pessoa cheia de vida a uma atitude calada; pouco sociável e indócil, sofria, porque queria ser amado.”

Falhara irremediavelmente no concurso para ingresso na escola naval, porque ultrapassara a idade limite; então, foi estudar arquitetura. Foi um período “sociável” de Antoine, mas uma época insípida, porque, embora gostasse de desenhar, não estava feliz com os estudos de arquitetura. Quando Antoine foi convocado para servir no Segundo Regimento da Força Aérea, em 02 de Abril de 1921, ele sentiu a chance de encontrar o seu verdadeiro caminho: A aviação.

A paixão de Antoine por aviação era antiga; nos tempos de infância, próximo ao castelo de Saint-Maurice, havia uma pista de aviação, na qual ele sempre espionava o vem-e-vai de pilotos e mecânicos, admirando-lhes a dedicação ao novel meio de transporte e o clima de camaradagem entre eles.

Em um dia do ano de 1912, um famoso piloto, Vedrines, levou Antoine para um passeio de avião. Este dia tornou-se inesquecível para Antoine, que descobriu que tinha alma de piloto de avião; sua bicicleta, ele transformou em um “avião”, fixando nela um par de asas...

Mas, no Segundo Regimento da Força Aérea de Strasbourg, Antoine logo se desiludiu: Eles não o haviam convocado para o pessoal de vôo, e sim como assistente de serviços de terra. Nesta ocasião, deprimido, como de costume, ele revelou sua tristeza a sua mãe, em uma carta:

À noite, sinto-me um pouco triste. Venha algum dia a Strasbourg. Sinto-me um tanto sufocado neste lugar. Eu estou sem perspectivas. Eu preciso me dedicar a algo que eu goste. Mãe, se você soubesse o quanto é irresistível o meu desejo de voar! Se eu não conseguir meu objetivo, eu serei muito infeliz... Mas eu vou conseguir” (1921)

A 17 de junho, obtém em Rabat,para onde fora mandado, o brevê de piloto civil. No ano seguinte, 1922, já é piloto militar brevetado, com o posto de subtenente da reserva. Em 1926, recomendado por amigo, o Abade Sudour,é admitido na Sociedade Latécoère de Aviação, onde começa então sua carreira como piloto de linha, voando entre Toulouse, Casablanca e Dacar, na mesma equipe dos pioneiros Vacher, Mermoz, Guillaumet e outros.

A falta de recursos para estudar aviação, tendo de se socorrer, constantemente, da generosidade da mãe, talvez, explique a ansiedade de Antoine, a impaciência e os conseqüentes acidentes em que se envolvia.

Definitivamente, Antoine não era um homem de sorte: Sem dinheiro, sem trabalho e moralmente abatido pelo último acidente que o fez perder tudo... Então, longos meses de amargura vieram.

Durante um tempo, quando recuperou-se dos ossos quebrados, foi trabalhar contando telhas; sentia-se prisioneiro entre as quatro paredes do escritório de quatro metros quadrado, atrás das barras de intermináveis colunas de números.

Em 1923, Antoine se descrevia, em cartas a sua mãe, como um patético, vivendo uma situação desprezível e desalentadora. Sua vida era dividida entre o escritório e o quarto de hotel onde vivia. Sua alegria era pilotar, aos finais de semana, quando tinha dinheiro para tanto... Então, seu entusiasmo não tinha limites:

Mãe, Domingo eu fui dar uma volta de avião. Tive um bom vôo. Eu adoro voar. Você não pode imaginar a calma e a solidão que se encontra a 4.000 metros de altitude, sozinho com o motor.”

Em 1924, um novo emprego: Representante de vendas de caminhão; então, viajava o tempo todo para muitos lugares, mas, em quinze meses, vendeu apenas um caminhão... Através de uma parente distante, Antoine conheceu Jean Prevost, o qual publicou alguns de seus escritos na edição de Abril (1926) da revista “Navire d’argent”. O Piloto, era a estória de um instrutor de vôo que, como ele, tinha depressão quando abandonava seu avião. O Piloto foi um sucesso. Nesta ocasião, conheceu Beppo de Massimi, um dos idealizadores da Companhia Aérea Latdcoe’re, que o apresentou ao inflexível e perspicaz Didier Daurant.

Antoine queria ser piloto da empresa e teve sucesso na entrevista com Daurant que, no entanto, mandou Antoine para o galpão de mecânica primeiro, como fazia com todos que queriam ser pilotos.

Alguns meses mais tarde, Antoine já voava entre Toulouse-Rabat; depois, Dakar-Casablanca, num perigosíssimo percurso de 2.765 quilômetros sobre território africano. Realizado, escreveu a sua mãe, em 1926: “Estou bem e feliz”.

Em 1927, Didier Daurant designou Antoine para assumir uma base da empresa em Cape Juby, entre Casablanca e Dakar, cuja missão seria a de resgatar pilotos franceses civis que caíssem no deserto, os quais não podiam contar com o auxílio das forças espanholas em território dissidente; muitos pilotos tinham tido suas gargantas cortadas no deserto e Daurant precisava de alguém que tivesse diplomacia para lidar com os militares espanhóis, a fim de obter permissão para construção de uma pista de pouso no deserto; ainda, tinha que ser um homem corajoso e disposto a voar, a qualquer hora, para resgatar seus companheiros que caíssem no deserto do Saara. De fato, ninguém mais apropriado para tal missão que “Saint-Ex”.

Porém, Antoine viveu ali um fim de mundo, solidão, silêncio e isolamento, cercado pelo mar de um lado e pelo deserto do outro, precariamente instalado em uma barraca que repartia com o mecânico “Toto”, dormindo em um colchão fino, com uma jarra de água e bacia de lavar o rosto, com sua máquina de escrever e alguns papéis timbrados da empresa. Antoine conquistou a confiança dos militares espanhóis e, ainda, através das crianças, a amizade dos árabes, com os quais podia contar para resgatar pilotos que caíam no deserto. Nestes tempos, escreveu seu primeiro livro, Southern Mail, sobre uma tábua apoiada em dois barris. Depois de dezoito meses em Cape July, a missão de Antoine fora ali mais do que cumprida e, como resultado de seu esforço, foi condecorado. Quando chefiou o posto de Cap Juby,que os mouros lhe deram o cognome de senhor das areias.

Em seguida, Didier designou Antoine, em Outubro de 1929, como gerente chefe da companhia Aeroposta-Argentina, com a missão de abrir novos caminhos para a companhia na costa da América Latina; mesmo ganhando 225 mil francos por ano, Antoine não se sentia completamente feliz.

Todavia, foi neste período em que escreveu seu segundo livro, Night Flight, que fez um sucesso fabuloso entre o público. Mas, seus amigos o reprovaram, acusando Antoine de haver distorcido a verdadeira realidade existente na vida dramática dos pilotos que faziam os vôos noturnos.

Em 1931, Antoine casou-se com Consuelo Suncin. A Aeroposta Argentina entrou em declínio e Antoine foi demitido, voltou ao posto de simples piloto, fazendo os vôos noturnos entre Casablanca e Dakar. Porém, o governo francês transformou todas as empresas aéreas em apenas uma, a Air France, e Antoine voltou a estaca zero, com um trabalho apático de piloto de teste na companhia Latecoere, em 1932. Antoine é um péssimo piloto de testes e é obrigado a desistir deste trabalho. Em 1935, passa a viajar pela França e no exterior pelo departamento de propaganda da Air France. Então, começa a escrever artigos para o jornal “Paris Soir”; seus artigos fazem sucesso, sua situação financeira melhora e ele compra seu avião, o “Simoun”.

Ao comprar o “Simoun”, um de seus projetos era bater o recorde de velocidade entre Paris e Saigon. Em 29 Dezembro de 1935, Antoine e seu mecânico Prevot caíram no deserto, onde passaram cinco dias morrendo de sede, tendo miragens e quase morreram, quando, então, foram resgatados por beduínos. Esta experiência serviu de pano de fundo para o Pequeno Príncipe.

Apesar de ter quase morrido no deserto, Antoine não perdera a coragem, nem a fascinação pelo perigo. Ia levando a vida exercendo o jornalismo. Pelo jornal “O Intransigente”, foi enviado à Barcelona para acompanhar a guerra civil, onde Antoine passou pela amarga experiência de presenciar atrocidades.

Passados já alguns anos da fracassada aventura Paris-Saigon, Antoine estava pronto para outra: Uma corrida aérea entre Nova Ioque e Tierra del Fuego; ao decolar de uma pista na Guatemala, houve um sério acidente: Antoine teve traumatismo craniano, quase perdeu o ombro esquerdo e permaneceu em coma por vários dias em Nova Iorque. Demorou muitos meses para que Antoine se recuperasse e, durante este período, ele escreveu um novo livro, Wind, Sand and Stars, um livro de memórias sobre seus dez anos de pilotagem e velhos amigos dos tempos da rota Toulouse-Dakar, os pilotos Mermoz e Guillaumet. Em Maio de 1939, recebe o Grande Prêmio da Academia francesa. Quatro meses depois, eclodia a Segunda Grande Guerra.

Neste tempo, Antoine é capitão da reserva da Força Aérea de Toulouse. Mas, sua idade (39 anos) e seu estado de saúde (ombro semi-paralítico) o impedem de realizar missões aéreas. Porém, Antoine não se conformou com a idéia de ficar na reserva, e passou a envidar todos os esforços para poder participar de missões aéreas durante a guerra. Tanto se esforçou que convenceu o General Davet que, por sua vez, convenceu seus superiores de que, na força aérea, o que importa “não é a condição física do coração, mas sua dedicação.”

Assim, em 03 de Novembro de 1939, foi designado para o esquadrão de reconhecimento em Orconte, na província de Champagne. As experiências em Orconte, Antoine descreveria em Flight to Arras.

Em 22 de Junho de 1940, a França assinou um armistício de derrota e Antoine, sentindo-se extremamente humilhado, abandonou seu país, partindo para Nova Iorque. A França estava sob o jugo do domínio alemão e, por isso, o livro Flight to Arras, lido por um grande público americano, teve sua distribuição proibida pelos alemães na França.

Antoine permaneceu por dois anos nos Estados Unidos, correspondendo-se, por carta, com o jornalista Léon Werth, um amigo que vivia na França ocupada pelos alemães. Estas cartas foram publicadas em Fevereiro de 1943 e, em Abril do mesmo ano, foi publicado o Pequeno Príncipe, que recebeu um fria recepção do público. Ninguém poderia imaginar que, da literatura de Antoine, seria produzido um livro como o Pequeno Príncipe, que se constituía de uma curta história para crianças, onde os animais falavam. Era inimaginável, para muitos, que um homem de ação, e com o perfil de um herói como Antoine, pudesse escrever histórias para crianças.

Todos que conheceram Antoine sabem que, sempre que tinha qualquer pedaço de papel às mãos, fosse um guardanapo de restaurante ou um papel de carta, ele desenhava crianças. Questionado, certa vez, pelo seu editor, nos Estados Unidos, Curtice Hitchcock, o que desenhava, ele respondeu: “Nada demais, apenas a criança que existe no meu coração”, ao que o editor lhe replicou que ele deveria escrever a história daquela criança em um livro de crianças. Daí, talvez, haver nascido o livro Pequeno Príncipe, cujos desenhos foram feitos pelo próprio Antoine, sem a ajuda de profissionais, de modo que as ilustrações pudessem ter a mesma simplicidade e a mesma doçura do caráter daquela curta história.

O Pequeno Príncipe foi, ao mesmo tempo, o mais simples e o mais profundo livro escrito por Antoine; superficialmente, é uma pequena história para crianças, mas, na realidade, é a história de uma criança escrita para os adultos. O Pequeno Príncipe foi “a criança que vivia dentro de Antoine, que o emocionava e o guiava, a criança que o fazia levantar nos momentos cruciais de sua vida, que o prevenia de tomar decisões estúpidas como muitos adultos que acreditam em números, em demonstrações, na seriedade da lógica mais do que na seriedade do coração”.

Em 1942, os Estados Unidos decidem entrar na Grande Guerra e desembarcam no Norte da África; após publicar o Pequeno Príncipe, Antoine segue para Algiers para se juntar a seus companheiros, sob o comando americano, no esquadrão 2/33.

Os americanos equipam o esquadrão com aeronaves Lightning P-38, que alcançam velocidades de até 700 Km/h; para pilotá-las, não podem os pilotos ter mais de 35 anos; aos 43 anos e com um ombro paralisado, Antoine seria excluído da pilotagem, mas, graças às suas amizades influentes, obtém autorização para pilotar os Lightning P-38.

Depois dos 40 anos queria continuar voando em missões de guerra, numa idade que já era excessiva para tal tarefa. Tentou durante vários meses, até que no final conseguiu retornar a sua esquadrilha de reconhecimento. Além das razões patrióticas, havia outra de muita importância pessoal: continuar desfrutando do vôo.

Não suportava os trabalhos administrativos e burocráticos, se bem que teria exercido um papel mais útil se os aceitasse, tendo em vista suas relações e influência. Não obstante, usou essas mesmas relações para obter a autorização de vôo, após vários meses de negativas por parte do comando aliado. A partir daí começa a ter lugar uma seqüência de fatos que acabaram por levar Saint-Exúpery ao desenlace fatal, em 31 de julho de 1944, quando desapareceu junto com seu avião.

Em 6 de junho decolou em sua primeira missão, que era fotografar vários objetivos simples na região da Marselha; um incêndio em seu motor esquerdo obrigou-o a voltar antes de chegar à zona do objetivo.

A segunda missão foi em 15 de junho, e quase desmaiou quando o regulador de oxigênio apresentou um defeito. Em 24 de junho aterrissou pensando que tudo ia bem, quando notou que não conseguia parar uma das hélices e que um único motor fazia todo o trabalho. Como diz Curtis Cate, seu biógrafo, "era um exemplo dessa distração que fazia sacudir a cabeça de seus camaradas". Sua idade e condições físicas são incompatíveis para a pilotagem dos P-38; Antoine é cortado do esquadrão.

Em 29 de junho de 1944, dia de seu aniversário, a missão em pauta era fotografar a região do lago de Annecy, à qual associava profundas e numerosas lembranças de infância. O turno cabia a outro piloto, mas ele suplicou que trocassem, quase como um presente de aniversário, para voltar a percorrer aquela região de tantas lembranças. Logo depois de decolar, perdeu um motor; sabia-se assim alvo fácil para um caça alemão, razão pela qual fez um desvio para os Alpes, onde havia menos bases inimigas e ele teria a possibilidade de mergulhar num vale se visse um caça à distância. Abaixo de seu avião, as montanhas se transformavam pouco a pouco em bases de encostas e colinas. De repente, descobre uma planície, nela uma grande cidade, e ao redor numerosas pistas de aviação. Em sua traseira aparece um caça: "Enfio a cabeça na cabine e espero. Meu pobre Antoine, desta vez estás acabado. Uma última lembrança, todos os que me esperam esta tarde, vigiando o horizonte... mas por que demora tanto a morte?". O caça o tomara por um amigo. "Reconheço Gênova e ao mesmo tempo volto a ver as muitas bandeirolas cravadas sobre esta cidade; é uma cidade muito protegida".

Em carta que escreveu a seu amigo Pellissier diz: "Exerço uma estranha profissão para minha idade. O mais velho, depois de mim, tem seis anos menos do que eu. Mas prefiro esta vida: o café da manhã às 7 horas, a comida, a tenda de campanha ou o quarto pintado de cal, em seguida, 10.000 metros de altitude em um universo inédito: é melhor que o ócio atroz de Argel" (lugar onde se refugiara quando da queda da França ante os alemães) "Para mim é impossível descansar e trabalhar na provisoriedade do limbo. Ali me falta o sentido social. Mas escolhi o gasto máximo e, como sempre, terei que ir até o extremo de mim mesmo, e não retrocederei. Desejo que esta sinistra guerra termine antes que me tenha extinguido por completo, como uma vela em combustão. Tenho outro trabalho para fazer mais adiante".

Além destes fatos, houve outros que puseram em perigo sua vida, todos relacionados com esquecimentos e distrações. Dizia simplesmente, "terminarei como meus amigos" (fazendo referência ao fato de que era o último que restava de seus velhos camaradas da AeroPostale). Em uma despedida disse: "estou seguro que não voltarei a vê-la".

Por oito meses, Antoine usa de todos os recursos para convencer pessoas influentes a ajudá-lo a retornar às missões de vôo; passa por períodos de depressão, ao mesmo tempo em que dá continuidade ao livro The Wisdom of the sands, publicado após a sua morte.

Finalmente, o Coronel Chassin, que conhecia Antoine por muitos anos, consegue convencer o General americano Eaker a deixar Antoine reintegrar-se ao esquadrão aéreo, desta vez, na Sardinia, sob a condição de que não faria mais do cinco missões de reconhecimento; contudo, estas cinco missões se transformaram em oito, porque Antoine sempre se oferecia para as missões subseqüentes.

No dia 31 de Julho de 1944, às quinze para as nove da manhã, Antoine saiu em sua nona missão, com o objetivo de fotografar Grenoble e Annecy. Uma e meia da tarde, Antoine não tinha voltado, quando ainda lhe restava apenas mais uma hora de combustível. Às duas e meia da tarde, seus companheiros suspeitaram que o pior havia acontecido.

Em 1998, um pescador (Habib Benamor) encontrou na rede que lançara ao fundo do mar uma pulseira que pertencera Exupéry.

Cinco anos antes (1993), o banco central francês lançou uma nota de cinqüenta francos com o seu retrato ao lado do Pequeno Príncipe.

Intensas pesquisas no fundo do mar próximo à Ilha de Riou foram envidadas pelo engenheiro e especialista na exploração de naufrágios Henri-Germain Delauze. O mergulhador profissional Luc Vanrell, que havia fotografado escombros metálicos naquela região (em 1982), passou a mergulhar naquela área do mar em busca de restos do avião de Exupéry, um P.38 F-5B da série J.

O DRASSM (departamento de arqueologia submarina do Ministério da Cultura francês) autorizou em 2003 uma pesquisa formal nos destroços encontrados pelos exploradores. Delauze e Vanrell passaram a trabalhar juntos. 10% da aeronave foi resgatada (uma peça de alumínio da fuselagem, um turbocompressor, componentes hidráulicos e elétricos). Philippe Castellano, historiador amador e mergulhador, foi chamado para ajudar na identificação das peças içadas à superfície pelo barco Minibex. Entre elas, Castellano encontrou o número 2734 gravado. Estava confirmado: Aquele avião era o de Exupéry...

Teria Exupéry escondido no fundo do mar o seu avião e viajado para o asteróide B 612 para juntar-se ao seu pequeno príncipe?

Uma carta foi encontrada no quarto de Exupéry. Estava endereçada ao General, a qual dizia em resumo:

Eu não me importo se eu morrer na guerra, ou se eu me transformar em alvo destes torpedos voadores, os quais nada têm de verdadeiramente voadores, e que transformam o piloto em um contador por meio de indicadores e botões. Mas, seu eu voltar vivo desta ingrata, mas necessária “tarefa”, haverá apenas uma questão para mim: O que se pode dizer à humanidade? O que se tem que dizer à humanidade?”

Suas Obras

Suas obras foram caracterizadas por alguns elementos em comum, como a aviação, a guerra. Também escreveu artigos para várias revistas e jornais da França e outros países, sobre muitos assuntos, como a guerra civil espanhola e a ocupação alemã da França.

No entanto, deve-se dar uma atenção a este último, O pequeno príncipe (O Principezinho, em Portugal) (1943), romance de maior sucesso de Saint-Exupéry. Foi escrito durante o exílio nos Estados Unidos, quando fez visitas ao Recife. E para muitos era difícil imaginar que um livro assim pudesse ter sido escrito por um homem como ele.

O pequeno príncipe é uma obra aparentemente simples, mas, apenas aparentemente. É profunda e contém todo o pensamento e a "filosofia" de Saint-Exupéry. Apresenta personagens plenos de simbolismos: o rei, o contador, o geógrafo, a raposa, a rosa, o adulto solitário e a serpente, entre outros. O pequeno príncipe vivia sozinho num planeta do tamanho de uma casa que tinha três vulcões, dois ativos e um extinto. Tinha também uma flor, uma formosa flor de grande beleza e igual orgulho. Foi o orgulho da rosa que arruinou a tranqüilidade do mundo do pequeno príncipe e o levou a começar uma viagem que o trouxe finalmente à Terra, onde encontrou diversos personagens a partir dos quais conseguiu descobrir o segredo do que é realmente importante na vida.

É uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão. Nós nos entregamos a nossas preocupações diárias, nos tornamos adultos de forma definitiva e esquecemos a criança que fomos.

Principais Obras
O aviador (1926);
Correio do Sul (1928);
Vôo Noturno (1931);
Terra de Homens (1939);
Piloto de Guerra (1942);
O Principezinho (pt) (1943).
Cidadela (1948)-
Cartas ao Pequeno Príncipe


Fontes
http://www.edmundolellisfilho.com/
http://pt.wikipedia.org/
Constelar on Line Edição 108 :: Junho/2007. http://www.constelar.com.br/

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