sexta-feira, 27 de junho de 2008

William Shakespeare (Hamlet)

A Tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca é uma tragédia escrita por William Shakespeare numa data não confirmada entre 1600 e 1602. Uma primeira versão da história teria sido escrita entre 1587 e 1589[1], mas o registro desse texto se perdeu. A versão da tragédia que conhecemos foi terminada entre 1600 e 1602 e publicada pela primeira vez em 1603. Hamlet é a peça mais longa de Shakespeare.

A peça conta o sofrimento de Hamlet ao descobrir que o tio matou seu pai e casou-se com a mãe para obter o trono da Dinamarca, ameaçado pelo reino da Noruega. Nela estão alguns dos diálogos e frases mais célebres de Shakespeare como: "Ser ou não ser, eis a questão", "Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a sua filosofia" e "O resto é silêncio".

Descrição dos personagens principais

Principe Hamlet, o personagem título, é filho do rei da Dinamarca, que também se chama Hamlet. Ele é um estudante na escola de Wittenberg. Ele é encarregado pelo fantasma de seu pai para vingar seu assassinato. Hamlet finalmente o faz, mas somente após o resto da família real ter sido liquidada e ele mesmo ter sido mortalmente ferido com um florete envenenado por Laertes no fim da peça.

Cláudio é o rei reinante da Dinamarca, tio de Hamlet, que sucede para o trono após a morte de seu irmão. O fantasma do Rei Hamlet conta ao Príncipe Hamlet que ele foi assassinado por seu irmão Cláudio, que derramou veneno em seu ouvido enquanto dormia. Cláudio é morto com um florete envenenado por Hamlet. Cláudio acidentalmente mata Gertrudes, sua esposa e mãe de Hamlet, com um drinque envenenado que ele na verdade tinha planejado para Hamlet no final da peça.

Rei Hamlet (referente às ações do Fantasma) é o pai de Hamlet. Do começo da peça, não faz muito tempo sua morte. Ele aparece para Hamlet como um fantasma procurando vingança por seu assassinato por envenenamento pelas mãos de seu irmão, Cláudio. Hamlet questiona a controvérsia que o espírito seja realmente o fantasma do Rei Hamlet ou, na verdade, um malicioso demônio disfarçado. Ele não consegue achar uma resposta definitiva até "O Assassinato de Gonzago" ser interpretado por atores.

Gertrudes é a mãe de Hamlet. Após a morte do Rei Hamlet, viúva, ela rapidamente se casa com Cláudio, irmão do falecido rei, um relacionamento considerado incestuoso por Hamlet e pela época de Shakespeare (embora autoridades religiosas podiam considerar e consideravam que tais casamentos eram contra a vontade de Deus). Ela morre por beber vinho envenenado que estava planejado para Hamlet no final da peça.

Polônio é o conselheiro principal de Cláudio, que suspeita da relação de Hamlet com Ofélia, sua própria filha, porque ela é socialmente inferior a ele. Ele teme que Hamlet apenas tire sua virgindade e não se case com ela, então ele proibe Ofélia de manter o relacionamento com Hamlet. Polônio é as vezes retratado como um tolo entediante e Hamlet freqüentemente o importuna enquanto finge estar louco. Ele é morto pela espada de Hamlet, que o confunde com Cláudio, quando ele se esconde atrás de uma tapeçaria enquanto tenta escutar uma conversa entre Hamlet e sua mãe.

Laertes é o filho de Polônio, que quer muito o bem de Ofélia, sua irmã, e fica boa parte da peça na França. No final, assustado com o papel de Hamlet na morte de sua irmã, ele trabalha com Cláudio para manipular uma peleja. Nessa peleja, ele mata Hamlet com um florete envenenado para vingar a morte de Polônio e Ofélia. Hamlet o mata com o mesmo florete sem saber que o mesmo estava envenenado.

Ofélia é a filha de Polônio. Ela e Hamlet tiveram sentimentos românticos um pelo outro, embora eles (pelo menos implicitamente) tenham sido advertidos que seria politicamente inadequado para eles se casarem. Atormentada por Hamlet como parte de sua "loucura", a morte de seu pai é a causa da perda de sua sanidade. Ela cai em um riacho e se afoga (de propósito ou acidentalmente, dependendo da interpretação).

Horácio é um amigo de Hamlet da universidade. Ele é aparentemente um homem do povo. Em qualquer caso, não é um parente próximo da familia real. Ele não está diretamente envolvido na intriga da corte dinamarquesa, o que dá a possibilidade ao autor de usá-lo como tábua de sondagem para Hamlet. Hamlet autoriza-o para nomear Fortimbrás Rei da Dinamarca após as mortes da família real.

Rosencrantz e Guildenstern são velhos colegas de escola de Hamlet, convocados ao castelo por Cláudio para vigiar Hamlet. Hamlet logo suspeita que eles são espiões. Eles morrem, fora do palco, na Inglaterra, executados por ordem do rei para matar Hamlet, execução alterada pelo próprio Hamlet que subtrai o seu nome e o substitui na ordem real para os deles.

Fortimbrás - príncipe da coroa norueguesa, é filho do Rei Fortimbrás, morto em batalha pelo pai de Hamlet, e tem o desejo de vingança em sua mente. Sua conduta firme e decisiva contrasta com a protelação de Hamlet.

Osric é um cortesão que arbitra a luta de espadas entre Hamlet e Laertes, na qual ambos são fatalmente feridos por um florete envenenado.

Trama

A peça se dá em função da vingança do Príncipe Hamlet, cujo pai, o finado Rei Hamlet morre de repente, enquanto o Príncipe estava longe de casa. Hamlet estava em Wittenberg, fora da Dinamarca, enquanto o pai fora supostamente picado por uma cobra peçonhenta. O Rei Hamlet, um vencedor sobre os exercitos poloneses, é sucedido no trono por seu irmão Cláudio, pois este casa-se com Gertrudes, a viúva mãe de Hamlet.

A peça abre na muralha do castelo de Elsinore, sede da monarquia Dinamarquesa, onde um grupo de sentinelas são visitados pelo fantasma do recentemente falecido Rei Hamlet. O amigo de Hamlet, Horácio, se une aos soldados em sua guarda e quando o fantasma aparece, ordena-o que fale. Eles suspeitam que o fantasma tenha alguma mensagem para passar, mas ele some sem nada dizer.

No dia seguinte, a corte Dinamarquesa se reúne para celebrar o casamento de Cláudio e Gertrudes. O novo Rei tenta persuadir Hamlet a não persistir em sua tristeza. Quando Hamlet fica sozinho, ele expressa sua raiva pela ascensão de seu tio Cláudio para o trono e o casamento apressado de sua mãe. Horácio e os guardas então entram em cena e contam a ele sobre a aparição do fantasma de seu pai. Hamlet fica determinado a investigar o caso. Hamlet se une a Horácio na guarda sobre a muralha naquela noite. O fantasma aparece de novo e o acena pedindo para que fosse para longe dos outros com ele e então revela um terrível segredo: que ele teria sido assassinado. Cláudio derramara veneno em seu ouvido. O fantasma reclama a Hamlet por vingança. Chocado pela descoberta, Hamlet volta para Horácio e os sentinelas, fazendo-os aceitar o juramento de não revelar os detalhes dos eventos daquela noite para ninguém.

Hamlet não está certo se o fantasma é mesmo seu pai e suspeita que ele possa ser um demônio na aparência de seu pai querendo levar sua alma para o inferno. Ele prepara um teste para a conciência do rei, fingindo-se de louco, na esperança de que seus atos pudessem revelar a verdade ou por outro lado providenciar a oportunidade de matar Cláudio.

Hamlet finge insanidade para senteciar Cláudio de assassinato e traição, adquirindo um particular prazer em fazer o conselheiro do rei, Polônio, de bobo. Polônio, convencido da loucura de Hamlet, está certo de que isso provém de um amor não correspondido por Ofélia, sua filha. Ofélia fôra proibida por Polônio e Laertes, seu irmão, de manter um relacionamento com Hamlet. Polônio sugere que se prepare um encontro entre Hamlet e Ofélia em que ele e Cláudio os estarão espiando. Cláudio, talvez suspeitando da astúcia de Hamlet, convoca os amigos de escola de Hamlet, Rosencrants e Guildenstern para monitorá-lo, mas ele não se deixa enganar e vê a intenção por traz da visita repentina dos colegas. Ele recruta uma companhia de atores peregrinos para encenar a peça "A Morte de Gonzago", com algumas modificações por ele feitas para redesenhar as circunstâncias da morte de seu pai.

Pouco tempo depois da peça ter começado, Cláudio, que não aguenta mais assistir, se levanta pedindo por luzes. A reação de angústia do rei para com o espetáculo (na qual Horácio também repara) convence Hamlet de sua culpa. Pouco tempo depois, Cláudio providencia que Rosencrantz e Guildenstern o levem para a Inglaterra, onde seria morto logo na chegada por ordem de uma carta. Cláudio, secretamente fala consigo mesmo sobre seu desgosto pelo que ele fez ao Rei Hamlet e faz uma oração de arrependimento. Hamlet o vê rezando e se prepara para matá-lo, mas então pára, quando passa pela sua cabeça que ele não quer uma vingança que tenha como resultado o envio do arrependido Cláudio para o céu. Ironicamente, após Hamlet sair desapercebidamente de perto, Cláudio conclui que não é capaz de se arrepender em seu estado de espírito. Assim, se Hamlet não quisesse atribuir a si mesmo a decisão do destino da alma de Cláudio, em vez de apenas sua vida, ele teria conseguido o resultado perfeito que queria. Tentando ir além do pedido do fantasma, ele condenou seus esforços à ruína.

Hamlet confronta sua mãe sobre o assassinato de seu pai e suas relações sexuais com seu novo marido. Durante a conversa, ele apunhala Polônio, que estava escondido atrás da tapeçaria escutando tudo. Inicialmente achando que sua vítima era Cláudio, ele parece não estar arrependido e despreocupado. Quando aparece o corpo de Polônio, ele simplesmente continua a repreender sua mãe. O fantasma do Rei Hamlet faz uma reaparição para falar a Hamlet. A mãe de Hamlet vê o filho conversando com o suposto fantasma, que ela mesma não enxerga, convencendo-se de que ele está realmente louco.

Mãe de Hamlet entra na frente do filho e diz que ele está louco, e que Hamlet deve ir a uma clínica onde ele ficaria melhor e pararia a ver o fantasma de seu pai.

Cláudio entende finalmente a real intenção de Hamlet e o manda para a Inglaterra, supostamente para a sua própria segurança, mas acompanhado de uma carta para a Inglaterra ordenando a sua morte. Rosencrantz e Guildenstern são enviados para acompanhá-lo e garantir o cumprimento das ordens de levá-lo para fora do país. No barco, Hamlet descobre a carta e a falsifica dando ordens para que Rosencrantz e Guildenstern sejam mortos. Hamlet escapa como prisioneiro em um barco pirata.

Durante a ausência de Hamlet, Ofélia, gravemente perturbada, fica louca, provavelmente pela rejeição de Hamlet e a morte de Polônio. Ela canta algumas músicas que Shakespeare pode ter tomado emprestado da tradição folclórica da Inglaterra. Enquanto isso, Laertes, irmão de Ofélia, mobiliza uma multidão rumo a Elsinore quando ouve sobre a morte de seu pai. Ele fica sabendo da insanidade de sua preciosa irmã, o que só alimenta sua sede por vingança. Cláudio canaliza a fúria de Laertes para Hamlet. Cláudio e Laertes planejam juntos uma briga com espadas contra Hamlet. Laertes vai estar usando um florete envenenado. Cláudio também prepara uma taça de vinho envenenado para o caso de Laertes não seja capaz de derrotá-lo. Mas enquanto eles estão conspirando, a Rainha Gertrudes entra para informar a Laertes que sua irmã se afogou e que suspeitam de suicídio. Laertes deixa a sala muito aflíto.

Retornando de sua viagem, Hamlet encontra Horácio no cemitério no lado de fora do castelo de Elsinore justamente quando o cortejo do funeral de Ofélia está para chegar, onde um coveiro está cavando. Hamlet encontra a caveira de Yorick, um velho bobo da corte que o carregava nas costas em sua infância. Hamlet medita sobre mortalidade. O cortejo chega com o Rei, a Rainha e Laertes. Hamlet fica tão perturbado por saber sobre a morte de Ofélia que pula dentro da sepultura ainda aberta e se atraca com Laertes. Os dois são separados para que se encontrem no jogo de espadas mais tarde.

Quando a luta começa, Hamlet vence os dois primeiros assaltos e Gertrudes bebe do vinho para brindá-lo, sem saber que ele estava envenenado (alguns críticos dizem que foi suicídio). Hamlet é fatalmente ferido com a espada envenenada, mas no calor da briga eles trocam suas armas entre si e Hamlet atinge profundamente Laertes com a mesma espada. A Rainha, ao sentir que o vinho que bebera estava envenenado, avisa Hamlet do perigo e morre. Já com a respiração ofegante e perto da morte, Laertes confessa a Hamlet sobre a conspiração junto a Cláudio. Enfurecido, Hamlet mata Cláudio com a espada envenenada, forçando-o também a beber do vinho envenenado. Finalmente a morte do Rei Hamlet foi vingada.

Horácio, horrorizado com o curso dos acontecimentos, pega o vinho envenenado e propõe a seu amigo unir-se a ele na morte, mas Hamlet arranca o vinho de suas mãos. Ele dá ordens a Horácio para que conte sua história ao mundo para restaurar seu bom nome. Hamlet também recomenda que o principe norueguês, Fortimbrás, seja escolhido como sucessor ao trono Dinamarquês. Hamlet morre e Horácio lamenta.

Fortimbrás entra com os embaixadores ingleses. Chocado com a carnificina, ele ordena um funeral militar para Hamlet, enquanto Horácio se oferece para relatar a história toda.

Trecho da Obra:
Ato III - Cena I

HAMLET: Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer.., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões, e até o nome de ação perdem. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de meus pecados.

Fontes:
Revista Entre Livros, nº 2, página 38
Biblioteca Eletronica. In Revista do CD Roim. n.156. julho 2008. Editora Europa. (CD-ROM).
http://pt.wikipedia.org/

Nenhum comentário: