JURAMENTO
(F. COPPÉE)
Oh! poeta, por que te deixaste encantar,
Se deviam roubar-te essa gentil criança,
E se o seu coração, cheio de confiança,
Não podia por ti viver a palpitar?
Que importa! Germinou à luz do seu olhar
Na minh’alma tristonha e que a existência cansa
O amor, que nos remoça e enche de esperança;
Por isso eu devo sempre a bendizer e amar.
Feliz ou infeliz, ser-lhe-ei fiel ainda!
Amarei minha dor, pois dela será vinda,
Dela por quem do seio os males arranquei.
Virgem, de cujo olhar cativam-me os encantos,
Se me fazes chorar, eu abençôo os prantos,
Se me deres a morte, - a morte abençoarei.
Dezembro - 1879.
(Rimário, 1900.)
A IDÉIA NOVA
A Barros Cassal.
Abisma o teu olhar no azul do firmamento;
Devassa o velho Olimpo e o velho céu cristão:
À serena altivez do seu deslumbramento
A indagadora vista elevarás em vão!
Está deserto o céu! No grande isolamento
Palpita, ensangüentado, o sol - um coração.
Mas os deuses de Homero, o Jeová sangrento,
Alá e Jesus Cristo, os deuses onde estão?
Morreram. Era tempo. Agora encara a terra:
Ressoa alegre a forja e sai da escola um hino.
O Gênio enterra o Mal em uma negra cova.
Deus habita a consciência. O coração descerra
Aos ósculos do Bem o cálix purpurino.
Vem perto a Liberdade.
É isto a Idéia Nova.
S. Paulo, abril - 1879,
(Rimário, 1900.)
TORTURA
A Adelino Fontoura.
Ante a mesquita d’áureos minaretes
Açoitam dois telingas a traidora;
As vergastas, sutis como floretes,
Sibilam sobre a carne tentadora.
À vibração das varas, estremecem
Seus níveos membros firmes, delicados,
E, nos espamos do sofrer, parecem
Das contorsões do gozo eletrizados.
Geme aos golpes, que as carnes lhe retalham,
E aberta a rósea boca, os olhos belos
Pérolas vertem, que seu peito orvalham;
Dobram-se as curvas, soltam-se os cabelos,
E do alvo colo, amargurado e exangue,
- Como esparsos rubis - goteja o sangue.
Julho - 1881.
(Rimário, 1900.)
(F. COPPÉE)
Oh! poeta, por que te deixaste encantar,
Se deviam roubar-te essa gentil criança,
E se o seu coração, cheio de confiança,
Não podia por ti viver a palpitar?
Que importa! Germinou à luz do seu olhar
Na minh’alma tristonha e que a existência cansa
O amor, que nos remoça e enche de esperança;
Por isso eu devo sempre a bendizer e amar.
Feliz ou infeliz, ser-lhe-ei fiel ainda!
Amarei minha dor, pois dela será vinda,
Dela por quem do seio os males arranquei.
Virgem, de cujo olhar cativam-me os encantos,
Se me fazes chorar, eu abençôo os prantos,
Se me deres a morte, - a morte abençoarei.
Dezembro - 1879.
(Rimário, 1900.)
A IDÉIA NOVA
A Barros Cassal.
Abisma o teu olhar no azul do firmamento;
Devassa o velho Olimpo e o velho céu cristão:
À serena altivez do seu deslumbramento
A indagadora vista elevarás em vão!
Está deserto o céu! No grande isolamento
Palpita, ensangüentado, o sol - um coração.
Mas os deuses de Homero, o Jeová sangrento,
Alá e Jesus Cristo, os deuses onde estão?
Morreram. Era tempo. Agora encara a terra:
Ressoa alegre a forja e sai da escola um hino.
O Gênio enterra o Mal em uma negra cova.
Deus habita a consciência. O coração descerra
Aos ósculos do Bem o cálix purpurino.
Vem perto a Liberdade.
É isto a Idéia Nova.
S. Paulo, abril - 1879,
(Rimário, 1900.)
TORTURA
A Adelino Fontoura.
Ante a mesquita d’áureos minaretes
Açoitam dois telingas a traidora;
As vergastas, sutis como floretes,
Sibilam sobre a carne tentadora.
À vibração das varas, estremecem
Seus níveos membros firmes, delicados,
E, nos espamos do sofrer, parecem
Das contorsões do gozo eletrizados.
Geme aos golpes, que as carnes lhe retalham,
E aberta a rósea boca, os olhos belos
Pérolas vertem, que seu peito orvalham;
Dobram-se as curvas, soltam-se os cabelos,
E do alvo colo, amargurado e exangue,
- Como esparsos rubis - goteja o sangue.
Julho - 1881.
(Rimário, 1900.)
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Fonte:
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
http://www.academia.org.br/
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
http://www.academia.org.br/
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