quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Braz Chediak (Trovas de A a Z)

Atirei um céu aberto
na janela de meu bem:
Quando as mulheres não amam,
que sono as mulheres têm!
(Manuel Bandeira)

Bicho que anda de noite,
de dia o rasto consome:
Nunca vi rasto de alma
Nem coro de lobisomem.
(Minas Gerais)

Com pena peguei na pena
com pena de escrever;
a pena caiu no chão
com pena de não te ver.
(Piauí)

De manhã encilho o pingo,
Solto o poncho estrada fora;
canta o galo, chora a china
que o gaúcho vai-se embora.
(Rio Grande do Sul)

Entre os suspiros do vento,
da noite ao mole frescor,
quero viver um momento,
morrer contigo de amor!
(Álvares de Azevedo)

Farinha com rapadura
Nagua fria faz geleia;
tomo a bença, chamo a tia
quando vejo muié véia.
(Minas Gerais)

Garrafão tem fundo largo,
botija não tem pescoço,
pedaço de telha é caco,
banana não tem caroço.
(Minas Gerais)

Há duas coisas na vida
que não há cristão que agüente:
tomar vento pelas costas,
tendo a sogra pela frente!
(Antonio Cardoso Filho)

Inhame verde é veneno.
É veneno de matar:
Moreninha eu vou morrer,
Somente pra não casar.
(Minas Gerais)

Já sou velho e tive gosto,
morro quando Deus quiser;
duas coisas me acompanham:
Cavalo bom e mulher.
(Paraíba)

Kágado é bicho perrengue,
Mas ateima até chegar:
O meu amor é constante
- Inda vem a te alcançar.
(Minas Gerais)

Lua – fonte de saudade,
quando a fitar-te me ponho,
visto de raios dourados
a saudade de meu sonho
(Dulce de Mello Monte-Mór)

Minha Maria é morena
como as tardes de verão;
tem as tranças da palmeira
quando sopra a viração.
(Castro Alves)

Nasci pobre, este delito
seguiu-me toda a existência...
Sob o teto de uma choça,
de que serve a inteligência?
(Fagundes Varela)

Ocultas no aspecto langue
amortecido vulcão;
há batuques no teu sangue,
é um samba teu coração.
(Gilka Machado)

Pulseira de besta é peia,
lençol de burro é cangáia,
mulher de padre é visage,
cabra safado é canáia.
(Ceará)

Quem tiver o seu segredo
não conte a mulher casada,
que a mulher conta ao marido
e o marido à camarada.
(Minas)

Rosinha de saia curta,
barra de salta-riacho,
trepa aqui neste coqueiro,
bota estes cocos abaixo.
(Rio de Janeiro)

Subi nas pontas das nuvens,
no estouro do trovão;
desci nas cordas da chuva
com dez coriscos na mão
(Piauí)

Tudo se gasta e se afeia,
tudo desmaia e se apaga,
como um nome sobre a areia,
quando cresce e corre a vaga.
(Cassimiro de Abreu)

Um pé de limão mais doce,
outro de limão azedo;
amor de mulher casada
é coisa que tenho medo.
(Minas Gerais)

Vais onde te leva a sorte,
eu, onde me leva Deus.
Buscas a vida – eu, a morte;
buscas a terra – eu, os céus!
(Gonçalves Dias)

Xarope que queima a goela
É bom pra limpar o peito;
A tua zanga, menina,
é que vai me dar um jeito.
(Sebastião M. Guimarães)

Yayá, você quer morrer?
Si morrer, morramos juntos:
Eu quero ver como cabem
numa cova dois defuntos.
(sem indicação)

Zombando peguei te amar,
zombando amor te tomei,
zombando tu me mataste,
zombando morto fiquei.
(Piauí)
Fonte:
http://www.violacaipira.com.br/

Um comentário:

IALMAR PIO SCHNEIDER disse...

Prezado confrade José Feldman ! Saudações trovadorescas e poéticas ! Visito pela primeira vez este ótimo blog com tantas matérias literárias interessantes. Informo também que fui premiado com uma trova sobre Ternura conforme abaixo: 19/09/2008

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TROVA TERNURA de Ialmar Pio

Trova vencedora do Concurso de Trovas

Centenário de José Barros

Vasconcellos

União Brasileira de Trovadores – UBT

Porto Alegre – RS

Âmbito Estadual – Tema TERNURA

Neste mundo de tormentos,

Apesar da vida dura,

Nunca faltem os momentos

Para o culto da ternura !...

Ialmar Pio Schneider

Porto Alegre – RS

Recebi o troféu João-de-Barro

No Piquete da Cavalhada no

Acampamento Farroupilha.


Na ocasião disse a seguinte

Trova de minha autoria

Que foi muito aplaudida.


Trova:

Mistura de mágoa e tédio,

Esta carência de amor:

E se tomo algum remédio

Mais aumenta minha dor...


Obrigado pela sua atenção. Agradeço-lhe, de coração.