Não suportava mais a fibromialgia. A infiltração de anestésico a fez sorrir, aliviada, pouco antes que o choque anafilático eliminasse a dor... definitivamente.
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Voluntariosos, não davam o braço a torcer. Trocaram o amor pelo orgulho. Hoje, duas famílias desfeitas sofrem com o reatar da paixão antiga!
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Sentira o carocinho há tempos. Não doía. Deixou para lá! Calva e sem curvas, lamenta a negligência!!!!!
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Depois da “barriga de aluguel”, a casa nova e o coração vazio…
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Trocou a mulher velha e gorda pela gatinha coquete. O coração safenado não resistiu à emoção da primeira noite!
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Sempre se achara diferente dos irmãos; loira, sardenta; os outros, morenaços como o pai. E a voz da vizinha não saía da cabeça: "você é a cara do ex-namorado de sua mãe"...
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Uma vida de paixão à distância. Enviuvou. Esperou impaciente o tempo do luto, e foi atrás do grande amor. Errara o timing. Ele morrera uma semana antes!
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Embirrou que queria o carro da moda. O marido não podia, mas ela exigiu. Saiu da agência tão feliz que os olhos se encheram de lágrimas. Nem viu o ônibus acelerado...
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Fez um book caprichado: muito photoshop, reclamações e correções. E as perguntas invariáveis: "é sua filha"?
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Queria ser famoso no mundo da literatura! Contratou um escritor competente e pagou caro pela edição. Só no dia do lançamento deu-se conta de que nada era seu: nem o nome do autor, na capa...
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Custou para entrar na equipe. Subornou o técnico! No primeiro jogo a falta de habilidade o fez cair, e o estalo no tornozelo o deixou fora das quadras para sempre!!!!
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Chovia torrencialmente. Um homem, ao lado da estrada, fez sinal para parar. Obedeceu, e a pista foi tomada por enorme carreta, na contramão. Não havia ninguém no acostamento a quem pudesse agradecer...
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Do alto, olhava montanhas e vales feitos de nuvens. Estranhou o verde abrupto, e nem ouviu a explosão.
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Não faria exames de prevenção; e se aparecesse alguma coisa? Não fez. Apareceu. Esparramou-se e levou-a!
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Boa pessoa, não acreditava no além. Na hora da passagem, em meio a vultos luminosos, julgou ouvir: "Eu não disse?”
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Sol forte, brisa fresca e mar azul. Tinha fome, mas decidiu dar um mergulho antes. Ainda no ar, ao saltar da popa, divisou o triângulo cinzento, na flor da água, também em busca do almoço...
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Nunca trabalhara, seguindo o exemplo paterno. Na calçada, sob a chuva, em meio aos últimos pertences despejados, amaldiçoava a sabedoria do avô: —"Pai rico, filho nobre, neto pobre"!
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Sonhava em ter asas! Mas, ao menos, não tinha raízes... Custou a subir no penhasco e, finalmente, voou...
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Seu sonho era ser cantor, mas a voz não ajudava. Comprou horários e jabás, mas nada de a carreira decolar. Um dia, ouviu seu empresário cantarolar e trocou os papéis. Hoje, contando muito dinheiro acordou!
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Adotaram-no pequenino, sem se importarem com a procedência. Após a festa de 18 anos, a execução dos ricos pais adotivos no aflorar dos genes assassinos!
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Casou-se com o mais pobre da turma, sob o escárnio dos amigos da roda. Trabalho, poupança, foco, a melhor vida do grupo e a inveja dos demais.
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Sempre fora bela, mas a idade chegava e não cessavam os procedimentos estéticos. E o amigo alemão se recusava a contar a ela o motivo de querer conservar a imagem!
Fonte: Maria Eliana Palma. Momentos em prosa e verso. Maringá, 2016. Entregue pela autora.
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