sexta-feira, 10 de maio de 2024

Professor Garcia (Reflexões de um Trovador) * 1 *


A chuva fina parece
nas gotas que vêm e vão,
ladainhas de uma prece
no altar-mor da solidão!
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Aos calos de minha mão,
confesso que não me oponho!...
Vêm dos sonhos que se vão,
na busca de um novo sonho!
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Até o mar que é insolente,
depois que ruge e se alteia...
Abre os braços mansamente
e abraça os braços da areia!
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A vida tem seus quebrantos,
seus motivos, seus matizes.
Uns vão perdendo os encantos
e, outros de encantos felizes!
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Brinquedo que eu não largava,
meu palhacinho sem jeito
que, quando triste, me  olhava,
sorria alguém no meu peito!
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Cada gotinha de orvalho
na folha cristalizada,
é um lindo penduricalho
na orelha da madrugada!
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Do mundo eu jamais duvido,
vivo preso aos seus gradis;
e esse tributo, indevido,
pago por ser mais feliz!
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Entre nós dois, há memória,
tão louca e tão sem viés,
que há loucuras dessa história
por trás, de seus rodapés!
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Envelheceu na jornada!...
Na busca, o velho andarilho
já sentindo o fim da estrada,
enfim, abraça o seu filho!!!
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Eu retorno à velha praça
do tempo da mocidade,
onde a saudade me abraça
nos braços de outra saudade!
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Eu volto aos tempos infindos,
preso aos gradis da distância,
pra ver meus sonhos mais lindos
nos olhos verdes da infância!!!
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Insone, na madrugada,
em meio a tantas mudanças,
quanta lembrança acordada
nos braços de outras lembranças!
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Lembro de tua arrogância,
dos teus nãos e dos teus trancos.
Ah! teus apupos da infância,
estão de cabelos brancos!
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Na tarde que silencia
ou logo ao romper da aurora,
há um silêncio que angustia
e uma alegria que chora!
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No casebre abandonado
entre as trempes do fogão,
ao ver o fogo apagado,
vi, a luz da solidão!!!
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O homem conduz os seus passos,
e, às vezes, em vãos dilemas
tropeça e cai noutros braços,
nos braços de outros problemas!
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O papel já desbotado,
as letras perdendo a cor
e, em cada letra, um recado
e uma lágrima de amor!
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O seu canto, ó carrilhão,
não decifro o que descreve!...
pode ser de solidão
ou de um longínquo até breve!
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O tempo é um poeta astuto
e, este sábio professor,
pode mostrar num minuto,
todas as regras do amor!
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O tempo um velho inquilino,
mesmo invisível, sem voz,
aos poucos, muda o destino
dos planos de todos nós!
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Ó, violino tão plangente,
por que é que tu transmites,
dores das tardes da gente
dessas tardes, sem limites?!…
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Palhaço que ri não chora.
Nesta afirmação não entro;
às vezes, rindo por fora,
esconde o choro por dentro!
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Por sobre pedras e espinhos,
prossigo em minha jornada,
que os cardos dos meus caminhos,
não ferem meus pés na estrada!
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Quem divide o pão que come
mantém viva a luz acesa,
que brilha mostrando a fome
de quem não tem pão na mesa!
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Recebi o seu bilhete
e entendi os gestos seus,
escritos num só verbete
da velha palavra "adeus"!!!
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Vê na lua cor de prata,
que a solidão que a angustia,
é a mesma que nos maltrata
na noite pobre e vazia!
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Fonte> Facebook do trovador.

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