domingo, 19 de maio de 2024

Recordando Velhas Canções (Travessia)


Compositores: Milton Nascimento e Fernando Brandt

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar

Minha casa não é minha
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?

Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver

Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?

Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver

Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = =  = = = = = = = = = = 

Travessia: A Jornada de Superação e Renovação de Milton Nascimento
A canção 'Travessia', interpretada pelo icônico Milton Nascimento, é uma obra que se destaca no cenário da música popular brasileira. Composta em parceria com Fernando Brant, a música foi apresentada ao público no Festival Internacional da Canção de 1967, onde alcançou o segundo lugar, e desde então, tornou-se um dos clássicos da MPB. A letra da música reflete um momento de profunda tristeza e desolação, mas também de superação e esperança.

O início da canção revela um sentimento de perda e solidão, expresso pela partida de alguém importante ('Quando você foi embora / Fez-se noite em meu viver'). A casa e o lugar que não se sentem mais como próprios simbolizam a desorientação e o desamparo que acompanham o fim de um relacionamento ou a perda de um ente querido. A dor é tão intensa que o eu lírico menciona o desejo de terminar com a própria vida, uma metáfora para a profundidade do sofrimento experimentado.

No entanto, a música não se detém na dor. Ela evolui para uma narrativa de resiliência e reconstrução. O eu lírico decide seguir pela vida, esquecendo-se da pessoa que partiu e rejeitando a ideia da morte ('Eu não quero mais a morte / Tenho muito o que viver'). A mudança de perspectiva é marcante, pois passa da inércia dos sonhos para a ação ('Já não sonho, hoje faço / Com meu braço o meu viver'). 'Travessia' é, portanto, uma ode à capacidade humana de enfrentar adversidades, de se reinventar e de buscar novos amores e experiências, mesmo após ter passado por momentos de extrema vulnerabilidade.

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