quinta-feira, 2 de maio de 2024

Mensagem Na Garrafa = 116 =

Juçara Medeiros Lasmar 
Belo Horizonte/MG

SOMBRINHAS

Sombrinhas, assim se chamavam pois eram usadas para que as mocinhas e senhoras, cujas peles eram alvas primando sempre pela brancura, se cobrissem do sol em seus passeios vespertinos.

Hoje, quando o bronzeado é a característica de beleza, elas, as sombrinhas, continuam tendo a sua utilidade, porém diferente. Sombras, não fazem mais, apesar de continuarem a ter este nome.

Olhando de minha janela a chuva que cai sem cessar, vejo várias parecendo um desfile interminável de cores. Lindas, coloridas, com estampas variadas de flores, geométricas, algumas bem humoradas em seus desenhos, outras mais clássicas, de uma só tonalidade.

Elas cobrem sim, cobrem os rostos, os corpos de quem olha, como eu, com curiosidade, tentando descobrir quem está passando nesta manhã chuvosa.

Que mistérios se escondem embaixo das sombrinhas que cobrem da chuva? Será que ainda se roubam beijos debaixo delas, como nos idos tempos de nossas avós?

Penso que não, os tempos são outros, os beijos são explícitos. Nada mais há para esconder. Estamos no século vinte e um onde tudo pode ser dito e mostrado. Nós, mulheres conquistamos nossa independência.

Mas... continuamos misteriosas... Escolhemos com esmero nossas sombrinhas, que vão nos cobrir da chuva, e talvez, de algum olhar furtivo, ao cruzarmos com alguém nas chuvas do caminho, num delicioso e clandestino flerte.

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