sábado, 22 de junho de 2024

Jaqueline Machado (“A Metamorfose”, de Franz Kafka)

A incipit* da história atiça a curiosidade dos amantes da literatura e diz assim:

“Quando Gregor Sansa despertou certa manhã, de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso”.  

A espécie de inseto que o protagonista se transformou não é dita pelo autor, embora muitos digam que o inseto é uma barata gigante. 

Gregor mora com seu pai, sua mãe e sua irmã. Trabalhava como caixeiro-viajante e sustentava a família. 

Mas depois do estranho acontecimento, ficou perceptível que as pessoas do seu lar mudaram seu status de bom rapaz por “fardo familiar”. 

Antes, ele era o provedor da casa, depois, tornou -se um inseto nojento que só podia movimentar-se, e movimentar-se mal, em sua cama e pelas paredes do próprio quarto. A irmã colocava os pratos de comida por debaixo da porta do quarto dele. E seus pais temiam se aproximar de sua nova versão.

Esta história também é uma parábola que descreve o que acontece com as pessoas idosas deixadas de lado por familiares, e com as pessoas com limitações físicas ou mentais, que sofrem por causa da rejeição dos que têm por dever cuidá-las e amá-las, mas lhes negam até mesmo cuidados básicos. 

Kafka, com seu brilhantismo, consegue descrever nessa obra, que nem todo mundo é mau, mas que existe muita gente que só trata bem o seu semelhante quando ganha algo em troca. E depois, se a pessoa não possui mais nada a oferecer, passa a ser desprezada e cancelada pela família e pela sociedade em geral. 

Antes, Gregor era uma joia rara. Depois virou um imprestável que morreu sozinho. E foi varrido e colocado no lixo.
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* Incipit = Primeiras palavras de uma obra.

Fonte: Texto enviado pela autora do artigo 

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