Um velho vivia com uma velha. Não tinham filhos. O velho foi arar a terra e a velha ficou em casa para fazer panquecas. A velha fez as panquecas e disse:
− Se a gente tivesse um filho, ele levaria as panquecas para o pai; mas, agora, a quem vou pedir?
De repente, do meio do algodão, saiu um menininho e disse:
− Bom dia, mamãe!
A velha perguntou:
− Filhinho, de onde você saiu e como se chama?
E o filho respondeu:
− Mãezinha, você fiou o algodão e enrolou as meadas e eu saí de lá. Pode me chamar de Lipúniuchka. Pode deixar, mãezinha, eu levo as panquecas para o papai.
A velha disse:
− Você consegue levar mesmo, Lipúniuchka?
− Consigo, mãezinha…
A velha amarrou as panquecas dentro de uma trouxinha e deu para o filho. Lipúniuchka pegou a trouxa e correu para o campo. No campo, ele topou com um morrinho na estrada e gritou:
− Papai, papai, me ajude a passar pelo morrinho! Eu trouxe panquecas para você.
No campo, o velho ouviu que alguém chamava, foi ao encontro do filho, levou o menino para o outro lado do morrinho e disse:
− De onde você veio, filho?
E o menino respondeu:
− Papai, eu saí do algodão − e deu as panquecas para o pai.
O velho sentou-se para comer e o menino disse:
− Deixe que eu vou arar a terra.
O velho disse:
− Você não tem força para arar a terra.
Mas Lipúniuchka pegou o arado e começou a arar. Ele arava e ainda por cima cantava.
Um senhor de terras passou por aquele campo e viu que o velho estava sentado comendo enquanto o cavalo arava sozinho. O senhor de terras desceu da carruagem e disse para o velho:
− Como pode ser isso, velho? O cavalo está arando sozinho?
O velho respondeu:
− Tenho um menino que está arando, e ele ainda canta.
O senhor de terras chegou mais perto, ouviu a canção e viu Lipúniuchka.
O senhor de terras disse:
− Velho! Venda esse menino para mim.
E o velho respondeu:
− Não, não posso vender, só tenho um.
E Lipúniuchka disse para o velho:
− Venda, papai, eu fujo dele.
O mujique vendeu o menino por cem rublos. O senhor de terras deu o dinheiro, pegou o menino, embrulhou num lenço e guardou no bolso. O senhor de terras correu para casa e disse para a esposa:
− Trouxe uma alegria para você.
E a esposa disse:
− Mostre. O que é?
O senhor de terras tirou o lenço do bolso, abriu e dentro do lenço não havia mais nada. Fazia tempo que Lipúniuchka tinha fugido para o pai.
Fonte: Liev Tolstói. Livros de leitura para crianças. Publicado originalmente em 1864. Disponível em Domínio Público
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