Foi numa leva que a cabocla Maringá
Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar
E junto dela veio alguém que suplicou
Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou
Maringá, Maringá
Depois que tu partiste tudo aqui ficou tão triste
Que eu "garrei" a imaginar
Maringá, Maringá
Para haver felicidade é preciso que a saudade
Vá bater noutro lugar
Maringá, Maringá
Volta aqui pro meu sertão pra de novo o coração
De um caboclo a sossegar
Antigamente uma alegria sem igual
Dominava aquela gente na cidade de Pombal
Mas veio a seca, tudo a chuva foi-se embora
Só restando então as águas
Dos meus "'óio" quando chora
Maringá, Maringá
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A Saudade e a Seca em 'Maringá' de Joubert de Carvalho
É comum no mundo inteiro cidades emprestarem seus nomes a canções. Difícil é uma canção inspirar o nome de uma cidade, como foi o caso de "Maringá". O fato ocorreu em 1947, quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, sugeriu que a composição desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do estado.
O curioso é que a canção jamais teria existido se seu autor Joubert de Carvalho não fosse, quinze anos antes, um frequentador assíduo do gabinete do José Américo de Almeida (Ministro da Viação e Obras), tinha como chefe de gabinete o senhor Ruy Carneiro , que mais tarde viria a governador e senador do seu Estado (a Paraíba)..
Joubert, formado em medicina, pleiteava uma nomeação para o serviço público. Numa dessas visitas, aconselhado pelo oficial de gabinete Rui Carneiro, o compositor resolveu agradar o ministro, que era paraibano, escrevendo uma canção sobre o flagelo da seca que na ocasião assolava o Nordeste.
Surgia assim a toada "Maringá", uma obra-prima que conta a tragédia de uma bela cabocla, obrigada a deixar sua terra numa leva de retirantes. Alguns meses após o lançamento vitorioso de "Maringá", Joubert de Carvalho foi nomeado para o cargo de médico do Instituto dos Marítimos, onde fez carreira chegando a diretor do hospital da classe.
Joubert de Carvalho gostava da boemia e naquele ambiente veio a conhecer e se tornar amigo do senhor Alcides Carneiro (irmão de Ruy Carneiro e também funcionário do Ministério da Viação e Obras), que solteiro e apaixonado por uma namorada chamada Maria, residente na cidade do Ingá (60 km de João Pessoa - PB), compôs a música “Maringá”, narrando o flagelo da seca no nordeste, principalmente na cidade de Pombal, localizada na alto sertão paraibano.
A música 'Maringá', composta por Joubert de Carvalho, é uma obra que retrata a dura realidade do sertão nordestino brasileiro, marcada pela seca e pela migração forçada. A letra conta a história de uma cabocla chamada Maringá, que se torna uma retirante, uma pessoa que precisa deixar sua terra natal em busca de melhores condições de vida. A partida de Maringá é um evento significativo, que causa grande comoção e tristeza na comunidade, especialmente para um caboclo que fica para trás, suplicando para que ela não o esqueça.
A canção também aborda a transformação da cidade de Pombal, que antes era dominada por uma alegria sem igual, mas que foi devastada pela seca. A falta de chuva trouxe desespero e tristeza, restando apenas as lágrimas do caboclo que chora pela partida de Maringá. A seca é uma metáfora poderosa para a ausência e a saudade, que são temas centrais na música. A repetição do nome 'Maringá' no estribilho reforça a intensidade da saudade e o desejo de que ela volte para trazer de volta a felicidade ao sertão.
'Maringá' é uma canção que, além de contar uma história de amor e saudade, também serve como um retrato social e cultural do sertão nordestino. A música destaca a resiliência e a esperança das pessoas que vivem nessa região, mesmo diante das adversidades. A saudade e a seca são elementos que se entrelaçam, mostrando como a ausência de uma pessoa querida pode ser tão devastadora quanto a falta de água. A canção é um exemplo da rica tradição da música brasileira em abordar temas sociais e emocionais de maneira poética e tocante.
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