vejo arabescos na areia
de espumas do mar!
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A noite me aquece;
e eu, sem dormir um segundo,
o dia amanhece!
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A noite sem sono
e, a lua cheia de luz,
sozinha no abandono!
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Aos raios, o orvalho,
é o pranto cristalizado
no olhar do espantalho!
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Aquele sem teto,
que tem a noite por leito,
precisa de afeto!
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A velha candeia,
piscava quase sem luz;
ó, que noite feia!
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Cai a tarde mansa.
No por do Sol, no poente,
sombras de esperança!
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Folhas pelo chão,
São meus sonhos que se arrastam
cheios de ilusão!
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Longe dos meus campos,
das outonais primaveras,
não há pirilampos!
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Minha mãe, de joelhos,
com o velho terço entre os dedos,
pede a Deus, conselhos!
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Nas brisas serenas,
no sopro de um vento brando,
a voz das camenas*!
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* Camenas = musas
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No botão da flor,
depois da explosão da rosa,
os lábios do amor!
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No esplendor das matas,
há mil cantos seresteiros
na voz das cascatas!
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No livro do adeus,
conto as mesmas digitais
desses dedos seus!
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Ó, destino meu!
Nunca me carregue um sonho
que a sorte me deu!
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Ouço a voz do mar;
mesmo quando o mar se alteia,
é o mesmo cantar!
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Passa a multidão;
no meio dessa fanfarra,
segue a solidão!
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Pousou na janela,
meu bem-te-vi cantador;
que linda aquarela!
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Que lindo arrebol:
Todo o meu jardim se abrindo,
aos raios do sol!
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Se chove lá fora,
ficamos nós dois a sós,
e assim, ninguém chora!
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Seresta na rua?
bandolins e violões
violando a lua!
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Sonho que se sonha,
se for um sonho de amor
não nos envergonha!
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Sozinho no mundo,
pisando em terras estranhas,
sou qual vagabundo!
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Surge a luz do sol;
e uma auréola de luz
brilha no arrebol!
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Teu choro foi tanto,
que deixou teus pés e os meus,
cobertos de pranto!
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Fonte> Professor Garcia. Poemas do meu cantar. Natal/RN: Trairy, 2020.
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