Beija-me com os beijos da tua bocaEsta frase, inserida em diversos textos literários por escritores de muitos países, está num dos mais belos livros da Bíblia, o Cântico dos cânticos, esplêndido poema sobre o amor, da autoria de Salomão (970-931 a.C.), que, além de construir o famosos templo de Jerusalém, escreveu livros cheios de sabedoria, apaixonou-se, namorou e casou com cerca de mil mulheres, incluídas esposas e concubinas. Não apenas suas proclamada sabedoria, mas também seus amores tornaram-se lendários, como foi o caso daquele que viveu com a Rainha de Sabá. Salomão, fruto do amor arrebatado e dramático vivido pelo rei Davi (1015-975 a.C.) com uma mulher casada, Betsabéia, foi o terceiro rei de Israel.
Cada povo tem o governo que merece
Esta frase é proferida quando se quer falar mal do governo, atribuindo-se ao povo a má escolha. É de autoria do filósofo francês Joseph De Maistre (1753-1821), crítico da Revolução Francesa, inimigo das repúblicas e defensor das monarquias e do papa. Apesar de a frase ter servido sempre para vituperar todos os governos, os alvos preferidos são aqueles escolhidos por voto popular. Porém, nada se diz quando os eleitores mostram sabedoria nas votações. Assim, contrariando a máxima popular, o filho feio sempre tem por pai o próprio povo. No fundo, a crítica não é aos maus governantes, mas aos responsáveis por sua elevação aos cargos.
Chegar de mãos abanando
Os primeiros imigrantes deviam trazer as ferramentas indispensáveis ao cultivo da terra, entre as quais eram importantes a foice e o machado, para a derrubada de matas. Dos colonos europeus esperava-se que trouxessem também galinhas, porcos e vacas, bases de uma economia auto-sustentável. Quem chegasse, pois, de mãos abanando, não vinha disposto a trabalhar. Manter, pois as mãos ocupadas era sinal de disposição para o trabalho e ajuda mútua. O imigrante, que no dizer de Ambrose Bierce (1842-1914), é um indivíduo mal-informado, que pensa que um país é melhor que outro, não poderia chegar de mãos abanando.
Cobra que perdeu o veneno
Aplica-se esta frase a pessoas iradas que, entretanto, nada podem fazer em situações de desespero. Nasceu da crendice popular de que as cobras, para não sucumbirem ao próprio veneno, depositam-no em folhas quando precisam tomar água. Ao voltarem dos riachos, algumas acabam esquecendo-se de onde o puseram, mantendo-se como loucas à procura da peçonha temporariamente dispensada. O escritor maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934), autor de mais de cem livros e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, registrou o adágio em sua peça A muralha, numa fala da personagem Ana que, incapaz de resistir ao jogo do bicho, comporta-se como cobra que perdeu o veneno.
Cada povo tem o governo que merece
Esta frase é proferida quando se quer falar mal do governo, atribuindo-se ao povo a má escolha. É de autoria do filósofo francês Joseph De Maistre (1753-1821), crítico da Revolução Francesa, inimigo das repúblicas e defensor das monarquias e do papa. Apesar de a frase ter servido sempre para vituperar todos os governos, os alvos preferidos são aqueles escolhidos por voto popular. Porém, nada se diz quando os eleitores mostram sabedoria nas votações. Assim, contrariando a máxima popular, o filho feio sempre tem por pai o próprio povo. No fundo, a crítica não é aos maus governantes, mas aos responsáveis por sua elevação aos cargos.
Chegar de mãos abanando
Os primeiros imigrantes deviam trazer as ferramentas indispensáveis ao cultivo da terra, entre as quais eram importantes a foice e o machado, para a derrubada de matas. Dos colonos europeus esperava-se que trouxessem também galinhas, porcos e vacas, bases de uma economia auto-sustentável. Quem chegasse, pois, de mãos abanando, não vinha disposto a trabalhar. Manter, pois as mãos ocupadas era sinal de disposição para o trabalho e ajuda mútua. O imigrante, que no dizer de Ambrose Bierce (1842-1914), é um indivíduo mal-informado, que pensa que um país é melhor que outro, não poderia chegar de mãos abanando.
Cobra que perdeu o veneno
Aplica-se esta frase a pessoas iradas que, entretanto, nada podem fazer em situações de desespero. Nasceu da crendice popular de que as cobras, para não sucumbirem ao próprio veneno, depositam-no em folhas quando precisam tomar água. Ao voltarem dos riachos, algumas acabam esquecendo-se de onde o puseram, mantendo-se como loucas à procura da peçonha temporariamente dispensada. O escritor maranhense Henrique Maximiano Coelho Neto (1864-1934), autor de mais de cem livros e um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras, registrou o adágio em sua peça A muralha, numa fala da personagem Ana que, incapaz de resistir ao jogo do bicho, comporta-se como cobra que perdeu o veneno.
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Com uma mão se lava a outraEsta frase resume preceitos de solidariedade, dando conta de que as ajudas devem ser mútuas. Foi originalmente registrada no parágrafo 45 do romance Satyricon, do escritor latino Tito Petrônio Arbiter (século primeiro a.C.), transposto para o cinema pelo famoso cineasta italiano Federico Fellini (1920-1994). Em síntese, o romance narra a história de um triângulo amoroso, envolvendo dois rapazes apaixonados por um terceiro, mas livro e filme põem em relevo a decadência dos costumes políticos. Tanto o romancista como o diretor criticam duramente a civilização ocidental, apesar dos 20 séculos que o separam, onde o que mais falta é justamente a solidariedade.
Custar os olhos da cara
A história desta frase começa com um costume bárbaro de tempos muitos antigos, que consistia em arrancar os olhos de governantes depostos, de prisioneiros de guerra e de indivíduos que, pela influência que detinham, ameaçavam a estabilidade dos novos ocupantes do poder. Cegos, eles seriam inofensivos ou menos perigosos. Naturalmente, a expressão alude também ao incomparável valor da visão. Por isso, pagar alguma coisa com a perda dos olhos passou a ser sinônimo de custo excessivo, que ninguém pode pagar. A expressão tem servido para designar preços exagerados em qualquer produto. Um dos primeiros a registrá-la foi o escritor romano Plauto (254-184 a.C.), numa das 130 peças de teatro que escreveu.
Coisas da casa cuide a mulher
Esta frase, dando conta de que os trabalhos domésticos são incumbência exclusivamente femininas, tem suas origens remotas, mas houve um caso que a tornou ainda mais proverbial e famosa. Guilhaume Budé (1467-1540), um dos fundadores do College de France, onde ensinaram alguns dos maiores intelectuais do mundo nas diversas épocas, estava pesquisando etimologia quando irrompeu em seu escritório, todo esbaforido e aflito, um mensageiro de triste notícia: a casa do já célebre humanista francês tinha pegado fogo. Sem levantar os olhos dos manuscritos de grego, língua cujos estudos disseminou na França toda, limitou-se a pronunciar esta frase. Mas nada restou depois do incêndio para a mulher cuidar.
De boas intenções o inferno está cheioEsta frase é de autoria de um teólogo e santo famoso, o francês São Bernardo de Clairvaux (1090-1153). Muito místico, travou grandes polêmicas com o célebre namorado de Heloísa, o também teólogo e filósofo escolástico Pedro Abelardo (1079-1142). Conselheiro de reis e papas, São Bernardo pregou a segunda Cruzada, destacando-se no combate àqueles que eram considerados hereges por ousarem interpretar de modos plurais a ortodoxia católica. A frase foi brandida, não apenas contra seus desafetos, mas também a seus aliados, e tornou-se proverbial para denunciar que as boas intenções, além de não serem suficientes, podem levar a fins contrários aos esperados.
Deixo a vida para entrar na história
A celebridade desta frase deve-se à carta-testemunha do presidente Getúlio Vargas, assinada momentos antes de suicidar-se, na madrugada de 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Um padre ainda o encontrou consciente e de olhos abertos. Antes de ocupar a Presidência da República por quase 20 anos, ele foi governador do Rio Grande do Sul, seu Estado natal. Um dos maiores estadistas brasileiros, foi sob seu governo que ocorreu a maior industrialização do Brasil. Logo depois de deposto a primeira vez, em 1945, candidatou-se a senador, conseguindo 17 por cento dos votos, recorde jamais alcançado por qualquer outro. No segundo mandato, cumpriu a frase profética.
Deus me defenda dos amigos, que dos inimigos me defendo eu
Frase atribuída ao escritor e filósofo francês Voltaire, pseudônimo de François Marie Arquet. Teve desempenho brilhante nas célebres polêmicas do Século das Luzes, com suas idéias claras, temperadas por cáustica ironia, arma verbal que lhe rendeu muitos inimigos entre os obscurantistas, sendo obrigado a retirar-se de Paris após a publicação do seu livro Cartas filosóficas, em 1734. Foi, porém, apoiado e acolhido pela escritora Madame de Châtelet (1706-1749), sua inspiradora e amiga, da qual Deus não precisou defendê-lo.
Dinheiro não tem cheiro
A frase original foi pronunciada em latim, pelo imperador Vespasiano (9-79), cujo filho, Tito, estava inconformado com o novo imposto baixado pelo pai, que, para melhorar as finanças da antiga Roma, taxara os mictórios públicos. Logo nas primeiras arrecadações, Vespasiano tomou uma das moedas recolhidas nas privadas imperiais e pediu que o filho a cheirasse, dizendo: non olet, isto é, não tem cheiro. Vespasiano fez boa administração, recuperou a economia do império e entre seus feitos está também a construção do Coliseu. Mas, como todo administrador austero, incompatibilizou-se com os meios senatoriais.
Dize-me o que comes e eu te direi quem és
Variação do preceito evangélico "dize-me com quem andas e eu te direi quem és", esta frase famosa está presente em A filosofia do gosto, livro clássico do célebre gastrônomo Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826) e faz parte dos 20 aforismos ali reunidos, os mandamentos de quem quer comer bem. Bom gourmet e bom gourmand, esse francês notabilizou-se por suas célebres tiradas a respeito do ato de comer. Entre outras prescrições, recomendou aos cozinheiros e aos visitantes a pontualidade e escreveu que convidar alguém para comer em nossa casa equivale a encarregar-se de sua felicidade. Sempre com verve, proclamou que mais vale para o gênero humano a invenção de um novo prato do que o descobrimento de um novo astro.
Dizer as coisas em alto e bom som
Esta frase nasceu das dificuldades de comunicação em sociedade, principalmente no trabalho, nas lides e em conversas de rua. Não se sabe quem a inventou, com o fim de deixar muito claro o que dizia, mas há um bom exemplo recolhido do célebre escritor, jornalista, orador, político e jurisconsulto brasileiro Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923). Foi também vice-presidente da República e teve uma desastrada atuação como ministro da Fazenda. Redigiu nossa primeira constituição republicana, a de 1891. Esta frase está presente em célebre conferência que fez sobre o dever da imprensa de dizer a verdade em alto e bom som.
Dois bicudos não se beijam
Ao contrário do que se possa parecer, o vocábulo não se aplica às aves, mas aos homens. Antigamente eram chamados de bicudo tanto estiletes compridos e armas pontudas, como certos valentões que, nas bodegas, festas e ajuntamentos diversos, patrocinavam arruaças. Indivíduos de pouca conversa e gestos grosseiros, brigavam por qualquer coisa. O brasileiro, tido por cordial e afável no trato entre colegas e amigos, sempre se caracterizou por abraços, afagos, beijos e outras efusivas demonstrações de carinho. Daí o contraste de dois bicudos que não se beijam, de que são exemplo célebres parcerias impossíveis como certos presidentes e vice-presidentes do Brasil, entre os quais Jânio Quadros e João Goulart. O primeiro mandou o outro para a Cochinchina – oficialmente, seria a China, mas conhecendo as intenções ocultas de Jânio, sabemos que ele queria o vice ainda mais longe – e renunciou para ver que bicho dava. Deu o maior bode, como a História mostrou, resultando, por fim, na deposição do presidente que os militares não queriam empossar.
Dourar a pílula
Esta frase tem o significado de se apresentar algo difícil ou desagradável como coisa fácil de aceitar. Nasceu de conhecida prática das farmácias antigas, que consistia em embrulhar pílulas em finos papéis, com o fim de preparar psicologicamente o cliente para engolir um remédio de gosto amargo. Do sentido literal, passou a metáfora e logo recebeu aplicação literário, estando um de seus mais antigos registros na peça Anfitrião, de Jean Baptiste Poquelin Molière (1622-1673), em que Sósia, na última cena do terceiro ato, diz: "o senhor Júpiter sabe dourar a pílula". Dourar a pílula é ainda hoje tática sutil de persuadir renitentes, quando se procura destacar os aspectos positivos de algo desfavorável.
Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/vempalavras1
Custar os olhos da cara
A história desta frase começa com um costume bárbaro de tempos muitos antigos, que consistia em arrancar os olhos de governantes depostos, de prisioneiros de guerra e de indivíduos que, pela influência que detinham, ameaçavam a estabilidade dos novos ocupantes do poder. Cegos, eles seriam inofensivos ou menos perigosos. Naturalmente, a expressão alude também ao incomparável valor da visão. Por isso, pagar alguma coisa com a perda dos olhos passou a ser sinônimo de custo excessivo, que ninguém pode pagar. A expressão tem servido para designar preços exagerados em qualquer produto. Um dos primeiros a registrá-la foi o escritor romano Plauto (254-184 a.C.), numa das 130 peças de teatro que escreveu.
Coisas da casa cuide a mulher
Esta frase, dando conta de que os trabalhos domésticos são incumbência exclusivamente femininas, tem suas origens remotas, mas houve um caso que a tornou ainda mais proverbial e famosa. Guilhaume Budé (1467-1540), um dos fundadores do College de France, onde ensinaram alguns dos maiores intelectuais do mundo nas diversas épocas, estava pesquisando etimologia quando irrompeu em seu escritório, todo esbaforido e aflito, um mensageiro de triste notícia: a casa do já célebre humanista francês tinha pegado fogo. Sem levantar os olhos dos manuscritos de grego, língua cujos estudos disseminou na França toda, limitou-se a pronunciar esta frase. Mas nada restou depois do incêndio para a mulher cuidar.
De boas intenções o inferno está cheioEsta frase é de autoria de um teólogo e santo famoso, o francês São Bernardo de Clairvaux (1090-1153). Muito místico, travou grandes polêmicas com o célebre namorado de Heloísa, o também teólogo e filósofo escolástico Pedro Abelardo (1079-1142). Conselheiro de reis e papas, São Bernardo pregou a segunda Cruzada, destacando-se no combate àqueles que eram considerados hereges por ousarem interpretar de modos plurais a ortodoxia católica. A frase foi brandida, não apenas contra seus desafetos, mas também a seus aliados, e tornou-se proverbial para denunciar que as boas intenções, além de não serem suficientes, podem levar a fins contrários aos esperados.
Deixo a vida para entrar na história
A celebridade desta frase deve-se à carta-testemunha do presidente Getúlio Vargas, assinada momentos antes de suicidar-se, na madrugada de 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Um padre ainda o encontrou consciente e de olhos abertos. Antes de ocupar a Presidência da República por quase 20 anos, ele foi governador do Rio Grande do Sul, seu Estado natal. Um dos maiores estadistas brasileiros, foi sob seu governo que ocorreu a maior industrialização do Brasil. Logo depois de deposto a primeira vez, em 1945, candidatou-se a senador, conseguindo 17 por cento dos votos, recorde jamais alcançado por qualquer outro. No segundo mandato, cumpriu a frase profética.
Deus me defenda dos amigos, que dos inimigos me defendo eu
Frase atribuída ao escritor e filósofo francês Voltaire, pseudônimo de François Marie Arquet. Teve desempenho brilhante nas célebres polêmicas do Século das Luzes, com suas idéias claras, temperadas por cáustica ironia, arma verbal que lhe rendeu muitos inimigos entre os obscurantistas, sendo obrigado a retirar-se de Paris após a publicação do seu livro Cartas filosóficas, em 1734. Foi, porém, apoiado e acolhido pela escritora Madame de Châtelet (1706-1749), sua inspiradora e amiga, da qual Deus não precisou defendê-lo.
Dinheiro não tem cheiro
A frase original foi pronunciada em latim, pelo imperador Vespasiano (9-79), cujo filho, Tito, estava inconformado com o novo imposto baixado pelo pai, que, para melhorar as finanças da antiga Roma, taxara os mictórios públicos. Logo nas primeiras arrecadações, Vespasiano tomou uma das moedas recolhidas nas privadas imperiais e pediu que o filho a cheirasse, dizendo: non olet, isto é, não tem cheiro. Vespasiano fez boa administração, recuperou a economia do império e entre seus feitos está também a construção do Coliseu. Mas, como todo administrador austero, incompatibilizou-se com os meios senatoriais.
Dize-me o que comes e eu te direi quem és
Variação do preceito evangélico "dize-me com quem andas e eu te direi quem és", esta frase famosa está presente em A filosofia do gosto, livro clássico do célebre gastrônomo Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826) e faz parte dos 20 aforismos ali reunidos, os mandamentos de quem quer comer bem. Bom gourmet e bom gourmand, esse francês notabilizou-se por suas célebres tiradas a respeito do ato de comer. Entre outras prescrições, recomendou aos cozinheiros e aos visitantes a pontualidade e escreveu que convidar alguém para comer em nossa casa equivale a encarregar-se de sua felicidade. Sempre com verve, proclamou que mais vale para o gênero humano a invenção de um novo prato do que o descobrimento de um novo astro.
Dizer as coisas em alto e bom som
Esta frase nasceu das dificuldades de comunicação em sociedade, principalmente no trabalho, nas lides e em conversas de rua. Não se sabe quem a inventou, com o fim de deixar muito claro o que dizia, mas há um bom exemplo recolhido do célebre escritor, jornalista, orador, político e jurisconsulto brasileiro Rui Barbosa de Oliveira (1849-1923). Foi também vice-presidente da República e teve uma desastrada atuação como ministro da Fazenda. Redigiu nossa primeira constituição republicana, a de 1891. Esta frase está presente em célebre conferência que fez sobre o dever da imprensa de dizer a verdade em alto e bom som.
Dois bicudos não se beijam
Ao contrário do que se possa parecer, o vocábulo não se aplica às aves, mas aos homens. Antigamente eram chamados de bicudo tanto estiletes compridos e armas pontudas, como certos valentões que, nas bodegas, festas e ajuntamentos diversos, patrocinavam arruaças. Indivíduos de pouca conversa e gestos grosseiros, brigavam por qualquer coisa. O brasileiro, tido por cordial e afável no trato entre colegas e amigos, sempre se caracterizou por abraços, afagos, beijos e outras efusivas demonstrações de carinho. Daí o contraste de dois bicudos que não se beijam, de que são exemplo célebres parcerias impossíveis como certos presidentes e vice-presidentes do Brasil, entre os quais Jânio Quadros e João Goulart. O primeiro mandou o outro para a Cochinchina – oficialmente, seria a China, mas conhecendo as intenções ocultas de Jânio, sabemos que ele queria o vice ainda mais longe – e renunciou para ver que bicho dava. Deu o maior bode, como a História mostrou, resultando, por fim, na deposição do presidente que os militares não queriam empossar.
Dourar a pílula
Esta frase tem o significado de se apresentar algo difícil ou desagradável como coisa fácil de aceitar. Nasceu de conhecida prática das farmácias antigas, que consistia em embrulhar pílulas em finos papéis, com o fim de preparar psicologicamente o cliente para engolir um remédio de gosto amargo. Do sentido literal, passou a metáfora e logo recebeu aplicação literário, estando um de seus mais antigos registros na peça Anfitrião, de Jean Baptiste Poquelin Molière (1622-1673), em que Sósia, na última cena do terceiro ato, diz: "o senhor Júpiter sabe dourar a pílula". Dourar a pílula é ainda hoje tática sutil de persuadir renitentes, quando se procura destacar os aspectos positivos de algo desfavorável.
Fonte:
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=curiosidades/docs/vempalavras1
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