MUSAS
anos a fio dando ouvidos
a deuses muito discretos
amigas, amigos, amiguinhos
se sou mero objeto de meus afetos
quem é aquilo sozinho que vai
tropeçando em meus versinhos?
Ó, CÉUS
nenhum pio
nada de nuvens
não há azul
ó, céus!, que são tantos,
que cada um tem o seu
e ainda tem quem não veja
quando a gente cai do céu
BURACO NEGRO
de tudo
que mais amo
eu tiro o som
falo o que cala fundo
para que o poema,
buraco negro,
diga o que eu sou
por mais absurdo
só sobra cinema mudo
daquilo que eu acho bom
O ÚLTIMO PASTELÃO
você perdeu meu antigo prazer simples
a diversão tola dos troços aéreos que falava
de ver a graça pura das velhas boas trapalhadas
de sentar pra rir daqueles meus bobos tropeços
agora falando sério
pensando bem/ ninguém perdeu nada
ORAÇÃO A SÃO NUNCA
dei duro e eros me abriu seu coração
não preciso nem de boca pra baço me estender o garrafão
marte me deu uma mão
mamom perguntou quanto era e puxou o talão
um belo dia tive de dizer não
mas ainda amo essa humanidade marrom
fiel a eros, baco, marte e mamom
RADICAL LIVRE
morri de vivo
porque menos mal assim
mas antes de tudo
meu estúpido estudo
sobre o valor nutritivo
da raiz do capim
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anos a fio dando ouvidos
a deuses muito discretos
amigas, amigos, amiguinhos
se sou mero objeto de meus afetos
quem é aquilo sozinho que vai
tropeçando em meus versinhos?
Ó, CÉUS
nenhum pio
nada de nuvens
não há azul
ó, céus!, que são tantos,
que cada um tem o seu
e ainda tem quem não veja
quando a gente cai do céu
BURACO NEGRO
de tudo
que mais amo
eu tiro o som
falo o que cala fundo
para que o poema,
buraco negro,
diga o que eu sou
por mais absurdo
só sobra cinema mudo
daquilo que eu acho bom
O ÚLTIMO PASTELÃO
você perdeu meu antigo prazer simples
a diversão tola dos troços aéreos que falava
de ver a graça pura das velhas boas trapalhadas
de sentar pra rir daqueles meus bobos tropeços
agora falando sério
pensando bem/ ninguém perdeu nada
ORAÇÃO A SÃO NUNCA
dei duro e eros me abriu seu coração
não preciso nem de boca pra baço me estender o garrafão
marte me deu uma mão
mamom perguntou quanto era e puxou o talão
um belo dia tive de dizer não
mas ainda amo essa humanidade marrom
fiel a eros, baco, marte e mamom
RADICAL LIVRE
morri de vivo
porque menos mal assim
mas antes de tudo
meu estúpido estudo
sobre o valor nutritivo
da raiz do capim
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Fonte:
DEMARCHI, Ademir (seleção). Passagens: Antologia de poetas contemporâneos do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2002. (Col. Brasil Diferente)
DEMARCHI, Ademir (seleção). Passagens: Antologia de poetas contemporâneos do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial do Paraná, 2002. (Col. Brasil Diferente)
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