sexta-feira, 15 de abril de 2011

Roberto Pinheiro Acruche (Meus Poemas Nº 11)


SONHOS NAUFRAGADOS

Um peixinho prisioneiro
fora do seu hábitat
sofre no cativeiro
olhando as águas do mar.

Vendo a sua sombra
em outro plano a nadar
imagina não estar só
preso naquele lugar.

Ao vê-lo assim, imagino,
para onde irão levá-lo
e quantos sonhos ficaram
lá no fundo do mar.

Assim vive tanta gente
pelo mundo a lamentar
em aparente liberdade,
prisioneira... e na verdade,
sem o direito de sonhar!

A PRIMEIRA VISTA

Quando a vi, pela primeira vez,
os meus olhos traduziram: é ela...
Não havia mais dúvidas... nem talvez...
Apaixonei-me pelo seu encanto,
pelo porte, pela alegria que irradiava.

Foi o amor que deflagrou, como um raio
que se arroja durante a tempestade;
invadindo-me o peito,
se alojando no coração.

Procurei viver esse amor... e vivi!
Nele encontrei a explosão da felicidade.
Era como ver toda a beleza do universo
ao mesmo tempo; sonhar o sonhos mais lindos,
descobrir todos os mistérios da magia,
mergulhar num mar de flores,
de poesias e fascinação.

Agora, tudo está acabado,
estou pagando os meus pecados
e o que detona dentro do peito,
é a saudade!

INDAGAÇÕES

Por que chora em meus braços
perdida nos abraços
quando mais intenso
é o nosso enlace?

Por que esta lágrima sentida,
sofrida, que encharca o seu rosto
precisamente no momento
que o prazer atinge e
invade todo o seu ser?

Por que arrasta o lençol
se cobrindo parcialmente
e anda para disfarçadamente
continuar a enxugar
as lágrimas incontidas?

De maneira dissimulada
esboçando um sorriso,
volta a me abraçar
e responde: Nada não, bobagem!

IPÊ AMARELO

Postado na janela
da casinha onde morava,
de longe eu olhava
para uma árvore seca,
morta, entre tantas outras
de folhagem espessa e exuberante.
Admirava cada uma daquelas
com seus contornos e ramagem multiverde
que instituíam um quadro fascinante,
primorosamente desenhado pela natureza...
E apiedava daquela cujo tronco,
aparentemente infecundo
e galhada totalmente desfolhada,
feia, desfigurada,
que certamente seria cortada,
em lenha transformada,
para alimentar o forno de alguma bolandeira.
Outro dia,
quando voltava à vista para a mesma direção,
um novo visual me chamou a atenção;
deparei-me com uma aquarela;
e aquela árvore de galhada seca, estava florida,
unicolorida, totalmente amarela...
Encantadoramente bela!
Os meus olhos em princípio,
diante da admiração,
ficaram nela fixados;
depois buscavam em todas as direções
algo que pudesse ser comparado
com tamanha perfeição.
O seu brilho parecia reluzir
como se fosse ela
uma estrela entre as outras espécies.
A sua cor destacava-se,
a beleza refletida era tão fascinante e divina,
que por bucólica sina
acreditei, entre os devaneios meus,
estar assistindo mais do que uma obra prima da natureza;
e que ali, só poderia estar repousando,
a sublime luz de Deus!

Fonte:
Colaboração do Autor

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