terça-feira, 12 de abril de 2011

A. A. de Assis (Canto do Amanhã)

Pintura de Edgar Osterroht
(trecho da Avenida Brasil no
Maringá Velho na década de 50)

Escuta, meu irmão que estás distante,
esse sussurro universal de homens e mulheres
de todas as raças,
misturando sotaques, tradições,
suor, amor, coragem,
sangue e fé.

Escuta o ronco do serrote,
a bofetada do machado,
o chiado da foice e a percussão da enxada.

Escuta o ruído de botas esmagando espinhos,
a leve sinfonia de mãos que espalham sementes,
o poema de outras mãos abanando o café.

Escuta os aviões que se entrecruzam no azul,
caminhões e jipes trotando na trilha dos carreadores,
tratores que tombam, mexem, remexem a terra.

Escuta essa algazarra de operários
montando fábricas,
multiplicando casas,
machucando as nuvens com seus ousados arranha-céus.

Escuta a voz da estrada:
- eixo delirante que gira, gira, gira,
impulsionado por milhões de alavancas
que se sustentam na força do chão,
na fibra dos homens,
no empolgante otimismo das crianças
nascidas sob o signo das coisas verdes,
no meio de uma festa de esperança.

Escuta, meu irmão, que tudo isso
é o canto enorme do meu Paraná,
alegre e jovem, construindo
os alicerces do amanhã!

Fonte:
A. A. de Assis. Vida, verso e prosa. Maringá: EDUEM, 2010
.
Imagem obtida no Diário de Maringá.

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