Pintura de Edgar Osterroht
(trecho da Avenida Brasil no
Maringá Velho na década de 50)
Escuta, meu irmão que estás distante,
esse sussurro universal de homens e mulheres
de todas as raças,
misturando sotaques, tradições,
suor, amor, coragem,
sangue e fé.
Escuta o ronco do serrote,
a bofetada do machado,
o chiado da foice e a percussão da enxada.
Escuta o ruído de botas esmagando espinhos,
a leve sinfonia de mãos que espalham sementes,
o poema de outras mãos abanando o café.
Escuta os aviões que se entrecruzam no azul,
caminhões e jipes trotando na trilha dos carreadores,
tratores que tombam, mexem, remexem a terra.
Escuta essa algazarra de operários
montando fábricas,
multiplicando casas,
machucando as nuvens com seus ousados arranha-céus.
Escuta a voz da estrada:
- eixo delirante que gira, gira, gira,
impulsionado por milhões de alavancas
que se sustentam na força do chão,
na fibra dos homens,
no empolgante otimismo das crianças
nascidas sob o signo das coisas verdes,
no meio de uma festa de esperança.
Escuta, meu irmão, que tudo isso
é o canto enorme do meu Paraná,
alegre e jovem, construindo
os alicerces do amanhã!
Fonte:
A. A. de Assis. Vida, verso e prosa. Maringá: EDUEM, 2010.
Imagem obtida no Diário de Maringá.
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