Um macaco e um coelho fizeram a combinação de um matar as borboletas e outro matar as cobras. Logo depois o coelho dormiu. O macaco veio e puxou--lhe as orelhas.
— Que é isso? — gritou o coelho, acordando dum pulo.
O macaco deu uma risada.
— Ah, ah! Pensei que fossem duas borboletas...
O coelho danou com a brincadeira e disse lá consigo: "Espere que te curo."
Logo depois o macaco se sentou numa pedra para comer uma banana. O coelho veio por trás, com um pau, e lept! — pregou-lhe uma grande paulada no rabo.
O macaco deu um berro, pulando para cima duma árvore, a gemer.
— Desculpe, amigo — disse lá debaixo o coelho. — Vi aquele rabo torcidinho em cima da pedra e pensei que fosse cobra.
Foi desde aí que o coelho, de medo do macaco vingar-se, passou a morar em buracos.
===============
— Bravos! — exclamou Emília. — Gostei da historinha. Vale por todas as outras que tia Nastácia contou. Está bem engraçada. Viva o coelho!
— E também nesta o macaco sai levando na cabeça — observou Narizinho. — O coelho, que é um coitado, mostrou-se mais inteligente.
— Por que mais inteligente? — contestou o menino. — Mostrou-se, sim, mais mau, porque o macaco apenas lhe puxou as orelhas e ele moeu o rabo do macaco.
— A inteligência do coelho veio depois — disse Narizinho — quando tratou de morar em buraco para livrar-se da vingança do macaco.
— Pois é — observou Emília. — Apesar da sua fama de inteligente e esperto, e de avô do homem, o macaco, pelo menos nas histórias, nem sempre fica de cima.
— Vocês precisam ler — disse dona Benta — as histórias de macacos que Rudyard Kipling conta naquele livro de Mowgli, o Menino Lobo. Esses macacos de Kipling são os Bandarlogs, nome de certos macacos da Índia. Os outros animais os desprezam, por causa da sua leviandade, da sua falta de seriedade, das suas molecagens. São uns perfeitos louquinhos, os macacos.
— Até parecem homens — disse Emília, que fazia muito pouco caso nos homens.
— Macaco é bobo — disse tia Nastácia — mas às vezes acerta a mão e sai ganhando — como aquele que logrou a onça.
— Conte, conte, pediram os meninos.
–––––––––––––
Continua… XXIII – O Macaco e o Aluá
–––––––––––––-
Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source
— Que é isso? — gritou o coelho, acordando dum pulo.
O macaco deu uma risada.
— Ah, ah! Pensei que fossem duas borboletas...
O coelho danou com a brincadeira e disse lá consigo: "Espere que te curo."
Logo depois o macaco se sentou numa pedra para comer uma banana. O coelho veio por trás, com um pau, e lept! — pregou-lhe uma grande paulada no rabo.
O macaco deu um berro, pulando para cima duma árvore, a gemer.
— Desculpe, amigo — disse lá debaixo o coelho. — Vi aquele rabo torcidinho em cima da pedra e pensei que fosse cobra.
Foi desde aí que o coelho, de medo do macaco vingar-se, passou a morar em buracos.
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— Bravos! — exclamou Emília. — Gostei da historinha. Vale por todas as outras que tia Nastácia contou. Está bem engraçada. Viva o coelho!
— E também nesta o macaco sai levando na cabeça — observou Narizinho. — O coelho, que é um coitado, mostrou-se mais inteligente.
— Por que mais inteligente? — contestou o menino. — Mostrou-se, sim, mais mau, porque o macaco apenas lhe puxou as orelhas e ele moeu o rabo do macaco.
— A inteligência do coelho veio depois — disse Narizinho — quando tratou de morar em buraco para livrar-se da vingança do macaco.
— Pois é — observou Emília. — Apesar da sua fama de inteligente e esperto, e de avô do homem, o macaco, pelo menos nas histórias, nem sempre fica de cima.
— Vocês precisam ler — disse dona Benta — as histórias de macacos que Rudyard Kipling conta naquele livro de Mowgli, o Menino Lobo. Esses macacos de Kipling são os Bandarlogs, nome de certos macacos da Índia. Os outros animais os desprezam, por causa da sua leviandade, da sua falta de seriedade, das suas molecagens. São uns perfeitos louquinhos, os macacos.
— Até parecem homens — disse Emília, que fazia muito pouco caso nos homens.
— Macaco é bobo — disse tia Nastácia — mas às vezes acerta a mão e sai ganhando — como aquele que logrou a onça.
— Conte, conte, pediram os meninos.
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Continua… XXIII – O Macaco e o Aluá
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source
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