Podes dar tratos a imaginação
e conceberes o que se afigura
a ti mesma, um absurdo, uma loucura,
coisa além dos sentidos, da razão.
Podes imaginar uma aventura
a mais estranha, sem ter céu nem chão,
e o que de mais ousado na Criatura
cheque às raias da tua concepção.
Podes tudo pensar, tudo criares
em histórias e cantos singulares,
o que o sonho não pode e a alma não deve,
e ainda assim, hás de ver que não és louco,
que tudo o que pensaste é nada e é pouco
ante o que a própria Vida vive e escreve!
Fonte:
JORGE, J.G. de Araújo. Cantiga do Só. 2. ed. 1968.
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