domingo, 3 de fevereiro de 2013

Amélia Luz (Crônica: Catatau)


Amélia é de Pirapetinga/MG
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(Para Paulo Leminski)

A noite era pequena para os seus sonhos eletrizantes. Caía a madrugada e ele perdido entre letras e metáforas trabalhava no seu ofício com servidão. Às vezes ele parecia calmo, outras ele parecia agitado e inquieto no seu processo de criação. Gênio, não se cansava nunca! Dedilhava com entusiasmo e arte o velho violão, companheiro fiel da sua solidão de poeta.

A palavra era a sua lâmina sangrando veias de onde escorriam mananciais de versos conferidos de polêmicas vitórias.

Sua existência não foi vã, embora incompreensível, vazou a lápide no canto imortal, cristal transparente, além da tumba...

- “Catatau”, saia debaixo do braço do autor, chegue mais perto, chegue... Permita-nos entendê-lo na sua complexidade léxica! 

Peleja criativo o poeta no seu verso universal buliçoso e alvissareiro na “Metamorfose” da vida que o fez assim, célebre escritor!

Sinaleiro de uma geração sem rumo seguiu trafegando nas veredas da contramão, ditador de um tempo, persistente que era nas suas certezas...

Vestimos hoje o colorido alegre das suas idéias (in)questionáveis.

Somos uns bandos de inocentes galopando irreverentes em suas trilhas, multiplicadores das suas verdades, sucedâneos vigilantes da sua memória. 

Sem gravatas e honrosas pompas lambuzamos nossas mãos na matéria prima que para nós deixou argila fresca com a qual construímos silêncios, vozes e manifestos transbordados em copos de essências puras.

Embebedamos a nossa consciência numa eterna alvorada, “Sintonia para pressa e presságio”.

Dos seus lábios não há mudez de morte. Há um grito poderoso a ecoar levando-nos a velar sempre pela preciosa obra literária que herdamos das suas mãos de mestre.

“Paulo, tu és pedra” Paulo,
filosofal, literária ou poética,
“sobre ti edificaremos”
nosso castelo de sabedoria... 

Fonte:
A Autora

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