(id: MCCIII)
Os Doze Pares de França, O Pavão Misterioso, Juvenal e o Dragão, Donzela Teodora, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, Roberto do Diabo, Côco Verde e Melancia, João de Calais, O Cachorro dos Mortos, A Chegada de Lampião no Inferno, Viagem a São Saruê… São livros do povo (alicerçado no pensamento do mestre Luís da Câmara Cascudo e deste poeta cordelista). Fontes da Poesia Popular do Nordeste do Brasil. Quintessências da Literatura de Cordel.
Origens do Cordel
Cordel: vem de corda, cordão, cordial, toca o coração.
Os folhetos eram expostos em cordões, lençóis, esteiras, nas feiras, praças, portas das igrejas, bancas e nos mercados. Literatura de cordel, poesia de cordel, romance, folheto(s), arrecifes, abcs, "folhas volantes" ou "folhas soltas", "littèrature de colportage", "cocks" ou "catchpennies", "broadsiddes", "hojas" e "corridos"…
São nomes que a poesia popular recebeu ao longo do tempo, na Europa e nos países latino-americanos.
No Brasil, o termo cordel se consagrou como sinônimo de poesia popular. O cordel apresenta-se em narrativas tradicionais e fatos circunstanciais, em folhetos de época ou "acontecidos".
As origens da literatura de cordel estão na Europa Medieval. Tem suas bases na França (Provença), do século XI e posteriormente na Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra. Chegou ao Brasil Colônia com os portugueses, depois incorporou a poética nativa do índio, a criatividade e o ritmo da poesia do negro e dos vaqueiros e tropeiros (o aboio).Tornou-se um ritmo sertanejo-tropical, integrando-se a outros ritmos como o baião, o xote, o xaxado e o forró. Ganhou uma característica especial com o advento da xilogravura, na ilustração das capas de milhares de folhetos.
Polêmica e complexidade dos ciclos temáticos.
Os principais temas e ciclos do cordel (minha classificação) abordam vários assuntos: abcs; religiosidade; costumes; romances; história; heroísmo (façanhas); cavalaria (vaqueiros, bois, cavaleiros, tropeiros); valores, moral e ética; atualidades; circunstâncias; fatos e acontecidos; sociais e noticiosos, louvações; fantasias(fantástico, maravilhoso); profecias, apocalipse e fim do mundo; biografias e personalidades; poder, estado e governo; política e corrupção; exemplos; intempéries e fenômenos da natureza (secas, inundações, maremotos, terremotos etc); crimes; coronelismo; cangaço, valentia, banditismo e jagunçagem (Lampião, Maria Bonita, Antônio Silvino, Corisco e Dadá, Sinhô Pereira, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira); Padre Cícero (O Santo do Juazeiro); Frei Damião; Getúlio Vargas (Estado Novo, conquistas trabalhistas); Antônio Conselheiro (Canudos); Coluna Prestes e Revoltosos; Juscelino Kubitschek (construção de Brasília); Lula; televisão e cinema; ciência e tecnologia; Internet; crítica e sátira; humor, obscenidade, putaria e sacanagem (pornocordel); terrorismo (atentados) e guerras; modernidade e contemporaneidade; desafios, cantorias e pelejas, entre outros menos conhecidos e ainda não catalogados etc.
Classificação dos ciclos temáticos do cordel, por Ariano Suassuna:
1) "Ciclo heróico, trágico e épico;
2) Ciclo do fantástico e do maravilhoso;
3) Ciclo religioso e de moralidades;
4) Ciclo cômico, satírico e picaresco;
5) Ciclo histórico e circunstancial;
6) Ciclo de amor e de fidelidade;
7) Ciclo erótico e obsceno;
8) Ciclo político e social;
9) Ciclo de pelejas e desafios."
Mitologia e Trovadorismo…
A Literatura de Cordel, mais que centenária no Brasil (ultrapassou cem mil títulos publicados, segundo Joseph Luyten), tem suas origens ocidentais e pré-medievais, no universo poético de Provença, França, com os trovadores albigens (com destaque para Arnaud Daniel, Bertran de Born, Guiraut de Bornelh e Rimbaud Daurenga).
Entre os trovadores portugueses, precursores da Literatura de Cordel e do Repente, vêm-me à memória Martim Soares e Paio Soares de Taiverós, além dos célebres reis-trovadores Dom Diniz e Dom Duarte. As influências sobre o cordel e a poesia popular contemporânea são multidiversas: desde a poesia mesopotâmica árabe-fenício-semítica, mediterrânea, hindu e persa, à poética egípcio - caldaica – hebréia – greco - latina e afro - indígena…
Não se pode esquecer a influência bíblica (Salmos de Davi, Provérbios de Salomão, Cântico dos Cânticos, Apocalipse), do Lunário Perpétuo, enciclopédias, dicionários, almanaques, dos grandes livros religiosos e belos cânticos de todos os tempos, presentes nas diversas civilizações ao longo do processo histórico.
Os chineses e indianos devem ter tido significativa influência nas origens e desenvolvimento da poesia popular, por sua antigüidade e por tantos escritos primordiais como os Vedas, Gita, Upanishads, Mahabarata, Ramayana, I Ching, o Zen e o Tão – Te - King, via Confúcio, Lao-Tse, Buda, Krishna, Rama e outros sábios do velho e mágico Oriente, tão incompreendido pela cultura ocidental.
A Poesia de Cordel demonstra a sua força e pujança na expressão ibero-lusitana - afro - brasilíndia e galego - castelã… Sem esquecer da verve provençal e italiana (latina). Os romanos com suas epopéias fecundaram a semente da poesia ocidental, herdada dos gregos, etruscos, celtas, gauleses, bretões, normandos, nórdicos e dos povos bárbaros da antiga Europa, Ásia e África.
Foi nesse espaço mitológico que surgiu a poética mágica de Dante e a verve inventiva do mestre Leonardo da Vinci e dos grandes artistas italianos. Entretanto, foi na Espanha de Quevedo e Cervantes (Quixote) e em Portugal de Pessoa, Camões e Gil Vicente, que o cordel ganhou feição popular e postura lítero-poética.
É na poesia cavalheiresca e trovadoresca que o cordel se inspira e alimenta-se de forma histórica, principalmente a partir dos Doze Pares da França (que retrata os tempos do Imperador Carlos Magno), das gestas e epopéias, dos bardos, apodos, Templários, da Távola Redonda do Rei Arthur, de El Cid, O Campeador, dos cavaleiros e cruzadas e da obra monumental de Camões e Cervantes, ambos influenciados por Dante Alighieri e por toda a tradição popular da oralidade greco-latina-ibero-lusitana.
Os trovadores foram os principais precursores e alicerces para a futura Literatura de Cordel nos países de língua portuguesa, principalmente no Nordeste do Brasil, a partir de Salvador-Bahia, dos portos marítimos e do Rio São Francisco, até chegar em Campina Grande, Caruaru e Juazeiro do Norte, onde criou raízes e imortalizou-se na verve dos poetas cordelistas e cantadores repentistas.
Não se pode esquecer o papel do boi (ciclo do gado), dos bandeirantes, dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, do negro (batuque, orixás, terreiros, candomblé), dos índios, caboclos, mamelucos, cafusos, mulatos, garimpeiros, aventureiros, lavradores, vaqueiros e tropeiros: disseminadores de costumes, falas e dialetos pelo vasto Sertão, da poesia regional e universal. Os poetas cantam a sua aldeia e desencantam os uni.versos.
A Literatura de Cordel foi enriquecida pela criatividade e maestria de Gil Vicente, Camões, Rabelais, Gregório de Matos, Bocaje, Castro Alves, Gonçalves Dias, Cervantes, José de Alencar, Tobias Barreto, Catulo da Paixão Cearense, Juvenal Galeno, Ascenso Ferreira, além da contribuição incomensurável dos trovadores provençais e do romanceiro medieval.
Pesquisa, influências e confluências…
O cordel ganhou o mundo por meio do estudo, pesquisa e divulgação de mestres, leitores, amantes e pesquisadores da cultura popular, nomes como:
Luís da Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr, Ariano Suassuna, Rodrigues de Carvalho, Gustavo Barroso, Átila de Almeida, José Alves Sobrinho, Manoel Florentino Duarte, Rogaciano Leite, Jorge Amado, Glauber Rocha (pai do Cinema Novo), João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina), Rachel de Queiroz (O Quinze), José Américo de Almeida (A Bagaceira), José Lins do Rego (Fogo Morto), Graciliano Ramos (Vidas Secas), Mário de Andrade (Macunaíma), Sebastião Nunes Batista, Veríssimo de Melo, Sílvio Romero, Tobias Barreto, Vicente Salles, Alceu Maynard, Cavalcanti Proença, Roberto Benjamin, Carlos Alberto Azevedo, Hernâni Donato, Liêdo Maranhão de Souza, Téo Azevedo, Orígenes Lessa, Mário Lago, Américo Pellegrini Filho, Jerusa Pires Ferreira, Sebastião Vila Nova, Ruth Brito Lemos, Gilmar de Carvalho, Raymond Cantel, Joseph Luyten, Mark Curran, Paul Zumthor, Candace Slater, Ria Lemaire, Silvie Raynal, Silvie Debs, Martine Kunz, Ronald Daus, Silvano Peloso, Zé Ramalho, Soares Feitosa (Jornal de Poesia), Ribamar Lopes, José Erivan Bezerra de Oliveira, Fausto Neto, Teófilo Braga, J. de Figueiredo Filho, Eduardo Diatahy de Menzes, Francisca Neuma Fechine Borges, Antônio Augusto Arantes, Ruth Brito, Maria de Fátima Coutinho, Rodrigo Apolinário (Cordel Campina), Maria Edileuza Borges, Alda Maria Siqueira Campos, Alícia Mitika Koshiyama, Maristela Barbosa de Mendonça, Mª José F. Londres, Patrícia Araújo, Doralice Alves de Queiroz, Esmeralda Batista, Viviane de Melo Resende, Márcia Abreu, Assis Ângelo, A. M Galvão, V. M Resende, Shirlley Guerra, Maria Julita Nunes e tantos outros destaques do mundo culturaliterário.
Renomados criadores das artes e da literatura brasileira foram influenciados pelo cordel. Saliento os principais que me recordo: Ariano Suassuna, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Cora Coralina, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Freire, José Nêumane Pinto e tantos outros criadores significativos.
Na música, além de Villa-Lobos, a presença do cordel é marcante em Luiz Gonzaga, Elomar, Zé Ramalho, Raul Seixas, Antônio Nóbrega, Quinteto Violado, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ednardo, Xangai, Fagner, Elba Ramalho, Belchior, Caçulinha, Mário Zan, Zeca Baleiro, Lenine, Chico Science, Chico César, Amelhinha, Juraíldes da Luz, Chico Buarque, Geraldo Vandré, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Jorge Mautner, Tom Zé, Dominguinhos, Oswaldinho, Clodo, Climério e Clésio (Os Irmãos Ferreira do São Piauí e de Brasília), Sivuca, Zé Gonzaga, Marinês, Hemeto Paschoal, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Ary Barroso, Vital Farias, Genival Lacerda, Diana Pequeno, Roberto Correia, Nando Cordel, Cordel do Fogo Encantado, Caju e Castanha, Cegas de Campina Grande, Jorge Antunes, Anand Rao, Argemiro Neto, Genésio Tocantins, Paulinho Pedra Azul, Beirão, Waldonys, Robertinho do Acordeon, Zé Calixto, Arlindo dos Oito Baixos, Gérson Filho, Pedro Sertanejo, Furinchu, Chiquinho do Acordeon, Torquato Neto, Capinan, Pessoal do Ceará, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Maria Betânia, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, João Gilberto e Caetano Veloso. Só para lembrar alguns nomes expressivos. A lista é quilométrica.
Mitos e precursores
Convém ressaltar figuras de destaque, mistura de cordelistas e cantadores como o lendário "Zé Limeira", fabuloso e fantástico Poeta do Absurdo, de Orlando Tejo e o inesquecível mestre Patativa do Assaré, da Triste Partida e tantas chegadas… Há ainda os semeadores Ugolino de Sabugi (primeiro cantador que se conhece), Nicandro Nunes da Costa, Silvino Pirauá, Germano da Lagoa, Romano da Mãe D´Água, Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Zé da Luz, Fabião das Queimadas, Zé de Duquinha, Caraíba de Irecê, Otacílio e Lourival Batista, Ivanido Vilanova, Pinto do Monteiro, Pedro Bandeira, Raimundo Santa Helena, Oliveira de Panelas, Azulão, Rodolfo Coelho Cavalcante, Franklin Machado Nordestino e Cuíca de Santo Amaro. São símbolos que me vem de repente à memória.
Não posso esquecer de figuras mí(s)ticas do universo sertânico do cordel: Lampião, Maria Bonita, Corisco, Antônio Silvino, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira, Sinhô Pereira, Antônio das Mortes, os dragões da maldade, os santos guerreiros, beatos, jagunços, coronéis, cabras da peste, personagens glauberianos e cinematográficos…
Presença no Brasil: do sertão às grandes cidades
No Brasil, o cordel ganhou estatura poética na Região Nordeste do Brasil, pelas bandas do Polígono das Secas, Vale do São Francisco, Sertão do Cariri, dos Inhamuns, do Pajeú, Serra de Santana, Serra da Laranjeira, a mítica Serra do Teixeira (Olimpo da Poesia), Campina Grande (Capital do Cordel), João Pessoa, Vales do Jaguaribe, Parnaíba, Gurguéia; Chapada Diamantina, Chapada do Apodi, Serra da Borborema, Chapada do Corisco, Caruaru, Juazeiro do Norte, Crato, Crateús, Limoeiro, Recife/Olinda, Fortaleza, Salvador, Ibititá, Recife dos Cardosos, Lapão, Rochedo, Ibipeba, Canarana, Taguatinga, Águas Claras, Serra Talhada, Quixadá, Qixeramobim, Cabrobó, São José do Egito, Patos, Piancó, Umbuzeiro, Penedo, Aracaju, Oeiras, Picos, Imperatriz, Pedreiras, Catolé do Rocha, Monteiro, Sumé, Serra Branca, Bezerros, Surubim, Mossoró, Caicó, Aracati, Paulo Afonso, Feira de Santana, Juazeiro, Petrolina, Teixeira, Irecê/Jacobina, Barra, Morro do Chapéu, Bom Jesus da Lapa, Senhor do Bonfim, Uauá, Chorrochó, Maceió, Natal, São Luís, Cachoeira dos Índios, Terezina, Parnaíba, Belém, Ilhéus, Itabuna, Canindé, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Ingazeira, Quebrângulo, Santarém, Ipirá, Irará, Canudos, Monte Santo, Sertânia, Jequié, Vitória da Conquista, Ibititá, Canarana, Lapão, Recife dos Cardosos, Pirapora, Anápolis, Montes Claros, Rio, São Paulo, Campinas, Diadema, Brasília / Ceilândia / Taguatinga / Gama e pela vastidão das metrópoles, dos campos, fazendas, roças, lugarejos, povoados, arraiais, arrabaldes, vilas, vielas, pés de serra e cidadelas da caatinga e do agreste.
Francisco Chagas Batista publicou um folheto, no ano de 1902, em Campina Grande, que está catalogado na Casa de Rui Barbosa - no Rio de Janeiro. É registrado como o primeiro folheto de cordel brasileiro publicado. Muito outros anteriores, se perderam na poeira do tempo.
Por muitos desses caminhos andaram e foram lidos poemas dos vates - poetas fenomenais: O condoreiro Antônio Frederico de Castro Alves (uma espécie de precursor do cordel erudito e do improviso), Silvino Pirauá de Lima (o introdutor do folheto de cordel no Brasil, segundo Luís da Câmara Cascudo), Agostinho Nunes da Costa (um dos pais da poesia popular no Nordeste), Leandro Gomes de Barros (um dos principais cordelistas de todos os tempos, pioneiro-mor, publicou centenas de folhetos), Ugolino de Sabugi (primeiro cantador), Francisco Chagas Batista, Nicandro Nunes da Costa), Germano da Lagoa, Romano de Mãe D´Água, Manoel Caetano, Manoel Cabeleira, Diniz Vitorino, João Benedito, José Duda, Antônio da Cruz, Joaquim Sem Fim, Manuel Vieira do Paraíso, Romano Elias da Paz, Manoel Tomás de Assis, José Adão Filho, Lindolfo Mesquita, Arinos de Belém, Antônio Apolinário de Souza, Laurindo Gomes Maciel, Rodolfo Coelho Cavalcante, Francisco Sales Areda, Manoel Camilo dos Santos, Minelvino Francisco da Silva, Caetano Cosme da Silva, Expedito Sebastião da Silva, João Melquíades Ferreira da Silva, José Camelo de Rezende, Joaquim Batista de Sena, Gonçalo Ferreira da Silva, Teodoro Ferraz da Câmara, José Albano, João Ferreira de Lima, José Pacheco, Severino Gonçalves de Oliveira, Galdino Silva, João de Cristo Rei, Zé Mariano, Antônio Batista, José Alves Sobrinho, Manuel Pereira Sobrinho, Antônio Eugênio da Silva, Severino Ferreira, Augusto Laurindo Alves (Cotinguiba), Moisés Matias de Moura, Pacífico Pacato Cordeiro Manso, José Bernardo da Silva, Cuíca de Santo Amaro, João Martins de Athaide, Apolônio Alves dos Santos, José Costa Leite, Antônio Teodoro dos Santos, José Cavalcante Ferreira (Dila), Francisco Gustavo de Castro Dourado, Manoel Monteiro, Abraão Batista, J.Borges, Zé da Luz, Arievaldo e Klévisson Viana, Zé Soares, Zé Pacheco, João Lucas Evangelista, Amargedom, Joao de Barros, Zé de Duquinha, Carolino Leobas, Elias Carvalho, Zé Maria de Fortaleza, Audifax Rios, Adalto Alcântara Monteiro, Cunha Neto, Francisco Queiroz, Ary Fausto Maia, Toni de Lima, Bráulio Tavares, Téo Azevedo, Stênio Diniz, Josealdo Rodrigues, Antônio Lucena, Geraldo Gonçalves de Alencar, Hélvia Callou, Edmilson Santini, Eugênio Dantas de Medeiros, Jomaci e Jandhuir Dantas, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Francisco Morojó, Pedro Osmar, Geraldo Emídio de Souza, Olegário Fernandes, Zé Antônio, Pedro Américo de Farias, Marcelo Soares, Jair Moraes, João Pedro Neto, Francisca Barrosa, Lourdes Ramalho, Tindinha Laurentino, Maria da Piedade Correia - Maria Diva Guiapuan Vieira, Vânia Diniz, Lilian Maial, Vânia Freitas, Cora Coralina, José Leocádio Bezerra, Antônio Barreto, Antônio Vieira, Bule-Bule, Gutemberg Santana, Jotacê Freitas, Leandro Tranquilino Pereira, Luar do Conselheiro, Maísa Miranda, Marco Haurélio, Sérgio Baialista e diversos nomes recorrentes no fantástico cosmos cordelista. Poetas significativos do passado e da atualidade, entre tantos baluartes da Poesia Popular e do Romanceiro do Cordel.
Cordel na Internet.
Amargedom, Almir Alves Filho, Anízio Guimarães, Benedito Generoso da Costa, Daniel Fiuza, Domingos Medeiros, Francisco Egídio Aires Campos (Mestre Egídio), Gonçalo Ferreira da Silva, Guaipuan Vieira, F.G C.Dourado, Jesssier Quirino, Jandhuir Dantas, José de Souza Dantas, Lenísio Bragante de Araújo, Rubênio Marcelo. (Todos os últimos citados são publicados constantemente na Internet). Divulgam seus trabalhos nas páginas da Web com relativa freqüencia e constantes atualizações.
O cordel tem presença constante no mundo virtual. Além de centenas de cordelistas que divulgam os seus trabalhos na Internet, temos até a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro e composta por seleto quadro de acadêmicos de boa qualidade.
Há pouco surgiu um dos melhores sites sobre o Cordel na Internet: O Cordel Campina, coordenado por Rodrigo Apolinário, em Campina Grande, Meca sertaneja da poesia popular e berço de célebres poetas e cantadores repentistas.
O cordel subsiste, sobrevive, apesar das idiossincrasias, intempéries, dificuldades e antropofagias da Indústria cultural midiática, globalizante e da invasão cultural norte-americana…
São imprescindíveis a divulgação na mídia e na web, distribuição eficiente, abertura de espaços e fóruns de discussão e de publicação de textos de cordel, de autores tradicionais e contemporâneos, para dinamização do movimento da Poesia Popular Universal…
A Internet é um espaço primordial e dinamizador de nossa literatura popular.
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Sobre o autor:
Gustavo Dourado (Amargedom), professor, poeta, cordelista, ensaísta, articulista, escritor, jornalista, pesquisador. Autor de 11 livros. Premiado na Áustria e recomendado pelo World Poetry Day e World Portal Libraries, ambos da Unesco. Dourado foi objeto de tese de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto e de doutorado na Sorbonne e na Universidade Federal da Paraíba. Sua obra(principalmente o Cordel) foi discutida em várias universidades do Brasil e do exterior: Sorbonne(Silvie Raynal), Manz (Wolf Lustig), UnB(Michelle Sampaio), entre outras. Faz parte do Grupo da Memória da Educação do DF(UnB/SEEDF). Organizou o livro “40 anos de Educação no Distrito Federal”, com ênfase na experiência do educador Anísio Teixeira.
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Quem quiser conhecer um pouco sobre a poesia popular e apreciar a criação em cordel, visite: http://www.gustavodourado.com.br/cordel.htm
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Fontes
http://pt.wikipedia.org/
http://www.cordelcampina.cgonline.com.br
Cerrado Cultural, Revista Literária Virtual - Nº 02 - Agosto - 2008 -Paccelli José Maracci Zahler (editor). Disponível em http://www.caestamosnos.org/Cerrado_Cultural_Revista_Literaria_Virtual/02.html
Os Doze Pares de França, O Pavão Misterioso, Juvenal e o Dragão, Donzela Teodora, Imperatriz Porcina, Princesa Magalona, Roberto do Diabo, Côco Verde e Melancia, João de Calais, O Cachorro dos Mortos, A Chegada de Lampião no Inferno, Viagem a São Saruê… São livros do povo (alicerçado no pensamento do mestre Luís da Câmara Cascudo e deste poeta cordelista). Fontes da Poesia Popular do Nordeste do Brasil. Quintessências da Literatura de Cordel.
Origens do Cordel
Cordel: vem de corda, cordão, cordial, toca o coração.
Os folhetos eram expostos em cordões, lençóis, esteiras, nas feiras, praças, portas das igrejas, bancas e nos mercados. Literatura de cordel, poesia de cordel, romance, folheto(s), arrecifes, abcs, "folhas volantes" ou "folhas soltas", "littèrature de colportage", "cocks" ou "catchpennies", "broadsiddes", "hojas" e "corridos"…
São nomes que a poesia popular recebeu ao longo do tempo, na Europa e nos países latino-americanos.
No Brasil, o termo cordel se consagrou como sinônimo de poesia popular. O cordel apresenta-se em narrativas tradicionais e fatos circunstanciais, em folhetos de época ou "acontecidos".
As origens da literatura de cordel estão na Europa Medieval. Tem suas bases na França (Provença), do século XI e posteriormente na Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra. Chegou ao Brasil Colônia com os portugueses, depois incorporou a poética nativa do índio, a criatividade e o ritmo da poesia do negro e dos vaqueiros e tropeiros (o aboio).Tornou-se um ritmo sertanejo-tropical, integrando-se a outros ritmos como o baião, o xote, o xaxado e o forró. Ganhou uma característica especial com o advento da xilogravura, na ilustração das capas de milhares de folhetos.
Polêmica e complexidade dos ciclos temáticos.
Os principais temas e ciclos do cordel (minha classificação) abordam vários assuntos: abcs; religiosidade; costumes; romances; história; heroísmo (façanhas); cavalaria (vaqueiros, bois, cavaleiros, tropeiros); valores, moral e ética; atualidades; circunstâncias; fatos e acontecidos; sociais e noticiosos, louvações; fantasias(fantástico, maravilhoso); profecias, apocalipse e fim do mundo; biografias e personalidades; poder, estado e governo; política e corrupção; exemplos; intempéries e fenômenos da natureza (secas, inundações, maremotos, terremotos etc); crimes; coronelismo; cangaço, valentia, banditismo e jagunçagem (Lampião, Maria Bonita, Antônio Silvino, Corisco e Dadá, Sinhô Pereira, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira); Padre Cícero (O Santo do Juazeiro); Frei Damião; Getúlio Vargas (Estado Novo, conquistas trabalhistas); Antônio Conselheiro (Canudos); Coluna Prestes e Revoltosos; Juscelino Kubitschek (construção de Brasília); Lula; televisão e cinema; ciência e tecnologia; Internet; crítica e sátira; humor, obscenidade, putaria e sacanagem (pornocordel); terrorismo (atentados) e guerras; modernidade e contemporaneidade; desafios, cantorias e pelejas, entre outros menos conhecidos e ainda não catalogados etc.
Classificação dos ciclos temáticos do cordel, por Ariano Suassuna:
1) "Ciclo heróico, trágico e épico;
2) Ciclo do fantástico e do maravilhoso;
3) Ciclo religioso e de moralidades;
4) Ciclo cômico, satírico e picaresco;
5) Ciclo histórico e circunstancial;
6) Ciclo de amor e de fidelidade;
7) Ciclo erótico e obsceno;
8) Ciclo político e social;
9) Ciclo de pelejas e desafios."
Mitologia e Trovadorismo…
A Literatura de Cordel, mais que centenária no Brasil (ultrapassou cem mil títulos publicados, segundo Joseph Luyten), tem suas origens ocidentais e pré-medievais, no universo poético de Provença, França, com os trovadores albigens (com destaque para Arnaud Daniel, Bertran de Born, Guiraut de Bornelh e Rimbaud Daurenga).
Entre os trovadores portugueses, precursores da Literatura de Cordel e do Repente, vêm-me à memória Martim Soares e Paio Soares de Taiverós, além dos célebres reis-trovadores Dom Diniz e Dom Duarte. As influências sobre o cordel e a poesia popular contemporânea são multidiversas: desde a poesia mesopotâmica árabe-fenício-semítica, mediterrânea, hindu e persa, à poética egípcio - caldaica – hebréia – greco - latina e afro - indígena…
Não se pode esquecer a influência bíblica (Salmos de Davi, Provérbios de Salomão, Cântico dos Cânticos, Apocalipse), do Lunário Perpétuo, enciclopédias, dicionários, almanaques, dos grandes livros religiosos e belos cânticos de todos os tempos, presentes nas diversas civilizações ao longo do processo histórico.
Os chineses e indianos devem ter tido significativa influência nas origens e desenvolvimento da poesia popular, por sua antigüidade e por tantos escritos primordiais como os Vedas, Gita, Upanishads, Mahabarata, Ramayana, I Ching, o Zen e o Tão – Te - King, via Confúcio, Lao-Tse, Buda, Krishna, Rama e outros sábios do velho e mágico Oriente, tão incompreendido pela cultura ocidental.
A Poesia de Cordel demonstra a sua força e pujança na expressão ibero-lusitana - afro - brasilíndia e galego - castelã… Sem esquecer da verve provençal e italiana (latina). Os romanos com suas epopéias fecundaram a semente da poesia ocidental, herdada dos gregos, etruscos, celtas, gauleses, bretões, normandos, nórdicos e dos povos bárbaros da antiga Europa, Ásia e África.
Foi nesse espaço mitológico que surgiu a poética mágica de Dante e a verve inventiva do mestre Leonardo da Vinci e dos grandes artistas italianos. Entretanto, foi na Espanha de Quevedo e Cervantes (Quixote) e em Portugal de Pessoa, Camões e Gil Vicente, que o cordel ganhou feição popular e postura lítero-poética.
É na poesia cavalheiresca e trovadoresca que o cordel se inspira e alimenta-se de forma histórica, principalmente a partir dos Doze Pares da França (que retrata os tempos do Imperador Carlos Magno), das gestas e epopéias, dos bardos, apodos, Templários, da Távola Redonda do Rei Arthur, de El Cid, O Campeador, dos cavaleiros e cruzadas e da obra monumental de Camões e Cervantes, ambos influenciados por Dante Alighieri e por toda a tradição popular da oralidade greco-latina-ibero-lusitana.
Os trovadores foram os principais precursores e alicerces para a futura Literatura de Cordel nos países de língua portuguesa, principalmente no Nordeste do Brasil, a partir de Salvador-Bahia, dos portos marítimos e do Rio São Francisco, até chegar em Campina Grande, Caruaru e Juazeiro do Norte, onde criou raízes e imortalizou-se na verve dos poetas cordelistas e cantadores repentistas.
Não se pode esquecer o papel do boi (ciclo do gado), dos bandeirantes, dos jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, do negro (batuque, orixás, terreiros, candomblé), dos índios, caboclos, mamelucos, cafusos, mulatos, garimpeiros, aventureiros, lavradores, vaqueiros e tropeiros: disseminadores de costumes, falas e dialetos pelo vasto Sertão, da poesia regional e universal. Os poetas cantam a sua aldeia e desencantam os uni.versos.
A Literatura de Cordel foi enriquecida pela criatividade e maestria de Gil Vicente, Camões, Rabelais, Gregório de Matos, Bocaje, Castro Alves, Gonçalves Dias, Cervantes, José de Alencar, Tobias Barreto, Catulo da Paixão Cearense, Juvenal Galeno, Ascenso Ferreira, além da contribuição incomensurável dos trovadores provençais e do romanceiro medieval.
Pesquisa, influências e confluências…
O cordel ganhou o mundo por meio do estudo, pesquisa e divulgação de mestres, leitores, amantes e pesquisadores da cultura popular, nomes como:
Luís da Câmara Cascudo, Leonardo Mota, Manuel Diégues Jr, Ariano Suassuna, Rodrigues de Carvalho, Gustavo Barroso, Átila de Almeida, José Alves Sobrinho, Manoel Florentino Duarte, Rogaciano Leite, Jorge Amado, Glauber Rocha (pai do Cinema Novo), João Cabral de Melo Neto (Morte e Vida Severina), Rachel de Queiroz (O Quinze), José Américo de Almeida (A Bagaceira), José Lins do Rego (Fogo Morto), Graciliano Ramos (Vidas Secas), Mário de Andrade (Macunaíma), Sebastião Nunes Batista, Veríssimo de Melo, Sílvio Romero, Tobias Barreto, Vicente Salles, Alceu Maynard, Cavalcanti Proença, Roberto Benjamin, Carlos Alberto Azevedo, Hernâni Donato, Liêdo Maranhão de Souza, Téo Azevedo, Orígenes Lessa, Mário Lago, Américo Pellegrini Filho, Jerusa Pires Ferreira, Sebastião Vila Nova, Ruth Brito Lemos, Gilmar de Carvalho, Raymond Cantel, Joseph Luyten, Mark Curran, Paul Zumthor, Candace Slater, Ria Lemaire, Silvie Raynal, Silvie Debs, Martine Kunz, Ronald Daus, Silvano Peloso, Zé Ramalho, Soares Feitosa (Jornal de Poesia), Ribamar Lopes, José Erivan Bezerra de Oliveira, Fausto Neto, Teófilo Braga, J. de Figueiredo Filho, Eduardo Diatahy de Menzes, Francisca Neuma Fechine Borges, Antônio Augusto Arantes, Ruth Brito, Maria de Fátima Coutinho, Rodrigo Apolinário (Cordel Campina), Maria Edileuza Borges, Alda Maria Siqueira Campos, Alícia Mitika Koshiyama, Maristela Barbosa de Mendonça, Mª José F. Londres, Patrícia Araújo, Doralice Alves de Queiroz, Esmeralda Batista, Viviane de Melo Resende, Márcia Abreu, Assis Ângelo, A. M Galvão, V. M Resende, Shirlley Guerra, Maria Julita Nunes e tantos outros destaques do mundo culturaliterário.
Renomados criadores das artes e da literatura brasileira foram influenciados pelo cordel. Saliento os principais que me recordo: Ariano Suassuna, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Dias Gomes, João Ubaldo Ribeiro, Orígenes Lessa, Cora Coralina, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Freire, José Nêumane Pinto e tantos outros criadores significativos.
Na música, além de Villa-Lobos, a presença do cordel é marcante em Luiz Gonzaga, Elomar, Zé Ramalho, Raul Seixas, Antônio Nóbrega, Quinteto Violado, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Ednardo, Xangai, Fagner, Elba Ramalho, Belchior, Caçulinha, Mário Zan, Zeca Baleiro, Lenine, Chico Science, Chico César, Amelhinha, Juraíldes da Luz, Chico Buarque, Geraldo Vandré, João do Vale, Jackson do Pandeiro, Jorge Mautner, Tom Zé, Dominguinhos, Oswaldinho, Clodo, Climério e Clésio (Os Irmãos Ferreira do São Piauí e de Brasília), Sivuca, Zé Gonzaga, Marinês, Hemeto Paschoal, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Ary Barroso, Vital Farias, Genival Lacerda, Diana Pequeno, Roberto Correia, Nando Cordel, Cordel do Fogo Encantado, Caju e Castanha, Cegas de Campina Grande, Jorge Antunes, Anand Rao, Argemiro Neto, Genésio Tocantins, Paulinho Pedra Azul, Beirão, Waldonys, Robertinho do Acordeon, Zé Calixto, Arlindo dos Oito Baixos, Gérson Filho, Pedro Sertanejo, Furinchu, Chiquinho do Acordeon, Torquato Neto, Capinan, Pessoal do Ceará, Gilberto Gil, Jorge Mautner, Maria Betânia, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento, João Gilberto e Caetano Veloso. Só para lembrar alguns nomes expressivos. A lista é quilométrica.
Mitos e precursores
Convém ressaltar figuras de destaque, mistura de cordelistas e cantadores como o lendário "Zé Limeira", fabuloso e fantástico Poeta do Absurdo, de Orlando Tejo e o inesquecível mestre Patativa do Assaré, da Triste Partida e tantas chegadas… Há ainda os semeadores Ugolino de Sabugi (primeiro cantador que se conhece), Nicandro Nunes da Costa, Silvino Pirauá, Germano da Lagoa, Romano da Mãe D´Água, Cego Aderaldo, Cego Oliveira, Zé da Luz, Fabião das Queimadas, Zé de Duquinha, Caraíba de Irecê, Otacílio e Lourival Batista, Ivanido Vilanova, Pinto do Monteiro, Pedro Bandeira, Raimundo Santa Helena, Oliveira de Panelas, Azulão, Rodolfo Coelho Cavalcante, Franklin Machado Nordestino e Cuíca de Santo Amaro. São símbolos que me vem de repente à memória.
Não posso esquecer de figuras mí(s)ticas do universo sertânico do cordel: Lampião, Maria Bonita, Corisco, Antônio Silvino, Jesuíno Brilhante, Quelé do Pajeú, Lucas de Feira, Sinhô Pereira, Antônio das Mortes, os dragões da maldade, os santos guerreiros, beatos, jagunços, coronéis, cabras da peste, personagens glauberianos e cinematográficos…
Presença no Brasil: do sertão às grandes cidades
No Brasil, o cordel ganhou estatura poética na Região Nordeste do Brasil, pelas bandas do Polígono das Secas, Vale do São Francisco, Sertão do Cariri, dos Inhamuns, do Pajeú, Serra de Santana, Serra da Laranjeira, a mítica Serra do Teixeira (Olimpo da Poesia), Campina Grande (Capital do Cordel), João Pessoa, Vales do Jaguaribe, Parnaíba, Gurguéia; Chapada Diamantina, Chapada do Apodi, Serra da Borborema, Chapada do Corisco, Caruaru, Juazeiro do Norte, Crato, Crateús, Limoeiro, Recife/Olinda, Fortaleza, Salvador, Ibititá, Recife dos Cardosos, Lapão, Rochedo, Ibipeba, Canarana, Taguatinga, Águas Claras, Serra Talhada, Quixadá, Qixeramobim, Cabrobó, São José do Egito, Patos, Piancó, Umbuzeiro, Penedo, Aracaju, Oeiras, Picos, Imperatriz, Pedreiras, Catolé do Rocha, Monteiro, Sumé, Serra Branca, Bezerros, Surubim, Mossoró, Caicó, Aracati, Paulo Afonso, Feira de Santana, Juazeiro, Petrolina, Teixeira, Irecê/Jacobina, Barra, Morro do Chapéu, Bom Jesus da Lapa, Senhor do Bonfim, Uauá, Chorrochó, Maceió, Natal, São Luís, Cachoeira dos Índios, Terezina, Parnaíba, Belém, Ilhéus, Itabuna, Canindé, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Ingazeira, Quebrângulo, Santarém, Ipirá, Irará, Canudos, Monte Santo, Sertânia, Jequié, Vitória da Conquista, Ibititá, Canarana, Lapão, Recife dos Cardosos, Pirapora, Anápolis, Montes Claros, Rio, São Paulo, Campinas, Diadema, Brasília / Ceilândia / Taguatinga / Gama e pela vastidão das metrópoles, dos campos, fazendas, roças, lugarejos, povoados, arraiais, arrabaldes, vilas, vielas, pés de serra e cidadelas da caatinga e do agreste.
Francisco Chagas Batista publicou um folheto, no ano de 1902, em Campina Grande, que está catalogado na Casa de Rui Barbosa - no Rio de Janeiro. É registrado como o primeiro folheto de cordel brasileiro publicado. Muito outros anteriores, se perderam na poeira do tempo.
Por muitos desses caminhos andaram e foram lidos poemas dos vates - poetas fenomenais: O condoreiro Antônio Frederico de Castro Alves (uma espécie de precursor do cordel erudito e do improviso), Silvino Pirauá de Lima (o introdutor do folheto de cordel no Brasil, segundo Luís da Câmara Cascudo), Agostinho Nunes da Costa (um dos pais da poesia popular no Nordeste), Leandro Gomes de Barros (um dos principais cordelistas de todos os tempos, pioneiro-mor, publicou centenas de folhetos), Ugolino de Sabugi (primeiro cantador), Francisco Chagas Batista, Nicandro Nunes da Costa), Germano da Lagoa, Romano de Mãe D´Água, Manoel Caetano, Manoel Cabeleira, Diniz Vitorino, João Benedito, José Duda, Antônio da Cruz, Joaquim Sem Fim, Manuel Vieira do Paraíso, Romano Elias da Paz, Manoel Tomás de Assis, José Adão Filho, Lindolfo Mesquita, Arinos de Belém, Antônio Apolinário de Souza, Laurindo Gomes Maciel, Rodolfo Coelho Cavalcante, Francisco Sales Areda, Manoel Camilo dos Santos, Minelvino Francisco da Silva, Caetano Cosme da Silva, Expedito Sebastião da Silva, João Melquíades Ferreira da Silva, José Camelo de Rezende, Joaquim Batista de Sena, Gonçalo Ferreira da Silva, Teodoro Ferraz da Câmara, José Albano, João Ferreira de Lima, José Pacheco, Severino Gonçalves de Oliveira, Galdino Silva, João de Cristo Rei, Zé Mariano, Antônio Batista, José Alves Sobrinho, Manuel Pereira Sobrinho, Antônio Eugênio da Silva, Severino Ferreira, Augusto Laurindo Alves (Cotinguiba), Moisés Matias de Moura, Pacífico Pacato Cordeiro Manso, José Bernardo da Silva, Cuíca de Santo Amaro, João Martins de Athaide, Apolônio Alves dos Santos, José Costa Leite, Antônio Teodoro dos Santos, José Cavalcante Ferreira (Dila), Francisco Gustavo de Castro Dourado, Manoel Monteiro, Abraão Batista, J.Borges, Zé da Luz, Arievaldo e Klévisson Viana, Zé Soares, Zé Pacheco, João Lucas Evangelista, Amargedom, Joao de Barros, Zé de Duquinha, Carolino Leobas, Elias Carvalho, Zé Maria de Fortaleza, Audifax Rios, Adalto Alcântara Monteiro, Cunha Neto, Francisco Queiroz, Ary Fausto Maia, Toni de Lima, Bráulio Tavares, Téo Azevedo, Stênio Diniz, Josealdo Rodrigues, Antônio Lucena, Geraldo Gonçalves de Alencar, Hélvia Callou, Edmilson Santini, Eugênio Dantas de Medeiros, Jomaci e Jandhuir Dantas, Francisco de Assis, Paulo de Tarso, Francisco Morojó, Pedro Osmar, Geraldo Emídio de Souza, Olegário Fernandes, Zé Antônio, Pedro Américo de Farias, Marcelo Soares, Jair Moraes, João Pedro Neto, Francisca Barrosa, Lourdes Ramalho, Tindinha Laurentino, Maria da Piedade Correia - Maria Diva Guiapuan Vieira, Vânia Diniz, Lilian Maial, Vânia Freitas, Cora Coralina, José Leocádio Bezerra, Antônio Barreto, Antônio Vieira, Bule-Bule, Gutemberg Santana, Jotacê Freitas, Leandro Tranquilino Pereira, Luar do Conselheiro, Maísa Miranda, Marco Haurélio, Sérgio Baialista e diversos nomes recorrentes no fantástico cosmos cordelista. Poetas significativos do passado e da atualidade, entre tantos baluartes da Poesia Popular e do Romanceiro do Cordel.
Cordel na Internet.
Amargedom, Almir Alves Filho, Anízio Guimarães, Benedito Generoso da Costa, Daniel Fiuza, Domingos Medeiros, Francisco Egídio Aires Campos (Mestre Egídio), Gonçalo Ferreira da Silva, Guaipuan Vieira, F.G C.Dourado, Jesssier Quirino, Jandhuir Dantas, José de Souza Dantas, Lenísio Bragante de Araújo, Rubênio Marcelo. (Todos os últimos citados são publicados constantemente na Internet). Divulgam seus trabalhos nas páginas da Web com relativa freqüencia e constantes atualizações.
O cordel tem presença constante no mundo virtual. Além de centenas de cordelistas que divulgam os seus trabalhos na Internet, temos até a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro e composta por seleto quadro de acadêmicos de boa qualidade.
Há pouco surgiu um dos melhores sites sobre o Cordel na Internet: O Cordel Campina, coordenado por Rodrigo Apolinário, em Campina Grande, Meca sertaneja da poesia popular e berço de célebres poetas e cantadores repentistas.
O cordel subsiste, sobrevive, apesar das idiossincrasias, intempéries, dificuldades e antropofagias da Indústria cultural midiática, globalizante e da invasão cultural norte-americana…
São imprescindíveis a divulgação na mídia e na web, distribuição eficiente, abertura de espaços e fóruns de discussão e de publicação de textos de cordel, de autores tradicionais e contemporâneos, para dinamização do movimento da Poesia Popular Universal…
A Internet é um espaço primordial e dinamizador de nossa literatura popular.
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Sobre o autor:
Gustavo Dourado (Amargedom), professor, poeta, cordelista, ensaísta, articulista, escritor, jornalista, pesquisador. Autor de 11 livros. Premiado na Áustria e recomendado pelo World Poetry Day e World Portal Libraries, ambos da Unesco. Dourado foi objeto de tese de mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto e de doutorado na Sorbonne e na Universidade Federal da Paraíba. Sua obra(principalmente o Cordel) foi discutida em várias universidades do Brasil e do exterior: Sorbonne(Silvie Raynal), Manz (Wolf Lustig), UnB(Michelle Sampaio), entre outras. Faz parte do Grupo da Memória da Educação do DF(UnB/SEEDF). Organizou o livro “40 anos de Educação no Distrito Federal”, com ênfase na experiência do educador Anísio Teixeira.
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Quem quiser conhecer um pouco sobre a poesia popular e apreciar a criação em cordel, visite: http://www.gustavodourado.com.br/cordel.htm
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Fontes
http://pt.wikipedia.org/
http://www.cordelcampina.cgonline.com.br
Cerrado Cultural, Revista Literária Virtual - Nº 02 - Agosto - 2008 -Paccelli José Maracci Zahler (editor). Disponível em http://www.caestamosnos.org/Cerrado_Cultural_Revista_Literaria_Virtual/02.html
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