PROPÓSITO
Viver pouco mas
viver muito
Ser todo o pensamento
Toda a esperança
Toda a alegria
ou angústia — mas ser
Nunca morrer
enquanto viver
G G G G G G G G G G
OUTRA DÚVIDA
Não sei se é
amor
ou
minha vida que pede
socorro
De Invenções do Desespero (1973)
G G G G G G G G G G
ERRO
Edifiquei minha
casa sobre a
areia
Todo dia recomeço
De As Pessoas, As Palavras (1976)
G G G G G G G G G G
OBSERVANDO
sim
há
as horas de trégua
Quando se afiam
as facas
G G G G G G G G G G
UM DIA
um dia eu
morrerei
de sol, de
vida acumulada
na convulsão
das ruas
um dia eu
morrerei e
não
podia:
há poemas
escorregando de meus dedos
e um vinho não
provado
De Os Momentos (1981)
G G G G G G G G G G
DEUS E O DOMINGO
Eu ia ser feliz
domingo
naquele tempo bastava pouco
Não sabia que no
domingo
é fácil chover
e muito difícil viver
Ah, eu ia ser feliz
Mas
domingo Deus descansa
e a gente sofre mais
De O Chão Batido (1963)
G G G G G G G G G G
ENGANO
afinal
construímos prédios
casas jardins rosas
desabrocharam
trêmulas, afinal fomos
submissos às ocupações do dia
às estações do ano
à rotação da terra
Pensávamos ser esta a nossa pátria
G G G G G G G G G G
RISCO
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
De Risco (1998)
G G G G G G G G G G
GEOGRAFIA
estar em
algum lugar
sempre
deixar o
corpo
posto
em algum lugar
porto
onde voltar
(do livro “OS MOMENTOS” – l981)
G G G G G G G G G G
TRANSFORMAÇÃO
Anjo
dá guarda
Eu estou atravessando
Também me empresta
de tuas asas
o vôo
Que eu chegue a nenhum lugar
G G G G G G G G G G
TAREFA
cabe agora
morrer o corpo
dia a
dia ir
me desacostumando
do rosto
que eu chamava
meu
(do livro “RISCO” – 1988)
G G G G G G G G G G
SACIEDADE BIOGRÁFICA
Tenho andado sem pés
voado sem asas
Sou um sonho espalhado
Os rios recebem minhas cartas
com freqüência
facas me apontam o coração
O que poderia dizer
(os pássaros já cantaram)
o que poderia amar
(os amantes se suicidaram)
Os assassinos conhecem o meu nome
(do livro “RISCO” – l988)
G G G G G G G G G G
NOTÍCIAS
As crianças morrem
Em piscinas
lagoas
no centro da cidade
O corte na testa
barrigas inchadas
costas afundadas
As crianças
elas também nos abandonam
(do livro “MUDANÇA DE LUA” – l986)
G G G G G G G G G G
UM VISITANTE
Quem escreve
é
um visitante
Chega nas horas da noite
e toma o lugar do
sono
Chega à mesa do almoço
come a minha fome
Escreve
o que eu nem supunha
Assina o meu nome
(Mudança de lua, 1986)
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Viver pouco mas
viver muito
Ser todo o pensamento
Toda a esperança
Toda a alegria
ou angústia — mas ser
Nunca morrer
enquanto viver
G G G G G G G G G G
OUTRA DÚVIDA
Não sei se é
amor
ou
minha vida que pede
socorro
De Invenções do Desespero (1973)
G G G G G G G G G G
ERRO
Edifiquei minha
casa sobre a
areia
Todo dia recomeço
De As Pessoas, As Palavras (1976)
G G G G G G G G G G
OBSERVANDO
sim
há
as horas de trégua
Quando se afiam
as facas
G G G G G G G G G G
UM DIA
um dia eu
morrerei
de sol, de
vida acumulada
na convulsão
das ruas
um dia eu
morrerei e
não
podia:
há poemas
escorregando de meus dedos
e um vinho não
provado
De Os Momentos (1981)
G G G G G G G G G G
DEUS E O DOMINGO
Eu ia ser feliz
domingo
naquele tempo bastava pouco
Não sabia que no
domingo
é fácil chover
e muito difícil viver
Ah, eu ia ser feliz
Mas
domingo Deus descansa
e a gente sofre mais
De O Chão Batido (1963)
G G G G G G G G G G
ENGANO
afinal
construímos prédios
casas jardins rosas
desabrocharam
trêmulas, afinal fomos
submissos às ocupações do dia
às estações do ano
à rotação da terra
Pensávamos ser esta a nossa pátria
G G G G G G G G G G
RISCO
Um poema livre
da gramática, do som
das palavras
livre
de traços
Um poema irmão
de outros poemas
que bebem a correnteza
e brilham
pedras ao sol
Um poema
sem o gosto
de minha boca
livre da marca
de dentes em seu dorso
Um poema nascido
nas esquinas nos muros
com palavras pobres
com palavras podres
e
que de tão livre
traga em si a decisão
de ser escrito ou não
De Risco (1998)
G G G G G G G G G G
GEOGRAFIA
estar em
algum lugar
sempre
deixar o
corpo
posto
em algum lugar
porto
onde voltar
(do livro “OS MOMENTOS” – l981)
G G G G G G G G G G
TRANSFORMAÇÃO
Anjo
dá guarda
Eu estou atravessando
Também me empresta
de tuas asas
o vôo
Que eu chegue a nenhum lugar
G G G G G G G G G G
TAREFA
cabe agora
morrer o corpo
dia a
dia ir
me desacostumando
do rosto
que eu chamava
meu
(do livro “RISCO” – 1988)
G G G G G G G G G G
SACIEDADE BIOGRÁFICA
Tenho andado sem pés
voado sem asas
Sou um sonho espalhado
Os rios recebem minhas cartas
com freqüência
facas me apontam o coração
O que poderia dizer
(os pássaros já cantaram)
o que poderia amar
(os amantes se suicidaram)
Os assassinos conhecem o meu nome
(do livro “RISCO” – l988)
G G G G G G G G G G
NOTÍCIAS
As crianças morrem
Em piscinas
lagoas
no centro da cidade
O corte na testa
barrigas inchadas
costas afundadas
As crianças
elas também nos abandonam
(do livro “MUDANÇA DE LUA” – l986)
G G G G G G G G G G
UM VISITANTE
Quem escreve
é
um visitante
Chega nas horas da noite
e toma o lugar do
sono
Chega à mesa do almoço
come a minha fome
Escreve
o que eu nem supunha
Assina o meu nome
(Mudança de lua, 1986)
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Fontes
– Carlos Machado. Poesia.net – numero 172 ano 4 – São Paulo, 19 julho 2006. Disponível em http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet172.htm
– Jornal de Poesia. http://www.jornaldepoesia.jor.br/ea.html
– Blog da Eunice Arruda. http://poetaeunicearruda.blogspot.com/
– Carlos Machado. Poesia.net – numero 172 ano 4 – São Paulo, 19 julho 2006. Disponível em http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet172.htm
– Jornal de Poesia. http://www.jornaldepoesia.jor.br/ea.html
– Blog da Eunice Arruda. http://poetaeunicearruda.blogspot.com/
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