REAFIRMAÇÕES
Reafirmo a crença no futuro
diz o homem moribundo
o medo da inexistência tolhe
seu gesto de contrição: a sabedoria
reversa redescobre os mitos
onde permanece no pensamento
adverso de ser o nada redundante
reafirmo a esperança no presente
afirma o homem em despedida.
CHOVER
Sou a sede
a fome
a garra com que o pássaro
retira d’água o peixe
que se oferece
em superfícies
na profundeza
o abismo se fecha
na escuridão do tempo
naufragado
minha fome se completa
minha sede busca a gota
terminal dos ares.
REMANESCENTES
Somos todos
único remanescente
da tormenta: carregamos tormentos
distribuídos em igualdade
(talvez não sejamos menos
passíveis do que os outros:
é possível ver a raiva
sob o tapete)
entre todos
um: reflexo
amiudado em certezas.
A carreira em perseguido
insucesso.
LONGE
Longe em ares
sou vácuo. Diferença
indistinta entre o som
e o nada. Aconselhado
retorno ao vício em respiração
diária: anoto a solicitude
do pedido: ares
ininterruptos. No vácuo
me encontro em corpos
decompostos: retorno ao ovário
e me aplacento.
O vácuo permite aos ares
o desfazimento dos elementos.
A decomposição do corpo
no irrealizável.
HAVERES
Na terra que não é sua: o proprietário
na vontade que lhe escapa: o pânico
na descoberta da hora: o tempo
na desconfiança do ato: o fato
na memória encoberta: há quem conte
sobre o outro lado
memorizado em estrofes
intercaladas: há
o ranger de dentes
e a dor de cabeça
pelo não acontecido
na forma pública: o todo recolhido
ao sacrifício.
Fonte:
Colaboração de Pedro Dubois (Poemas Inéditos)
Reafirmo a crença no futuro
diz o homem moribundo
o medo da inexistência tolhe
seu gesto de contrição: a sabedoria
reversa redescobre os mitos
onde permanece no pensamento
adverso de ser o nada redundante
reafirmo a esperança no presente
afirma o homem em despedida.
CHOVER
Sou a sede
a fome
a garra com que o pássaro
retira d’água o peixe
que se oferece
em superfícies
na profundeza
o abismo se fecha
na escuridão do tempo
naufragado
minha fome se completa
minha sede busca a gota
terminal dos ares.
REMANESCENTES
Somos todos
único remanescente
da tormenta: carregamos tormentos
distribuídos em igualdade
(talvez não sejamos menos
passíveis do que os outros:
é possível ver a raiva
sob o tapete)
entre todos
um: reflexo
amiudado em certezas.
A carreira em perseguido
insucesso.
LONGE
Longe em ares
sou vácuo. Diferença
indistinta entre o som
e o nada. Aconselhado
retorno ao vício em respiração
diária: anoto a solicitude
do pedido: ares
ininterruptos. No vácuo
me encontro em corpos
decompostos: retorno ao ovário
e me aplacento.
O vácuo permite aos ares
o desfazimento dos elementos.
A decomposição do corpo
no irrealizável.
HAVERES
Na terra que não é sua: o proprietário
na vontade que lhe escapa: o pânico
na descoberta da hora: o tempo
na desconfiança do ato: o fato
na memória encoberta: há quem conte
sobre o outro lado
memorizado em estrofes
intercaladas: há
o ranger de dentes
e a dor de cabeça
pelo não acontecido
na forma pública: o todo recolhido
ao sacrifício.
Fonte:
Colaboração de Pedro Dubois (Poemas Inéditos)
2 comentários:
Caríssimo amigo e extraordinário poeta José Feldman. Sempre que posso e o tempo me permite marco a minha presença aqui neste teu espaço maravilhoso. Parabéns pelo belo trabalho que você ofere aos leitores internautas e aos amantes da poesia. Um abraço amigo e fraterno - Sardenberg
Caríssimo Feldman, honra-me estar na companhia de vocês. Muito obrigado. Abraços, Pedro.
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