AO LAVRADOR, ESSE AMIGO
Ó tu, que a mão calejas na lavoura,
De sol a sol no teu labor profundo,
No trabalho extenuante, mas fecundo,
A terra transformando em seara imensa.
Tu que não temes o rigor da luta
E, enfrentas com bravura tua labuta
Na força magistral de tua crença.
Na crença que o trabalho a Deus eleva
Se é feito por amor a humana raça,
Muito embora, justiça não te faça,
Quem no mundo comendo do teu fruto,
Do fruto saborosa de tua messe,
Nem ao menos, na mesa, te agradece,
Nem valoriza teu trabalho abruto.
Muitos não lembram que com teu trabalho,
É que se fartam, na cidade, as mesas,
De nada adiantariam as riquezas,
Porque o dinheiro, a fome não mitiga.
Por isso, lavrador, em teu louvor eu canto,
E te afirmo que me orgulho tanto,
De ter você como pessoa amiga.
Eu olho a terra que tuas mãos lavraram,
E me comovo ante tal beleza,
Parece até que a própria natureza
Ao teu labor se curva agradecida.
E fico triste quando de repente,
Na seca, não germina tua semente,
Que é tua, é minha, é toda nossa vida.
Mas tu, retornas, lavrador, a luta,
Co’a força singular que se redobra,
Como guerreiro audaz que não se dobra
Ao grande potencial d’um inimigo.
Cada nova semeadura é um desafio,
Que enfrentas com a força de teu brio,
E vences, porque Deus está contigo.
CANOEIRO
(aos heróis da pesca)
Do meu quarto de hotel eu contemplava
Um pontinho que ao longe se avistava,
Era tu, meu herói que regressava
Com a canoa que nas ondas flutuava.
O velho mar batendo no rochedo,
Nos traz com isso a sensação de medo,
Na violência das ondas que se quebram.
Eu te admiro ó canoeiro audaz,
Que enfrentando a morte teu pescado traz,
Lá d’onde os olhos nem sequer enxergam.
E eu fico olhando a linha do horizonte,
Até que nela tua canoa aponte
No balanço das ondas ondulantes,
E me ponho a rezar ó canoeiro,
P’ra que seja feliz no teu pesqueiro,
Que tuas redes estejam abundantes.
E fico a imaginar tua família,
A tua mãe, tua mulher, tua filha,
Com que ansiedade te esperando estão.
É uma ansiedade que só se esboroa,
Quando chega afinal tua canoa,
Com o produto que transforma em pão.
POR QUE EU ESCREVO?
PARA VOCÊS QUE ESCREVO
Será que eu posso me julgar poeta?
Será que isso que eu escrevo ainda é poesia?
Ou será que já está ultrapassada?
Mas poesia não fica ultrapassada,
Ela foi e é sempre poesia,
Ela se infiltra em todas as gerações,
Ela é como a musica: –imortal,
Extingue-se as rimas, a métrica, as formas,
Mas permanece a sonoridade.
Assim pensando vou rabiscando meus aranzéis
Na sublime ilusão de que são belos.
Mas não é para mim que os escrevo
É para vocês que escrevo minha poesia,
Com a humildade daqueles que sabem
Que a musa ou inspiração é uma dádiva de Deus,
Escrevo porque penso que meus versos são lindos,
Porque para mim eles são realmente bonitos,
É assim que eu os sinto, é assim que eu os vejo,
É assim que eu penso que vocês estão vendo,
Porque sei que vocês também são poetas
E o poeta não lê só com os olhos,
mas com a alma.
Se julgarem ultrapassados os meus versos,
Se os julgarem desprovidos de verbosidade,
Se os julgarem rudes pelo caipirismo,
Eu confesso humildemente:
EU SOU POETA
Amo a poesia como amo a vida,
Amo a poesia que não morre nunca
Como amo a vida que transcende a morte.
ITALIANOS, BRASILIANOS
Ao centenário da colonização Italiana.
Na terra de Garibaldi
Lá nos montes apeninos,
As meninas e os meninos
Cresciam numa algazarra.
Na Calabria ou na Sicilia,
Em meio a grande família
Trabalhar era uma farra.
Naquela “bota” distante
Reinava Humberto Primeiro
Quando o solo brasileiro
Era um sonho de porvir
Aos jovens napolitanos,
Calabrezes, Sicilianos,
Que almejavam progredir.
Pensando em melhores dias,
Deixaram as pátrias plagas,
Dos mares cortando as vagas
Aquele povo Italiano,
Nobre, augusto, varonil,
Veio ajudar o Brasil
A se tornar soberano.
Naquela ousada aventura,
Eu não sei precisamente
Do que pensou essa gente,
Ao conhecer “brasilianos”
Mas sei do que conquistaram
Desde quando aqui aportaram
E que hoje faz cem anos.
Fazendo macarronada,
Manjando polenta e vinho,
Foi amizade e carinho,
Respeito e admiração.
Vos digo num verso breve
Que meu Brasil muito deve
A esse grande povo irmão.
Por isso é que vos saúdo
Brasileiros descendentes
Dos imigrantes valentes
Da terra de Galileu,
Que de Colombo nos rastros
Vieram viver sobre os astros
Do Cruzeiro que hoje é seu.
Contenda, setembro de 1989. Poesia classificada em primeiro lugar no I Concurso de Poesia da cidade da Lapa, realizado em 25/09/89
LEMBRANÇAS DE MINHA TERRA
Da colônia eu chegava ofegante
Na faze embrionária de estudante.
Pés descalços, a merenda no bornal,
Inflava o meu peito de menino
Quando, na escola, cantávamos o hino
Que foi feito em teu louvor,- terra natal.
De quando em vez o Iguaçu alagava
E a parte baixa toda se inundava,
E o velho São Mateus então sofria.
Mas nós crianças não, porque as enchentes
Deixavam todos nós muito contentes
Ao fazermos de “bote” a travessia.
Nossa velha casinha na Cachoeira
Coberta de “taboínhas” de madeira,
Abrigava uma família pobrezinha.
Éramos dez abrigados num só teto
E tínhamos dos pais carinho e afeto.
Ai que saudade eu tenho da casinha.
Nas águas do Cachoeira sempre mansas
Banhavam-se felizes as crianças
No líquido a correr por sobre o “xisto”.
À noite era o sapeco da erva-mate.
De dia a escola, a tarde em seu remate
Penhoravamos louvor a Jesus Cristo.
Porque assim era o viver sãomateuense,
Que fazia do “Ilex-brasiliense”
E da madeira a sua economia,
Embora houvesse alguém que acreditasse
Que rico São Mateus se transformasse
Com o que em baixo da terra lhe existia.
Mas antes que o petróleo te surgisse
Como Prohman queria, eu triste disse,
Ainda bem criança meu tristonho adeus,
E hoje de longe eu vejo teu progresso
E humildemente a Jesus eu peço,
Que te faça feliz…ó São Mateus!
Fonte:
Colaboração de Hildemar, em seu blog Cascata de Poesias: http://hildemar.wordpress.com/
Ó tu, que a mão calejas na lavoura,
De sol a sol no teu labor profundo,
No trabalho extenuante, mas fecundo,
A terra transformando em seara imensa.
Tu que não temes o rigor da luta
E, enfrentas com bravura tua labuta
Na força magistral de tua crença.
Na crença que o trabalho a Deus eleva
Se é feito por amor a humana raça,
Muito embora, justiça não te faça,
Quem no mundo comendo do teu fruto,
Do fruto saborosa de tua messe,
Nem ao menos, na mesa, te agradece,
Nem valoriza teu trabalho abruto.
Muitos não lembram que com teu trabalho,
É que se fartam, na cidade, as mesas,
De nada adiantariam as riquezas,
Porque o dinheiro, a fome não mitiga.
Por isso, lavrador, em teu louvor eu canto,
E te afirmo que me orgulho tanto,
De ter você como pessoa amiga.
Eu olho a terra que tuas mãos lavraram,
E me comovo ante tal beleza,
Parece até que a própria natureza
Ao teu labor se curva agradecida.
E fico triste quando de repente,
Na seca, não germina tua semente,
Que é tua, é minha, é toda nossa vida.
Mas tu, retornas, lavrador, a luta,
Co’a força singular que se redobra,
Como guerreiro audaz que não se dobra
Ao grande potencial d’um inimigo.
Cada nova semeadura é um desafio,
Que enfrentas com a força de teu brio,
E vences, porque Deus está contigo.
CANOEIRO
(aos heróis da pesca)
Do meu quarto de hotel eu contemplava
Um pontinho que ao longe se avistava,
Era tu, meu herói que regressava
Com a canoa que nas ondas flutuava.
O velho mar batendo no rochedo,
Nos traz com isso a sensação de medo,
Na violência das ondas que se quebram.
Eu te admiro ó canoeiro audaz,
Que enfrentando a morte teu pescado traz,
Lá d’onde os olhos nem sequer enxergam.
E eu fico olhando a linha do horizonte,
Até que nela tua canoa aponte
No balanço das ondas ondulantes,
E me ponho a rezar ó canoeiro,
P’ra que seja feliz no teu pesqueiro,
Que tuas redes estejam abundantes.
E fico a imaginar tua família,
A tua mãe, tua mulher, tua filha,
Com que ansiedade te esperando estão.
É uma ansiedade que só se esboroa,
Quando chega afinal tua canoa,
Com o produto que transforma em pão.
POR QUE EU ESCREVO?
PARA VOCÊS QUE ESCREVO
Será que eu posso me julgar poeta?
Será que isso que eu escrevo ainda é poesia?
Ou será que já está ultrapassada?
Mas poesia não fica ultrapassada,
Ela foi e é sempre poesia,
Ela se infiltra em todas as gerações,
Ela é como a musica: –imortal,
Extingue-se as rimas, a métrica, as formas,
Mas permanece a sonoridade.
Assim pensando vou rabiscando meus aranzéis
Na sublime ilusão de que são belos.
Mas não é para mim que os escrevo
É para vocês que escrevo minha poesia,
Com a humildade daqueles que sabem
Que a musa ou inspiração é uma dádiva de Deus,
Escrevo porque penso que meus versos são lindos,
Porque para mim eles são realmente bonitos,
É assim que eu os sinto, é assim que eu os vejo,
É assim que eu penso que vocês estão vendo,
Porque sei que vocês também são poetas
E o poeta não lê só com os olhos,
mas com a alma.
Se julgarem ultrapassados os meus versos,
Se os julgarem desprovidos de verbosidade,
Se os julgarem rudes pelo caipirismo,
Eu confesso humildemente:
EU SOU POETA
Amo a poesia como amo a vida,
Amo a poesia que não morre nunca
Como amo a vida que transcende a morte.
ITALIANOS, BRASILIANOS
Ao centenário da colonização Italiana.
Na terra de Garibaldi
Lá nos montes apeninos,
As meninas e os meninos
Cresciam numa algazarra.
Na Calabria ou na Sicilia,
Em meio a grande família
Trabalhar era uma farra.
Naquela “bota” distante
Reinava Humberto Primeiro
Quando o solo brasileiro
Era um sonho de porvir
Aos jovens napolitanos,
Calabrezes, Sicilianos,
Que almejavam progredir.
Pensando em melhores dias,
Deixaram as pátrias plagas,
Dos mares cortando as vagas
Aquele povo Italiano,
Nobre, augusto, varonil,
Veio ajudar o Brasil
A se tornar soberano.
Naquela ousada aventura,
Eu não sei precisamente
Do que pensou essa gente,
Ao conhecer “brasilianos”
Mas sei do que conquistaram
Desde quando aqui aportaram
E que hoje faz cem anos.
Fazendo macarronada,
Manjando polenta e vinho,
Foi amizade e carinho,
Respeito e admiração.
Vos digo num verso breve
Que meu Brasil muito deve
A esse grande povo irmão.
Por isso é que vos saúdo
Brasileiros descendentes
Dos imigrantes valentes
Da terra de Galileu,
Que de Colombo nos rastros
Vieram viver sobre os astros
Do Cruzeiro que hoje é seu.
Contenda, setembro de 1989. Poesia classificada em primeiro lugar no I Concurso de Poesia da cidade da Lapa, realizado em 25/09/89
LEMBRANÇAS DE MINHA TERRA
“São Mateus bela cidade meu torrão, Eu te adoro como adoro a liberdade, E te levanto um altar no coração.” Prohman.
Da colônia eu chegava ofegante
Na faze embrionária de estudante.
Pés descalços, a merenda no bornal,
Inflava o meu peito de menino
Quando, na escola, cantávamos o hino
Que foi feito em teu louvor,- terra natal.
De quando em vez o Iguaçu alagava
E a parte baixa toda se inundava,
E o velho São Mateus então sofria.
Mas nós crianças não, porque as enchentes
Deixavam todos nós muito contentes
Ao fazermos de “bote” a travessia.
Nossa velha casinha na Cachoeira
Coberta de “taboínhas” de madeira,
Abrigava uma família pobrezinha.
Éramos dez abrigados num só teto
E tínhamos dos pais carinho e afeto.
Ai que saudade eu tenho da casinha.
Nas águas do Cachoeira sempre mansas
Banhavam-se felizes as crianças
No líquido a correr por sobre o “xisto”.
À noite era o sapeco da erva-mate.
De dia a escola, a tarde em seu remate
Penhoravamos louvor a Jesus Cristo.
Porque assim era o viver sãomateuense,
Que fazia do “Ilex-brasiliense”
E da madeira a sua economia,
Embora houvesse alguém que acreditasse
Que rico São Mateus se transformasse
Com o que em baixo da terra lhe existia.
Mas antes que o petróleo te surgisse
Como Prohman queria, eu triste disse,
Ainda bem criança meu tristonho adeus,
E hoje de longe eu vejo teu progresso
E humildemente a Jesus eu peço,
Que te faça feliz…ó São Mateus!
Fonte:
Colaboração de Hildemar, em seu blog Cascata de Poesias: http://hildemar.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário