"Nos dias 10 e 11 de maio fechamos mais um ciclo do consistente processo de amadurecimento do setor editorial brasileiro, com a conclusão do 3º Congresso Internacional CBL do Livro Digital – que nesta edição teve por título “A nova cadeia produtiva de conteúdo – do autor ao leitor”.
Realizado menos de um ano após a última edição, o evento mostrou os rápidos avanços obtidos na área, em termos teóricos e práticos, o que pôde ser identificado nas apresentações proferidas por nossos palestrantes, bem como pela qualidade das discussões que ocorreram.
Como muitos constataram, vivemos um momento de quebra de paradigmas. Diferentes visões, porém complementares, foram apresentadas nas mais de vinte horas de palestras desenvolvidas por 22 convidados, em sua maioria personalidades internacionais.
Como era de se esperar, nem todas apontaram para uma mesma direção. E é bom e natural que seja assim. Essa é, inclusive, uma das características do momento de incertezas e de incontáveis oportunidades em que vivemos.
A começar por um fato simples, mas muito relevante. Embora muito se fale sobre as mudanças provocadas pelo advento do livro digital, a essência que caracteriza a produção editorial continua a mesma: seja no físico ou no eletrônico. Não há bons livros sem boas ideias, criatividade e, principalmente, conteúdo consistente.
Isso não significa, é claro, que o formato digital não irá acrescentar novas experiências ao leitor. As possibilidades criadas pela tecnologia são instigantes e pensar em um formato mais interativo, intertextual e multimídia para o livro não nos parece um absurdo. Pelo contrário, esta é uma tendência que, cada vez mais, transformará o livro e o deixará em um formato mais interessante para as novas gerações.
Presenciamos um momento de “disruption”, termo que poderia ser traduzido para o português como “desmoronamento de paradigmas”. Como aconteceu no passado, o surgimento dos e-mails reforçando a correspondência impressa e outros avanços tecnológicos como o DVD e BluRay no lugar dos vídeos cassetes e, agora, os tablets e e-readers. Com a chegada dos livros digitais, apresenta-se uma nova opção de relacionamento com o livro, que passa a adotar uma roupagem a mais: a digital.
Como todas essas mudanças, que causam a princípio incertezas e dúvidas, devemos enxergar os novos conceitos como oportunidades de crescimento e resgate de valores, por mais inovadores e revolucionários que aparentam ser em um primeiro momento.
Cabe ao setor livreiro aproveitar tais possibilidades, desenvolvendo vertente mercadológica com imenso potencial. E não podemos deixar de destacar que o futuro do País está na Educação. Para que esta Educação seja efetiva, é preciso que esteja embasada em conteúdo edificante, seja absorvida por meio de livros impressos ou digitais, pois o importante é o seu conteúdo enriquecedor, aquele que abre as mentes e desenvolve o ser humano.
Para o Brasil se apropriar desta nova tecnologia, precisa evitar soluções mágicas ou populistas. O País deve aprender com os erros cometidos por outros países e adquirir conteúdo acreditando na capacidade do nosso mercado editorial em fornecer bons produtos, nos moldes do que faz com o bem-sucedido Programa de compra e distribuição do livro didático (PNLD).
Para que isso seja possível, a ideia de que o digital deva ser gratuito precisa ser combatida e os direitos autorais garantidos. Nesse sentido, é função dos autores, editores, livreiros e representantes dos demais elos da cadeia produtiva do livro valorizarem e defenderem as regras que regem esse novo mercado, pois, como sabemos, sem respeito à propriedade intelectual, a economia criativa não existe.
Para que haja qualidade é preciso qualificação. E, para que haja qualificação, é necessário investimento. É necessário aproveitarmos esse momento de definição de novos conceitos para arriscar, errar e construir, paulatinamente, o novo caminho que se abre. Como ninguém tem a fórmula para o sucesso, o primeiro a descobri-la será muito bem recompensado, pois sempre haverá leitores dispostos a assimilar ricos conteúdos.
Todo esse processo, obviamente, muda por completo o “negócio do livro”, desde a concepção do conteúdo até a forma como vendemos cada exemplar, passando pela distribuição, precificação e estratégias de marketing e divulgação.
No entanto, mais uma vez, não há regra ou lição a ser seguida. Por isso, a mensagem que queremos deixar aqui é a de que cada um deverá, a partir de agora, construir sua própria história. Ou, como bem definiu Washington Olivetto em sua palestra, “o Brasil parece não ter sido descoberto, mas sim escrito. E, já que estamos escrevendo esse País, vamos escrevê-lo com criatividade, qualidade e educação”.
Agradeço a colaboração de todos os envolvidos com a criação, organização e realização deste Congresso, que mostrou ao que veio, tanto pelo rico conteúdo como pelo brilhantismo de seus participantes.
Gostaria de destacar o profissionalismo e empenho de toda a equipe da Câmara Brasileira do Livro e de seus colaboradores diretos e indiretos, que permitiram a realização bem-sucedida de mais esta edição do Congresso Internacional CBL do Livro Digital. E também a demanda de nossos associados e entidades do setor que mais uma vez prestigiaram nosso encontro e ratificaram esse sucesso.
Já estamos ansiosos pela quarta edição, que, com certeza, estará cheia de novidades e experiências."
Karine Pansa
Presidente da CBL
Fonte:
Câmara Brasileira do Livro
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