O ponto, bolinha no fim da linha, dia destes rebelou-se por não ter com quem conversar á sua direita. Resolveu pular, sacolejar, procurar outra posição. Tanto fez que caiu linhas abaixo entre dois As e foi enxotado, pressionado a sair dali, porque deixaria os dois As sem função e ninguém conseguia lê-los.
O ponto triste com tal recepção, mas não querendo de novo se mover por sentir-se bem entre duas letras rechonchudinhas, agradáveis de se falar, bateu o pé para ficar aí. Foi agredido, espremido e esticado, de cada lado, por um dos As, até que virou travessão. Pior p’ra ele que ficou maior e mais difícil de se mexer e para as letrinhas mais longe uma da outra.
O ponto, agora retinha, levantou-se assustado por ver suas ex- vizinhas tão longe, que caiu e quebrou o pé ficando com um dedinho pendurado: virou um ponto de exclamação, esquisito entre as duas vogais - A!A - situação que não agradou nem este ponto rebelde e nem as letras, que começaram puxando-o de um lado, empurrando de outro até que esta reta com um ponto em baixo envergou-se e originou um ? , ponto de interrogação, propiciando já uma leitura rudimentar, ao se ler cada A de uma vez .
-A? se pergunta.
-A.
- A o quê?
-A oras.
– Mas o que é A?
– A de Agora, Amora, Afora, Alguém, Amor,
– Ah, é Amor. Então deixa. E ficou o ex ponto assim até que lhe entortaram mais e jogaram seu pontinho de baixo fora.
Agora um S entre As lhe proporcionou a ser ASA e voou para longe, até ser estilingado no lugarejo de nome CASAco quando perdeu um A de sua ASA e não mais ficou livre como sempre esteve. Virou cASco.
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