quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ialmar Pio Schneider (Efemérides Poética) Outubro - até dia 25



SONETO A HUMBERTO DE CAMPOS 
– In Memoriam  
Nascimento do escritor em 25.10.1886 

Ao ler suas Memórias comoventes, 
e as crônicas, sonetos, cujos temas 
demonstram como ele enfrentou problemas, 
e o fez em páginas inteligentes,... 

fico a pensar também quantos poemas 
nascem das almas boas, penitentes, 
nos momentos aflitos em que os crentes 
se debruçam perante seus dilemas... 

Mas, o Senhor que reina nas Alturas, 
o Pai Supremo de todas criaturas, 
olha por nós, Seus filhos prediletos,... 

pra que sejamos ternamente irmãos 
e os nossos sonhos nunca sejam vãos 
num mundo justo e fraternal de afetos…

SONETO ALEXANDRINO A AMADEU AMARAL
– In Memoriam 
Falecimento do poeta em 24.10.1929 

“Rios”, “Sonhos de Amor”, e “A um Adolescente”, 
são sonetos de escol que leio comovido, 
porque me fazem bem neste dia envolvente 
pela nublada luz do céu escurecido... 

E fico a meditar, trazendo para a mente, 
os poemas “A Estátua e a Rosa”, em sublime sentido; 
“Prece da Tarde”, quando exsurge a voz do crente 
como um sopro de amor no caminho escolhido... 

Estou perante o mestre Amadeu Amaral, 
cujos versos serão sempre muito admirados, 
como régio cultor da nobre poesia... 

Além do mais, ficou sendo vate Imortal, 
pois eleito ele foi por membros consagrados 
de nossa Brasileira Excelsa Academia !

SONETO A THÉOPHILE GAUTIER 
Falecimento do poeta em 23.10.1872 
– In Memoriam 

Poeta que saudou a Primavera, 
ao chegar com seu primeiro sorriso, 
por toda a parte a floração impera 
como se próxima do paraíso... 

No jardim, no pomar, também diviso 
as mais lindas flores e o crescer da hera... 
Quanta imaginação fora preciso 
para desenvolver esta quimera ! 

No vergel, as pequenas margaridas; 
no bosque, violetas e malmequeres; 
tudo aparece viçoso a florir... 

Enfim, para alegrar as nossas vidas, 
e tornar mais bonitas as mulheres, 
proclamo: “Primavera, podes vir!”

SONETO LIVRE A OSWALD DE ANDRADE 
Falecimento do escritor em 22.10.1954 
– In Memoriam 

Homenagear um poeta modernista 
como o foi Oswald de Andrade, como seria? 
se escrevo versos rimados de artista 
nos modelos antigos da poesia?! 

Mas minha verve faz com que eu insista 
a prestar, já nem sem se é honraria, 
este preito em palavras de anarquista, 
num soneto livre de métrica, neste dia ! 

Entretanto, não prescindo da rima, 
por ser ela que sempre me anima 
quando qualquer poema componho... 

Desculpe-me por este sacrilégio 
de abandonar as normas do colégio 
parnasiano ! Foi apenas um sonho…

SONETO A ARTHUR AZEVEDO 
– In Memoriam 
Falecimento em 22.10.1908

Foi dramaturgo, poeta e contista, 
com “Arrufos”, um soneto forte, 
após desentender-se com a consorte, 
fez uns ares de quem do amor desista... 

Toma o chapéu e sai, sem que suporte, 
fingir que não mais ama e se contrista, 
mas algo o faz voltar e então persista 
a manter a paixão até a morte... 

Assim são os amores verdadeiros, 
ao menos na aparência dos amantes, 
que às vezes têm questiúnculas por nada... 

E quando voltam ficam companheiros 
para viverem todos os instantes, 
seguindo adiante pela mesma estrada…

SONETO A ALPHONSE DE LAMARTINE 
Nascimento do poeta em 21.10.1790 
– In Memoriam

Recordo-me do seu poema “Outono”, 
que o Irmão Érico, enfaticamente, 
lia alto, na aula, com tamanho entono, 
que despertava a comoção na gente... 

Saudava a natureza, tristemente, 
como se a visse ficar no abandono 
pela queda das folhas, de repente, 
ao reclinar pra o derradeiro sono! 

Nesse cálice em que bebia a vida, 
talvez, houvesse uma gota de mel, 
após ter sorvido néctar e fel... 

Na multidão uma alma desconhecida, 
quem sabe, o compreendesse com bondade 
e lhe desse, afinal, felicidade !…

SONETO A ARTHUR RIMBAUD 
Nascimento do poeta em 20.10.1854 
– In Memoriam 

Jovem poeta que parou bem cedo 
de fazer versos plenos de emoção... 
Soneto de “Vogais” em cujo enredo 
cada uma tem a significação. 

Sua obra não foi simples arremedo 
de alguém que pensa apenas na ilusão; 
não se sabe do enigma nem do medo 
de a poesia dar continuação... 

O certo é que depois, quando indagado 
se era parente de Rimbaud, dizia: 
“Eu nunca ouvi falar !” E assim calado 

continuou pelo resta da vida, só, 
com sua nova e vã filosofia 
em que se sabe que seremos pó !

SONETO  AO DIA DO POETA
20.10

O poeta é aquele que vê mais longe: 
pode saber de tudo ou quase nada... 
Tanto é um pecador quanto é um monge, 
vive numa caverna ou segue a estrada 

dos sonhos. Às vezes parece um conde 
a procurar sua alma gêmea, a maga 
que num castelo medieval se esconde, 
cuja lembrança a solidão lhe afaga. 

Também não deixa de sofrer por isso 
e nunca se conforta no prazer 
de sempre se afastar do rebuliço: 

assim é que pretende compreender 
o destino que leva no feitiço 
questionável do ser ou do não ser !

SONETO A VINÍCIUS DE MORAES 
Nascimento do poeta em 19.10.1913
- In Memoriam

Quando nasceu Vinícius de Moraes 
trouxe consigo a chama da poesia, 
pra celebrar as musas, dia a dia, 
até o fim com versos geniais... 

Poeta da Paixão e da magia 
de conquistar mulheres especiais, 
compondo seus sonetos sensuais, 
viveu intensamente na boemia. 

Nesta data do seu aniversário 
há que lembrar-se: “Eu sei que vou te amar...” 
E assim nesse romântico cenário 

ouvir “Soneto da Fidelidade”, 
na voz do poetinha a declamar 
com tanto romantismo e intensidade !

SONETO A CASIMIRO DE ABREU 
– In Memoriam 
Falecimento do poeta em 18.10.1860 

Mas, onde se esconderam “Meus Oito Anos”, 
que os procuro debalde na distância? 
Casimiro de Abreu, teus desenganos, 
trazem saudades de minha infância... 

No entanto, sempre na mesma constância, 
bate meu coração com seus arcanos; 
e o que outrora tinha significância, 
hoje, são meus pobres cantos profanos. 

Pois, “oh! que saudades que tenho”, agora, 
daquele tempo bom que foi embora, 
e que, bem sei, não volta nunca mais? 

Sigo meu caminho sempre confiante, 
que cada etapa que me surge adiante, 
só vem complementar meus ideais…

SONETO A MANUEL BANDEIRA
Falecimento do poeta em 13.10.1968
– In Memoriam

MEU CARNAVAL 78 

Ilusão desta vida imaterial, 
não adianta pensar nem presumir, 
o negócio é deitar para dormir 
ou ler Manuel Bandeira tão jovial... 

Mas que anseio, que lástima, afinal, 
se tudo é passageiro ?! quero ouvir 
Sonatas ao Luar e me sumir 
à procura de um bálsamo ao meu mal. 

E não será aqui, nem mais distante... 
Lança-perfume d éter não existe ! 
O que fazer? Confete e serpentina?! 

Desvairado, sem álcool e perante 
mulheres tão bonitas e eu tão triste: 
pobre Pierrô buscando a Colombina !

SONETO CAÓTICO A MÁRIO DE ANDRADE
Nascimento do poeta em 9.10.1893
– In Memoriam

Mário de Andrade cria o Desvairismo, 
foge da rima e métrica também... 
Houvera de existir, no entanto, alguém 
que a outra escola desse outro batismo ! 

Hoje apresento-lhes o Caotismo 
e de antemão não sei se lhes convém; 
voltando a antigas fórmulas, porém, 
a conservar ainda o Telurismo... 

Procuro na desordem o entendimento 
e misturando todos, bons e maus, 
faço versos, até com sentimento, 

que singram mares, vagarosas naus... 
Seguem o rumo que lhes dita o vento 
na vastidão das águas para o caos...!

SONETO A CATULLO DA PAIXÃO CEARENSE  
Nascimento do poeta EM 8.10.1863 -– 
– In Memoriam 

Faz-me lembrar o tempo de menino, 
no lar paterno, lá na velha aldeia, 
com minha mãe, irmãos e irmãs, na ceia, 
de noitezinha, ao bimbalhar do sino... 

Depois, eu contemplava a lua cheia 
e perguntava aos céus: qual meu destino, 
neste mundo que roda e cambaleia, 
com momentos de luz e desatino?!... 

E ouvia a minha voz na voz do vento, 
dizendo que eu tivesse paciência, 
estudasse, aprendesse e na paixão 

de adquirir maior conhecimento, 
ingressasse no reino da sapiência... 
Que lindo era o Luar do meu Sertão !…

SONETO A EDGAR ALLAN POE 
Falecimento do escritor em 7.10.1849
– In Memoriam 

À meia-noite o visitou alguém, 
enquanto refletia nessa hora, 
lendo doutrinas em manuais de quem 
pudesse distraí-lo, sem demora... 

Curiosidade neste mundo têm 
todos os seres em que a dor vigora, 
e ao vate parecia que do Além 
surgia a voz saudosa de Lenora. 

Pensou, então, que fosse algum amigo, 
que tinha vindo lhe pedir abrigo 
p´ra mitigar as dores infernais... 

Abre a janela a olhar, e num tumulto 
enxerga esvoaçar sinistro vulto; 
era o Corvo que disse: “Nunca mais!”

Fontes:
O Autor
Imagem = montagem por J. Feldman

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