sábado, 27 de abril de 2013

Gislaine Canales (Caderno de Trovas)

A minha vida é uma Trova,
trova de ilusão perdida,
pois a vida é grande prova,
que prova a Trova da vida!

Amor à primeira vista,
foi isso, mar, que eu senti!
Ninguém há que te resista,
quando está diante de ti!

Caminhei pelo infinito,
vaguei por milhões de espaços...
Até lá estava escrito
o meu regresso aos teus braços!

É contrastante a ironia,
nesta verdade contida:
lindo o entardecer do dia,
triste o entardecer da vida!
 
É mais que um deslumbramento
ver o sol nascer no mar,
é mágico esse momento
que vem as águas dourar!

Eu gosto de navegar
nesse mar de azul infindo
formado por teu olhar.
Não existe mar mais lindo!

Não posso viver em vão,
eu preciso um filho ter,
plantar em fecundo chão
e um livro bom, escrever!

Nesta vida tão inquieta,
o meu consolo é pescar.
Sou pescadora – poeta,
que pesca versos no mar!

Numa troca de carinhos,
dois sorrisos se irmanaram,
e os dois, antes, tão sozinhos,
juntos, pra sempre, ficaram !
O brigadiano velhinho
gemia e quase chorava,
quando a velha, de mansinho,
seu cacetete... lustrava!  
 
Olhando o mar, eu diviso,
a areia branca a esperar
um beijo feito sorriso,
que as mansas ondas vêm dar!

Olhava o mar com temor,
numa espera preocupada:
nem peixes...nem pescador!
Tão só o vazio do nada!
O magro e a magra dançando...
Osso com osso batia...
E quem estava escutando
pensava ser bateria...

O magro era tão magrinho,
magrinho de fazer dó...
seu pijama listradinho
era de uma listra só!

O mais bonito sorriso,
que eu ganhei, cheio de afeto,
revelar nem é preciso !
Foi do meu primeiro neto!

O meu viver enfadonho,
só de amarguras composto,
põe as rugas do meu sonho
sobre as rugas do meu rosto!

O trovador que em verdade,
faz da trova uma oração,
coloca com amizade
“A trova no Coração”!

Para mim, não há segredos,
meu mar, de infinito azul,
nós convivemos sem medos,
nas belas praias do Sul!

Quero cantar pelo espaço
e, nas estrelas, rever
todas as trovas que eu faço.
Trova é prece em meu viver!

Sou pescador de ilusões,
e nesse pescar me ponho,
conquistando corações
com os anzóis do meu sonho!

Sou tão triste e tão sozinha,
que o eco do meu lamento,
desta saudade tão minha,
escuto na voz do vento!

Um bombeiro consciente,
alto, loiro, bonitão,
apaga o fogo da gente
mesmo sem água na mão!

Um gemido de dar medo,
eu ouvi... que coisa estranha!
Cravou o espeto no dedo,
em vez de ser na picanha! 

 Um segredo que me assusta:
-Não saber, se após a morte,
há uma vida boa e justa,
que não dependa da sorte!

Vamos a vida encantar
com nossa Trova querida,
e na Trova, então cantar,
um hino de amor à vida!

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