Como dizer adeus para alguém que você tanto ama? Controlar a tensão das palavras que prenunciam o fim, maquiando o inevitável, é doloroso. Saber que de tudo que será dito, apenas a última palavra permanecerá. Ficará suspensa no ar, como a fragrância de um perfume, até que o tempo faça esquecer tudo. A expressão no rosto tenta esconder a tristeza, mas são os olhos que denunciam o que a alma sente. E foi assim o adeus.
“Papai, você ‘tá me abandonando?” Disse a garota, com a sinceridade de seus seis anos de idade.
“Não, meu amor. Eu nunca vou lhe abandonar. É que a mamãe e o papai precisam se separar”. As pernas do pai tremiam discretamente por baixo da cadeira. “Eu vou viajar, mas volto em breve. Muito breve, meu amor. Mas não vou lhe abandonar. Isso, não!”
“Você não me ama mais?”
Lágrimas.
“Amo muito, meu amor. ‘Tô me separando da mamãe, meu coração. Não de você. Nunca de você!”
Ela sorriu. Brincou com os dedos. Abraçou-o com vigor, encaixando-se confortavelmente dentro de seu peito de pai. Ele a abraçou de volta. Não sabia quando iria vê-la novamente. Sentiu seu cheiro de bebê. Segurou-a nos braços mais tempo do que o normal. Sem fazer qualquer som, chorou controlado. Calado. Triste. Solitário. Fracassado.
“Você ‘tá chorando, papai? Chore não, eu ‘tô aqui”.
O pai tremeu emocionado. Ali estava sua pérola, na maturidade dos seus seis aninhos, a confortá-lo. Pior, ela não tinha idéia do que estava acontecendo. Nem o que significava separação de pais. Ela ficaria com sua mãe. Ele iria embora. E, a partir daquele momento, perderia a possibilidade de vê-la crescer. A viu nascer. Esteve lá na hora do parto. Cortou o cordão umbilical. Ouviu dele, suas primeiras palavras de amor. Recebeu dele, seu primeiro beijo. Agora, com a separação, não iria vê-la com aquele rostinho de sono perambulando pela casa todas as manhãs. Nem tampouco preparar seu lanche, ou levá-la à escola.
Lágrimas.
“Estou soluçando...” Disfarçou o melhor que pode. “Você precisa ir meu amor. Sua mãe chegou”.
Segurou-a forte pela mão, e a conduziu até a porta do carro da mãe. Agachou até poder olhar nos seus lindos olhos castanhos, viu seu reflexo pela última vez. “Tchau amor, papai te ama”, disse, contendo o tremer do queixo. Ela entrou no carro sorrindo, inocente, fechou a porta, soprou um beijo e o carro deu partida. Olhou para o pai mais uma vez, e acenou pela janela semi-aberta. O pai observou o carro se perder na distância. Acenou, dizendo adeus.
–––––––––––––-
Charles M. Phelan nasceu nos Estados Unidos,. Atualmente reside em Natal/RN, onde estuda direito e é professor de ingles.
“Papai, você ‘tá me abandonando?” Disse a garota, com a sinceridade de seus seis anos de idade.
“Não, meu amor. Eu nunca vou lhe abandonar. É que a mamãe e o papai precisam se separar”. As pernas do pai tremiam discretamente por baixo da cadeira. “Eu vou viajar, mas volto em breve. Muito breve, meu amor. Mas não vou lhe abandonar. Isso, não!”
“Você não me ama mais?”
Lágrimas.
“Amo muito, meu amor. ‘Tô me separando da mamãe, meu coração. Não de você. Nunca de você!”
Ela sorriu. Brincou com os dedos. Abraçou-o com vigor, encaixando-se confortavelmente dentro de seu peito de pai. Ele a abraçou de volta. Não sabia quando iria vê-la novamente. Sentiu seu cheiro de bebê. Segurou-a nos braços mais tempo do que o normal. Sem fazer qualquer som, chorou controlado. Calado. Triste. Solitário. Fracassado.
“Você ‘tá chorando, papai? Chore não, eu ‘tô aqui”.
O pai tremeu emocionado. Ali estava sua pérola, na maturidade dos seus seis aninhos, a confortá-lo. Pior, ela não tinha idéia do que estava acontecendo. Nem o que significava separação de pais. Ela ficaria com sua mãe. Ele iria embora. E, a partir daquele momento, perderia a possibilidade de vê-la crescer. A viu nascer. Esteve lá na hora do parto. Cortou o cordão umbilical. Ouviu dele, suas primeiras palavras de amor. Recebeu dele, seu primeiro beijo. Agora, com a separação, não iria vê-la com aquele rostinho de sono perambulando pela casa todas as manhãs. Nem tampouco preparar seu lanche, ou levá-la à escola.
Lágrimas.
“Estou soluçando...” Disfarçou o melhor que pode. “Você precisa ir meu amor. Sua mãe chegou”.
Segurou-a forte pela mão, e a conduziu até a porta do carro da mãe. Agachou até poder olhar nos seus lindos olhos castanhos, viu seu reflexo pela última vez. “Tchau amor, papai te ama”, disse, contendo o tremer do queixo. Ela entrou no carro sorrindo, inocente, fechou a porta, soprou um beijo e o carro deu partida. Olhou para o pai mais uma vez, e acenou pela janela semi-aberta. O pai observou o carro se perder na distância. Acenou, dizendo adeus.
–––––––––––––-
Charles M. Phelan nasceu nos Estados Unidos,. Atualmente reside em Natal/RN, onde estuda direito e é professor de ingles.
Fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário