Para Higor
Liberta, que serás também.
Era uma vez um homem que gostava de caçar. Não caçava borboletas, nem caçava encrenca por aí. Era uma vez um homem que gostava mesmo era de caçar passarinhos.
Assim, dia a dia, ele deixava arapucas pelo caminho, que era sempre o mesmo caminho de sempre, sem qualquer, sem nenhuma novidade.
Porém, o que esse homem não sabia era que, para caçar qualquer pardal, qualquer canário, qualquer tipo de passarinho, era preciso ter primeiro uma gaiola, algum lugar de onde esse pássaro nunca mais pudesse sair. E o homem, coitado, não tinha nenhuma gaiola.
Foi que, um dia, ele achou por bem fazer uma gaiola. Não tinha muita, ou quase nenhuma experiência com esse tipo de trabalho, então, o que saísse de suas mãos de poeta e de funcionário público municipal que se julga menor, já seria um grande (e)feito para ele.
Gaiola pronta, tratou de espalhar suas arapucas novamente. O mar parecia estar para peixe, mesmo que a intenção fosse pegar pássaros.
Não é que, como quem não quer nada, quase à noitinha, um passarinho muito lindo entrou na arapuca do homem, que, se aproveitando da distração momentânea do pardal, tratou de pegá-lo logo e trancafiá-lo em sua nova gaiola?...
O homem, porém, não era um caçador de passarinhos de verdade. Estava mais para um ornitólogo do que para um caçador. Mas, como havia adorado aquele pardalzinho que pegara, quis que ele ficasse para sempre em sua nova casa.
O pardal, por sua vez, já tinha seu ninho à vista, e o homem até sabia disso. Mas, como era o seu pardal de estimação, não queria libertá-lo.
Assim, desde o momento em que o pegou, ficou vigiando para ver se ele não fugia, não deixava a gaiola. E foi ficando cada vez mais infeliz.
Um dia, por um cochilo do homem, o pardal saiu das grades que o aprisionavam. Indignado com seu descuido, o homem se culpara pelo acontecido, sem ter sequer se dado conta de que a porta da gaiola nunca, jamais tinha existido.
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