Conto popular na Bahia e Maranhão, trazido pelos escravos africanos. No original africano os personagens eram animais.
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Uma Mãe, que era muito má (severa e rude) para os filhos, deu de presente a sua filhinha um par de brincos de ouro. Quando a menina ia à fonte buscar água e tomar banho, costumava tirar os brincos e botá-los em cima de uma pedra. Um dia ela foi à fonte, tomou banho, encheu o pote e voltou para casa, esquecendo-se dos brincos.
Chegando em casa, deu por falta deles e com medo da mãe brigar com ela e castigá-la correu à fonte para buscar os brincos. Chegando lá, encontrou um velho muito feio que a agarrou, botou-a nas costas e levou consigo. O velho meteu ela dentro de um surrão (um saco de couro), coseu o surrão e disse à menina que ia sair com ela de porta em porta para ganhar a vida e que, quando ele ordenasse, ela cantasse dentro do surrão senão ele bateria com o bordão (vara).
Em todo lugar que chegava, botava o surrão no chão e dizia:
Canta, canta meu surrão,
Senão te meto este bordão.
E o surrão cantava:
Neste surrão me meteram,
Neste surrão hei de morrer,
Por causa de uns brincos de ouro
Que na fonte eu deixei.
Todo mundo ficava admirado e dava dinheiro ao velho. Quando um dia, ele chegou à casa da mãe da menina que reconheceu logo a voz da filha.
Então convidaram ele para comer e beber e, como já era tarde, insistiram muito com ele para dormir. De noite, já bêbado, ele ferrou num sono muito pesado. As moças foram, abriram o surrão e tiraram a menina que já estava muito fraca, quase para morrer. Em lugar da menina, encheram o surrão de excrementos. No dia seguinte, o velho acordou, pegou no surrão, botou às costas e foi-se embora.
Adiante em uma casa, perguntou se queriam ouvir um surrão cantar. Botou o surrão no chão e disse:
Canta, canta meu surrão,
Senão te meto este bordão.
Nada. O surrão calado. Repetiu ainda. Nada. Então o velho meteu o bordão no surrão que se arrebentou todo e lhe mostrou a peça que as moças tinham pregado.
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