PERPLEXIDADE
No encadeamento das ações
busca sentido na vida civilizada
em algo que demonstre a razão
para estar aqui
na incompreensão do acontecido
sua perplexidade pelos fatos
não fazerem sentido
busca na matéria conteúdo
e força para compreender
o mundo fisicamente. Algo
que una em costuras
a parte poética
na incompreensão dos ciclos
sua perplexidade repassa
as fases terrestres e também
não encontra sentido.
VIAJANTES
Atravessa a terra
de lado a lado
em todos os transportes
e inúmeras linguagens
pelos ares de contornos meridianos
pelos oceanos de águas profundas
pelas terras de compostas estrelas
visita palácios tumbas
templos oásis
está nos cabarés
nos templos
em balneários
volta como sai
pouco menos de fome
algo mais entediado.
MESMOS VERSOS
Quisera fazer versos
com palavras exatas
de enriquecidas rimas
quisera usar a métrica
em versos e versos
de mesmos espaços
a engolir letras
em desalinhados
apóstrofos
quisera sentidos alternados
no abusar das folhas vagas
ao saber corretamente
desenvolver o mote
quisera riscar clássicos
ao lembrar palavras
escritas no esgar
dos mestres: destruir
o futuro sem ousar
conflitar o presente.
MOMENTO
Momento em que o atacante
elastece seus movimentos
gira sobre si em velocidade
fica com a bola
à feição para o chute
na trajetória indefensável
gol
e o abraço pela vitória
momento em que o defensor
entorpece seus movimentos
e em câmara lenta assiste
o giro do atacante
o chute e o gol
na compreensão
da derrota.
HISTÓRIA
Revemos a história
como lavamos a roupa
branqueando atos acontecidos
com puros e brilhantes protagonistas
não há história no que passam
para nós: apenas outra novela
para mero entretenimento
sem condicionantes
sem circunstâncias
sem ambivalências
sem lógico raciocínio
nem cartesiana apreciação
páginas e páginas recheadas
do que acham que houve em
amareladas páginas oficiais.
Fonte: Pedro Du Bois
Um comentário:
Como sempre, amigo, gratíssimo pelo destaque.
Abraços.
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