quarta-feira, 18 de junho de 2025

Asas da Poesia * 39 *

 

Soneto de
MARTINS FONTES
Santos/SP, 1884 – 1937

Desarmonia

Certas estrelas coloridas,
estrelas duplas são chamadas,
parecem estarem confundidas,
mas resplandecem afastadas.

Assim, na terra, as nossas vidas,
nas horas mais apaixonadas,
dão a ilusão de estar unidas,
e estão, de fato, separadas.

O amor e as forças planetárias,
trocando as luzes e os abraços,
tentam fundi-las e prendê-las.

E eternamente solitárias,
dentro do tempo e dos espaços,
vivem as almas e as estrelas.
= = = = = = = = =  

Haicai do
PROFESSOR GARCIA
Caicó/RN

Nas brisas serenas,
no sopro de um vento brando,
a voz das camenas*!
= = = = = = = = = 
* Camenas = musas 
= = = = = = = = =

Soneto de
DOMINGOS FREIRE CARDOSO
Ilhavo/ Portugal

Não darei um só passo onde me prenda
(Fernandes Valente Sobrinho in "Poemas Escolhidos", p. 101)

Não darei um só passo onde me prenda
O espectro de um amor que já passou
E o resto de um sorriso que raiou
Que fazem com que agora eu me arrependa.

Mas este coração não tem emenda
E sonha com o que ainda não achou
E de todos os gostos que provou
Elege o teu beijar de que faz lenda.

Procuro outros caminhos onde passe
Sem ver em cada rosto a tua face
Trazendo o que a teu lado eu já vivi.

É falsa a tentativa dos meus passos
Que lembrando o calor dos teus abraços
Simplesmente me levam para ti.
= = = = = = = = = 

Trova de
CLÁUDIO DE CÁPUA
São Paulo/SP, 1945 – 2021, Santos/SP

Unindo a seresta ao verso
quero compor na amplidão.
Sou menestrel do universo,
em tardes de solidão.
= = = = = = = = =  

Poema de
MACHADO DE ASSIS 
Rio de Janeiro/RJ, 1839 – 1908

Alencar

Hão de os anos volver, — não como as neves
De alheios climas, de geladas cores;
Hão de os anos volver, mas como as flores,
Sobre o teu nome, vívidos e leves...

Tu, cearense musa, que os amores
Meigos e tristes, rústicos e breves,
Da indiana escreveste, — ora os escreves
No volume dos pátrios esplendores.

E ao tornar este sol, que te há levado,
Já não acha a tristeza. Extinto é o dia
Da nossa dor, do nosso amargo espanto.

Porque o tempo implacável e pausado,
Que o homem consumiu na terra fria,
Não consumiu o engenho, a flor, o encanto...
= = = = = = 

Trova de
DOROTHY JANSSON MORETTI   
Três Barras/SC, 1926 – 2017, Sorocaba/SP

A cada golpe que malha
a rude pedra, o escultor
bendiz o cinzel que entalha
a estátua do seu amor.
= = = = = = = = =  

Poema de
RITA MOURÃO
Ribeirão Preto/SP

Raízes

Sou parte do Grande Sertão de Guimarães Rosa.
A terra me medra,
as árvores me enraízam, os pássaros me gorjeiam.
Caminho pisando folhas que me desfolham.
Sou exercida por savanas e meu cheiro é agreste.
Por isso minha alma canta,
contaminada pela Natureza que me define.
= = = = = = = = =  

Poemeto de
JAQUELINE MACHADO
Cachoeira do Sul/RS

Queria ser 

Na fração de tempo que cabe todo o meu existir, 
queria ser o brilho eterno de um raio dourado
a despertar a consciência 
de quem não sabe que nasceu para ser feliz…
= = = = = = = = =  

Poema de
CECÍLIA MEIRELES
Rio de Janeiro RJ, 1901-1964

Desamparo

Digo-te que podes ficar de olhos fechados sobre o meu peito,
porque uma ondulação maternal de onda eterna
te levará na exata direção do mundo humano.

Mas no equilíbrio do silêncio,
no tempo sem cor e sem número,
pergunta a mim mesmo o lábio do meu pensamento:

quem é que me leva a mim,
que peito nutre a duração desta presença,
que música embala a minha música que te embala,
a que oceano se prende e desprende
a onda da minha vida, em que estás como rosa ou barco...?
= = = = = = = = =

Trova de
NEWTON MEYER AZEVEDO
Pouso Alegre/MG, 1936 – 2006

Tira a roupa, e, quase nua
diz ao marido, emburrada:
- Pareço ainda "Perua "?!
- Parece, sim... depenada!
= = = = = = = = =  

Soneto de
CAROLINA RAMOS
Santos/SP

Arrependimentos

Erraste... e quem não erra neste mundo,
repleto de sofismas e ciladas?!
Basta-nos, para errar, um vil segundo,
que o demônio nos tece, às gargalhadas!

A vida abismos cava... explora a fundo,
as faltas pequeninas, simples nadas;
absolve, purifica um charco imundo,
de linhas retas, faz encruzilhadas!

Vês? A vida é também contraditória!
Não te anule a opressão de um desatino!
Ponto final! E enceta nova história,

repetindo, a evitar outros tormentos;
- Assento os alicerces do destino,
"nos meus fecundos arrependimentos" (*]
= = = = = = = = = = =
(*) Chave de Ouro de Guilherme de Almeida
= = = = = = = = =  

Aldravia de
CLEVANE PESSOA
Belo Horizonte/MG

Aquém 
da
porta
segredos
abraçam 
medos.
= = = = = = = = =  

Poema de 
ANTONIO JURACI SIQUEIRA
Belém/PA

Juvêncio

Assim vai Juvêncio
na sua aventura.
Da mata, o silêncio,
suave langor...
- Que motivo tanto
pra tanta bravura?
- Vai atrás do encanto
do seu santo amor.

Um riso escondido
no rosto moreno.
Herói das entranhas
das matas em flor.
No olhar sereno,
uma luz estranha...
Coisas do Cupido,
ciladas do amor!

Vai rasgando as águas
revoltas e turvas,
afogando as mágoas,
sufocando a dor.
Vai dobrando as curvas
do rio e da vida,
esquecendo a lida.
Vai ver seu amor!
      
A noite já avança,
o sol já descansa,
remar, seu ofício,
sua sina, lutar.
A canoa balança,
o remo lhe cansa.
Tanto sacrifício
pelo verbo amar!...

Não sente pavor
de fera ou visagem,
só pensa na imagem
da Rosa a esperar.
Vai pensando nela,
tão meiga, tão bela,
repleta de amor
e beijos pra dar.
= = = = = = = = =  

Quadra Popular de
AUTOR ANÔNIMO

Quem ama não tem vergonha,
faz das tripas coração,
faz que não vê muita coisa,
sofre cada ingratidão!
= = = = = = = = =  

Soneto de
VINICIUS DE MORAES
Rio de Janeiro/RJ, 1913 – 1980

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
= = = = = = = = =  

Haicai de
ANTONIO CABRAL FILHO
Jacarepaguá/RJ

Seu laço de fita
Abalou meu coração:
Paixão virtual.
= = = = = = = = =  

Poema de
CASTRO ALVES
Freguesia de Muritiba (hoje, Castro Alves)/BA (1847 – 1871) Salvador/BA

Crepúsculo sertanejo

A tarde morria! Nas águas barrentas
As sombras das margens deitavam-se longas;
Na esguia atalaia das árvores secas
Ouvia-se um triste chorar de arapongas.

A tarde morria! Dos ramos, das lascas,
Das pedras, do líquen, das heras, dos cardos,
As trevas rasteiras com o ventre por terra
Saíam, quais negros, cruéis leopardos.

A tarde morria! Mais funda nas águas
Lavava-se a galha do escuro ingazeiro... 
Ao fresco arrepio dos ventos cortantes
Em músico estalo rangia o coqueiro.

Sussurro profundo! Marulho gigante!
Tal vez um silêncio!... Tal vez uma orquestra... 
Da folha, do cálix, das asas, do inseto ...
Do átomo à estrela... do verme - à floresta!...

As garças metiam o bico vermelho
Por baixo das asas - da brisa ao açoite;
E a terra na vaga de azul do infinito
Cobria a cabeça co'as penas da noite!

Somente por vezes, dos jungles das bordas
Dos golfos enormes daquela paragem,
Erguia a cabeça surpreso, inquieto,
Coberto de limos - um touro selvagem.

Então as marrecas, em torno boiando,
O voo encurvavam medrosas, à toa...
E o tímido bando pedindo outras praias
Passava gritando por sobre a canoa!…
= = = = = = = = =  

Trova de
EVA GARCIA
Caicó/RN

A bela flor de papel
que tu me deste, outro dia...
Foi tão perfeita e fiel,
que o cheiro dela eu sentia!
= = = = = = = = =  

Poema de
CRIS ANVAGO
Setúbal/ Portugal

Estremeço nas palavras que não digo
Guardo-as numa caixa fechada, meu abrigo
O céu fica nu sem as estrelas
Ficam tristes os olhos que não conseguem vê-las
Sem ondas o mar adormece
A sereia, sem admirador não aparece
O sol não brilha por detrás das nuvens
A estrada é fácil se não existirem curvas
A chuva não cai se a nuvem não chora 
Evapora-se o sorriso se o amor demora...
= = = = = = = = =

Epigrama de
ROBERTO CORREIA
Salvador/BA, 1876 – 1937

De muitos “doutores” sei
Que fundamente acatamos,
Aos quais, se dizem: – “Cheguei”,
Retruca a Morte: – “Chegamos”.
= = = = = = = = =  

Poemeto de
SOLANGE COLOMBARA
São Paulo/SP

Nas folhas do tempo
ouço o som do vento.
Às vezes lamento,
outras, só fragmento.
As folhas farfalham,
no vento gargalham.
Pedaços se espalham
no tempo, embaralham.
As folhas se agitam
no tempo, levitam
os restos, hesitam.
Os ventos, excitam. 
= = = = = = = = =  

Trova de
NEMÉSIO PRATA
Fortaleza/CE

Dizem, com propriedade,
que a saudade é inexplicável;
explica-se: na verdade,
o senti-la é indecifrável!
= = = = = = = = =  

Soneto de
FILEMON MARTINS
São Paulo/ SP

Minha casa

Em frente à minha casa há um jardim
onde os pássaros cantam saltitantes.
Lá dentro há café, beiju e aipim
e a mesa é farta para os visitantes.

A grama verde, as flores e o jasmim
acolhem beija-flores cintilantes.
Quatro palmeiras firmes dizem sim
e fazem sombra aos corações amantes.

Em minha casa tenho alguns armários,
e os livros - meus amigos necessários
que me ensinam a crer num sonho bom.

Creio no amor e em dias fulgurantes
enquanto os versos brotam abundantes,
vou escrevendo e assino Filemon.
= = = = = = = = =  

Poetrix de
ANTONIO CARLOS MENEZES
Recife/PE

Lisboa

uma guitarra que chora 
de longe, um fado
que me toca a alma.
= = = = = = = = =  

Poema de
CÉLIA EVARISTO
Lisboa/ Portugal

Falta de mim

Não me sinto há muito,
desapareci,
voei.

Levei de bagagem de mão
o meu coração
e não prometi regressar.

Chorei,
gritei
e até à dor me dei,
sem me conseguir resignar.
O que sinto só eu sei,
não me quero enganar.

Por isso fui
e não voltei…
= = = = = = = = =  

Spina de
NINA MARIZA
Berilo/MG

Dançarina 

Ritmada ao som
do meu coração,
ela alegre dança.

Roda, roda, não se cansa.
Como é bom vê-la assim!
No ar, sacoleja sua trança.
Esse lindo jeito ágil, vivaz,
é emoção que me balança.
= = = = = = = = =  

Poema de
SILMAR BOHRER
Caçador/SC

As nebulosas

Ôba! o solzinho trigueiro
arrebentou as nebulosas,
aquelas nuvens grandiosas
que escondiam o dia inteiro.

Pequenas nesgas de céu
na vastidão das alturas
dão conta que iluminuras
vem chegando pra "dedéu".

Igualmente em nossas vidas
vivemos pedindo guaridas
com raios de esperança,

Átimos, faíscas, lampejos,
consolidando nossos desejos
de dias com mais bonança.
= = = = = = = = =  

Poeminha de
A. A. DE ASSIS
Maringá/PR

Vaga
o vaga-lume.
Vaga luz
num vago mundo
procurando
vaga.
= = = = = = = = =  

Soneto de
JÉRSON BRITO
Porto Velho/ RO

Doces sonhos

Sem ti, percorro gélidas paragens
No olhar, nem mesmo há tímida flamância,
Tornou a vida vápida* a distância,
Mas sonho e vejo lúbricas imagens.

Por teres essa mélica fragrância
São belas as oníricas viagens.
Contigo erijo mágicas paisagens,
Deleito-me na fúlgida elegância.

Da seiva desses únicos instantes
Encerras nos teus ósculos vertentes.
Encontro em ti recôndito o alimento.

Nós dois, tal como indômitos amantes
Trocando afagos sôfregos e ardentes,
Assim, construo o tórrido momento.
= = = = = = = = =  = = = = =  
* vápida = insípida.
= = = = = = = = =  

Poetrix de
ROSA CLEMENT
Manaus/AM

Borboleta

centro da cidade
a mariposa entra no ônibus
e passa pela borboleta
= = = = = = = = =

Soneto de
LUIZ POETA
(Luiz Gilberto de Barros)
Rio de Janeiro/RJ

En-canto

Mesmo sem voar, o passarinho
canta... que mistério há nesse encanto?
... posso vê-lo rir, sentindo o pranto
que acaricia o seu carinho. 

Neste mundo há tanto desencanto...
mas quem é feliz sendo sozinho,
sabe que é na solidão do ninho
que o cantar se torna um acalanto.

Lindo!... alguém dirá... Como ele canta!
...sua solidão,  embora tanta,
é  a mais sincera companhia,

pois, no canto escuro da gaiola,
o cantar mais triste que o consola,
faz se canto, um toque de...poesia.
= = = = = = = = =  

Poema de
J. G. DE ARAÚJO JORGE
Tarauacá/AC (1914 – 1987) Rio de Janeiro/RJ

A dor maior

Não quis julgar-te fútil nem banal
e chamei-te de criança tão-somente,
- reconheço, no entanto, infelizmente,
que, porque te quis bem, julguei-te mal.

Pensei até, ( e o fiz ingenuamente...)
ter encontrado a companheira ideal...
Quis julgar-te das outras diferente,
e és como as outras todas afinal...

Hoje, uma dor estranha me consome
e um sentimento a que não sei dar nome
faz-me sofrer, se lembro o amor perdido...

A dor maior... A maior dor, no entanto,
vem de pensar de Ter-te amado tanto
sem que ao menos tivesses merecido!...
= = = = = = = = =  

Sextilha de
WALMAR COELHO
Ceará

O amor

O amor é uma plantinha
Que medra no coração!
Com o afeto se avizinha,
Bem querer ou ilusão,
Vive e cresce, não sozinha,
Nem prescinde afeição.
= = = = = = = = =  

Soneto de
ÓGUI LOURENÇO MAURI
Catanduva/SP

Foi teu abraço!

Foi teu abraço que, um dia,
Dos outros todos tirou
Qualquer graça que eu sentia
Doutros que o tempo levou.

Foi teu beijo que depois
Me afastou de quem beijei.
Ficaram só pra nós dois
Os demais beijos que eu dei.

À minh'alma, finalmente,
A alma gêmea apareceu.
E o amor se fez presente
A teu coração e ao meu!

Foi teu calor que acoplou
A meus carinhos os teus.
Foi nosso amor que alcançou
Beneplácito de Deus.

Este é o encontro atual,
Prescrito em nossos pretéritos;
Dos céus, chegam, afinal,
Dádivas por nossos méritos.
= = = = = = = = =

Soneto de
EDY SOARES
Vila Velha/ES

Eu creio

Eu sei que existe um mundo diferente
e Alguém que monitora e nos assiste
o tempo inteiro e minuciosamente.
Eu não sei onde, mas eu sei que existe!

Eu sei que existe um Deus Onipotente...
talvez não seja alguém com dedo em riste,
aspérrimo e que vai punir a gente,
franzindo o cenho a qualquer simples chiste.

Desconstruindo a história divinal,
não resta mais que um ciclo material...
princípio e fim da natureza humana.

Alguém criou o espaço, o firmamento;
controla este universo em movimento
e a criação... de forma soberana!
= = = = = = = = =

Coelho Neto (O Mentiroso)


Podia jurar! Riam-se dele. Mentia tanto, que ninguém dava crédito ao que dizia. Às vezes queixava-se de moléstias: e, longe de o tratarem carinhosamente, repreendiam-no, ameaçavam-no, quando não lhe dobravam os exercícios de escrita; e, pobrezinho! Muitas e muitas noites, ardendo em febre, debruçado à carteira, copiava compridas descrições, — e tudo porque mentia. Os mesmos companheiros repeliam-no quando ele aparecia contando um fato:

— Ora, sai daqui, mentiroso! Pensas, então, que somo tolos?

Uma manhã desceu ao rio em companhia de outro. Chovera abundantemente dias antes, e o rio assoberbado, transbordara.

Os dois meninos hesitaram algum tempo antes de tirar as roupas; o mais velho, porém, nadador intrépido, acoroçoou André, o mentiroso:

— Vamos, a correnteza é insignificante e não precisamos ir para o meio do rio. Vamos!

Animado, André atirou-se ao rio; a correnteza, porém, começou a arrastá-lo, de sorte que, quando ele quis tomar pé, a água cobriu-lhe a cabeça. O outro boiava cantarolando.

De repente ouviu um grito angustiado: — Ai! — Voltou-se, e, não vendo André, teve um sobressalto; logo, porém, considerando, sorriu: 

— Pois sim! Pensas que me enganas! 

E continuou a nadar tranquilamente. Mas André não aparecia: o menino ganhou a margem, lançou os olhos para os cantos, desconfiando de que o companheiro se houvesse escondido em alguma moita para assustá-lo; vendo, porém, que não aparecia, correu aterrorizado para o colégio, levando a tristíssima notícia. 

Desceram criados, e, atirando-se ao rio, procuraram o pequeno que as águas haviam arrebatado. 

E o companheiro, em pranto, repetia com sentimento:

— Eu bem ouvi o seu grito, bem ouvi, mas ele mentia tanto...

Dias depois, apareceu coberto de ervas e horrivelmente deformado o cadáver do pequeno André; e o companheiro, vendo-o, soluçou ainda: 

— Coitado! Mas foi por culpa dele. Mentia tanto!

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
HENRIQUE MAXIMIANO COELHO NETO nasceu em Caxias/MA, em 1864 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1934. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife. No Rio de Janeiro, conheceu José do Patrocínio, que o introduziu na redação do jornal Gazeta da Tarde e no periódico A Cidade do Rio, época em que começou a publicar os seus contos. No início da República, além de jornalista e professor de literatura e teatro, foi deputado federal, pelo Maranhão, em três legislaturas. Em 1890, casou-se e teve catorze filhos. Nesse mesmo ano ocupou a Secretaria do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Sua residência no Rio, na rua do Rocio, tornou-se famosa como ponto de encontro de celebridades e artistas. Nas reuniões animadas por declamadores e músicos, era comum a presença de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Humberto de Campos. Além de jornalista, Coelho Neto estreou na literatura, em 1891, com o livro de contos "Rapsódias". Em 1892, lecionou História da Arte na Escola Nacional de Belas Artes e Literatura no Colégio Pedro II. Coelho Neto realizou uma obra extensa, que chega a mais de cem volumes, entre romances, contos, crônicas, memórias, conferências, teatro, crítica e poesia. Em 1896, Coelho Neto participou das primeiras reuniões com objetivo de criar a Academia Brasileira de Letras. Em seguida, tornou-se sócio fundador da cadeira de nº 2 e foi presidente em 1926. Em 1910, Coelho Neto foi nomeado para a cátedra de História do Teatro e Literatura Dramática na Escola de Arte Dramática. Em 1928, foi consagrado como “Príncipe dos Prosadores Brasileiros”, em uma votação realizada pela revista O Malho. Coelho Neto era um dos mais lidos e prestigiados escritores de seu tempo, porém, no final da década de 1920, os modernistas passaram a criticar a forma pomposa e rebuscada, cheias de artifícios retóricos em muitos de seus textos e que não seriam capazes de enfrentar os grandes dilemas da nacionalidade. Algumas obras: os romances Capital Federal (1893), Inverno em Flor (1897), Turbilhão (1906), O Rei Negro (1914), contos: Jardim das Oliveiras (1908), Vida Mundana (1909), Banzo (1913), Contos da Vida e da Morte (1927) e outros.

Fontes:
Olavo Bilac e Coelho Neto. Contos pátrios para crianças. Publicado originalmente em 1931. Disponível em Domínio Público.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

José Luiz Boromelo (As flores em nossa vida)


O ser humano tem por hábito conferir valores distintos a fatos que acompanham sua trajetória de vida. Esses valores são representados por comportamentos que externam os sentimentos nutridos por aqueles que de alguma maneira, exercem importância na vida das pessoas. Essa característica em realçar os vínculos afetivos é observada em diferentes ocasiões, nas quais se busca homenagear os que lhes são gratos. E uma das formas mais utilizadas para expressar os sentimentos são as flores, que estão presentes nos momentos mais importantes de nossa vida. Do nascimento à morte, elas nos acompanham e deixam suas marcas.

 Podemos encontrá-las na paixão que acompanha os casais enamorados. Na celebração que une duas pessoas com objetivos comuns a caminho do altar. Ou no dia dedicado àquelas que nos trouxeram ao mundo. É impossível imaginar o Dia das Mães sem flores de toda espécie, tamanhos, cores e aromas diferentes. Os aniversariantes também são lembrados no seu dia com vasos, ramalhetes e arranjos criativos, transformando aquela data num dia especial. Nos eventos importantes ou nos mais humildes encontros eis que lá estão elas, imponentes, soberanas e surpreendentemente belas. Não há quem não se deixe encantar pelas propriedades terapêuticas da singela companhia, no momento em que mais se necessita do conforto de um abraço ou da sabedoria de uma palavra amiga.

 As flores nos acompanham nos derradeiros momentos de nossa breve passagem por essa vida terrena. Mesmo que por motivos óbvios não possamos compartilhar com sua imensa beleza nesse dia, elas estarão lá, com toda certeza. Terão a missão de acalentar os corações destroçados pela dor da separação, de mostrar que o ciclo da vida enfim se completa; de perfumar a vida dos que ficaram, provando o quão sábia é a natureza que sempre estará à disposição do ser humano; de promover e fortalecer a união entre os casais que passam por dificuldades em sua vida conjugal; de devolver a esperança aos enfermos que vivem o calvário diário do sofrimento e da incerteza da cura; de alegrar a vida dos idosos esquecidos pelos familiares insensíveis em algum albergue qualquer; de simplesmente mostrar ao homem que Deus existe e está presente em todas as coisas desse mundo, e tudo o que vive sobre essa terra foi obra de sua poderosa mão.

 Apesar de todos os avanços tecnológicos disponíveis, jamais conseguiremos produzir sequer uma única e minúscula semente que venha a germinar, crescer e florir. Manipulamos e modificamos geneticamente diversas espécies vegetais e animais, porém nossa limitação é evidente enquanto desprovidos dos poderes da criação. Destruímos e alteramos permanentemente a biodiversidade e o clima e ainda assim nos consideramos seres inteligentes. Quiçá possamos ter a certeza de que as futuras gerações terão o privilégio de pelo menos, admirar a simplicidade e a inigualável beleza das flores. Porque elas, definitivamente, fazem parte de nossas vidas.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 
JOSÉ LUIZ BOROMELO, é de Marialva/PR, policial rodoviário aposentado, escritor, cronista e agricultor, colaborador da Orquestra Municipal Raiz Sertaneja.

Fontes:
Recanto das Letras. 16.06.2015
https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/5279561
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing

José Feldman (O Arquétipo do Bobo da Corte e do Palhaço)


Desde as primeiras organizações da sociedade humana, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço tem sido um personagem fascinante e complexo. Com sua presença milenar, esse arquétipo tem permeado a história da humanidade, refletindo e influenciando a forma como nos relacionamos com o poder, a autoridade e a própria condição humana.

O bobo da corte, figura comum nas cortes reais da Europa medieval, era um personagem que, apesar de sua posição subalterna, detinha um poder singular: o de falar a verdade ao poder. Com sua linguagem astuta e sua capacidade de ridicularizar os poderosos, o bobo da corte era um crítico social que apontava as falhas e as hipocrisias da corte.

Já o palhaço, figura mais contemporânea, é um personagem que, com sua maquiagem exagerada e seu comportamento bufão, nos faz rir e nos faz pensar. O palhaço é um símbolo da vulnerabilidade e da fragilidade humana, mas também da resiliência e da capacidade de superar os obstáculos.

Ambos os arquétipos, o bobo da corte e o palhaço, têm em comum a capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais. Eles nos mostram que a verdade pode ser encontrada nos lugares mais inesperados e que a sabedoria pode ser encontrada na boca dos loucos.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é importante porque nos lembra da importância da crítica social e da subversão. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a obediência, esses arquétipos nos mostram que a dissidência e a criatividade são fundamentais para o progresso e a mudança.

Além disso, o arquétipo do bobo da corte e do palhaço nos lembra da importância da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a perfeição e a invulnerabilidade, esses arquétipos nos mostram que a fraqueza e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

O arquétipo do bobo da corte e do palhaço é um poderoso símbolo da complexidade e da riqueza da condição humana. Com sua capacidade de subverter a ordem estabelecida e de questionar as normas sociais, esses arquétipos nos lembram da importância da crítica social, da vulnerabilidade e da autenticidade. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a conformidade e a perfeição, é fundamental lembrar que a dissidência e a imperfeição são partes naturais da condição humana.

" " " " " " " " " " " " " " " " " " " " " 
JOSÉ FELDMAN nasceu na capital de São Paulo. Poeta, trovador, escritor e gestor cultural. Formado em patologia clínica trabalhou por mais de uma década no Hospital das Clínicas. Foi enxadrista, professor, diretor, juiz e organizador de torneios de xadrez a nível nacional durante 24 anos; como diretor cultural organizou apresentações musicais. Casado com a escritora, poetisa, tradutora e professora da UEM, Alba Krishna, mudou-se em 1999 para o Paraná, morou em Curitiba e Ubiratã, e depois em Maringá/PR desde 2011. Consultor educacional junto a alunos e professores do Paraná e São Paulo. Pertence a diversas academias de letras, como Academia Rotary de Letras, Academia Internacional da União Cultural, Confraria Luso-Brasileira de Trovadores, Academia de Letras de Teófilo Otoni, etc, possui os blogs Singrando Horizontes desde 2007, e Pérgola de Textos, um blog com textos de sua autoria, Voo da Gralha Azul e Gralha Azul Trovadoresca. Assina seus escritos por Floresta/PR. Publicou de sua autoria 4 ebooks.. Dezenas de premiações em poesias e trovas no Brasil e exterior.

Fontes:
José Feldman. Pérgola de Textos. Floresta/PR: Plat. Poe. Biblioteca Voo da Gralha Azul.
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing  

Os Mukashi banashi (contos antigos) da literatura japonesa – Parte I


Mukashi banashi. O que são?
 
Mukashi banashi. Expressão que, para muitos descendentes de japoneses, consiste em algo muito familiar, desde a mais tenra infância. Seu significado, “contos antigos” (se a traduzirmos literalmente: mukashi = antigo, hanashi = conto, narrativa), remete a algo simples mas, em termos literários, bastante amplo.

Pode-se dizer que os mukashi banashi japoneses consistem em uma forma literária que, comparada à literatura ocidental compreende, em âmbito geral, contos de caráter maravilhoso, bem como aqueles que se aproximam das fábulas, mitos e lendas. Considerando, assim, esses mukashi banashi como narrativas cuja origem se perde no tempo, é possível dizer que, de maneira semelhante à maioria dos povos, tais contos faziam parte de um acervo narrativo destinado a adultos; entretanto, com a tradição oral e o decorrer das gerações, sofreram modificações em sua estrutura, fato que veio acarretar, em diversos deles, um direcionamento para o campo infantil.

O surgimento dos mukashi banashi ocorreu em uma fase anterior aos registros escritos, em um período em que dominava uma cultura de caráter animista. O Xintoísmo, nome dado às crenças e práticas religiosas autóctones do Japão anterior ao Budismo (que foi introduzido no Japão no século VI d.C.), apresenta tal característica. A palavra shintô significa, literalmente, “o caminho do kami” e, até os dias de hoje, o Xintoísmo permanece intrinsecamente ligado ao sistema de valores japonês e aos modos de agir e pensar de seu povo.

Considerando-se os contos maravilhosos ocidentais, sua origem não foi muito diferente: tomemos como exemplo os Irmãos Grimm que, no século XIX, coletaram narrativas em meio às populações camponesas, frutos de uma tradição oral. Em sua origem, todas essas histórias faziam parte de um acervo narrativo oral adulto. Após a sua compilação, foram sendo transmitidos através das gerações, até chegarem ao campo literário infantil.

Normalmente os contos ocidentais encontram-se classificados segundo terminologias bastante difundidas, e cujas definições apresentam pontos de semelhança entre si:

Mito
O tema central dos mitos é a renovação da vida e o restabelecimento da ordem que triunfa sobre o caos – ou seja, a luta entre o Bem e o Mal. Trata-se de uma experiência religiosa, que acaba se configurando em uma experiência cultural, visto que todas as civilizações têm um mito de criação que justifica sua presença no mundo. No caso do Japão, temos o mito de Izanami e Izanagi, o casal primordial que gerou várias divindades; a deusa do sol, Amaterasu, genitora de todos os imperadores, nasceu através de Izanagi;

Lenda
Apresenta aspectos similares ao mito, contendo no entanto relatos de acontecimentos onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico. É transmitida e preservada pela tradição oral, e liga-se a certo espaço geográfico e a determinado tempo. Urashima Tarô é tido como o mukashi banashi mais antigo da tradição japonesa, sendo que sua primeira versão surgiu na coletânea Fudoki, do século VIII (Período Nara, 713 d.C.); é classificado como lenda, pois foi uma narrativa registrada na província de Tango (antigo nome da região de Kyoto);

Conto maravilhoso
Narrativas de acontecimentos ou aventuras que se passam no mundo mágico ou maravilhoso (espaço fora da realidade comum em que vivemos).  “(…) a ação no conto localiza-se sempre num ‘país distante, longe, muito longe daqui’, passa-se ‘há muito, muito tempo’, ou então o lugar é em toda e nenhuma parte, a época sempre e nunca. Quando o conto adquire os traços de História, perde sua força – o mesmo ocorre com as personagens” (in: JOLLES, André. Formas Simples, p.202).

Temos ainda os contos de fadas, que são uma “(…) variedade do conto maravilhoso, permeado de acontecimentos sobrenaturais que, no entanto, não causam surpresa ao leitor como, por exemplo, o fato de atribuir aos animais a faculdade da fala e de ações estritamente humanas.” (in: TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica.). Nesse caso, cria-se uma verossimilhança interna: por mais irreais que pareçam os eventos, eles possuem uma lógica dentro do enredo.

Semelhanças entre os mukashi banashi e os contos ocidentais. Classificação dos mukashi banashi japoneses

A partir dos conceitos que foram apresentados, é possível estabelecer paralelos entre os gêneros ocidentais e os mukashi banashi, como podemos visualizar na tabela que segue. Normalmente, quando nos referimos aos mukashi banashi, a terminologia mais utilizada é a de conto maravilhoso, visto que no folclore japonês não existem fadas.

No Japão, o maior estudioso dos mukashi banashi foi Yanagita Kunio, antropólogo que realizou uma vasta pesquisa acerca das histórias e costumes do povo japonês, abrangendo desde aspectos tradicionais, como os festivais, até hábitos e elementos do cotidiano, como moradia e alimentação. Estendendo seus estudos à literatura popular, propôs uma categorização para os mukashi banashi que é considerada a mais difundida no Japão; segundo ele, tais narrativas encontram-se divididas em três categorias e, cada uma destas, em várias subcategorias:

1. Dôbutsu mukashi banashi (literalmente, “mukashi banashi sobre animais”)
1.1. narrativas sobre a origem e hábitos de animais
1.2. narrativas sobre conflitos entre animais

2. Honkaku mukashi banashi (literalmente, “mukashi banashi primitivos”)
2.1. narrativas sobre casamentos entre seres diferentes
2.2. narrativas sobre nascimentos / casamentos
2.3. narrativas sobre casamentos / lutas (competições)
2.3.1. histórias sobre madrastas: o antagonista é a madrasta
2.3.2. histórias sobre irmãos
2.4. narrativas que se referem à obtenção de alguma fortuna
2.4.1.contos dos velhos vizinhos
2.4.2. contos sobre a obtenção de alguma fortuna proveniente de forças maléficas
2.5. narrativas centradas em batalhas contra bakemono / fuga
2.6. narrativas sobre agradecimentos de animais: muitas delas são tidas como lendas (densetsu)

3. Waraibanashi (literalmente, “histórias para rir”)
3.1. narrativas que discorrem sobre alguma alegria inesperada
3.2. narrativas centradas em uma personagem astuta
3.3. narrativas que tratam de personagens cômicas
3.4. narrativas sobre competições de habilidades
3.5. narrativas sobre duelos de sabedoria
3.6. narrativas centradas em uma personagem estúpida

Consideremos, a título de exemplo, alguns mukashi banashi para elucidar a classificação apresentada.

Issunbôshi (“Issunbôshi”)
Seu protagonista assemelha-se aos dos contos “O Pequeno Polegar” e “Polegarzinho”, dos Irmãos Grimm. Sua classificação principal seria a de número 2, honkaku mukashi banashi (mukashi banashi primitivos), subcategoria 2.2. (narrativa sobre nascimentos). Isso porque Issunbôshi é uma criança de nascimento miraculoso, pois nasce a partir das preces de um casal de velhos que não podia ter filhos. Dependendo da variante do conto, o nascimento acontece de forma extraordinária: em uma versão, sua mãe passa por uma gestação de dez meses; em outra, a criança nasce de uma inflamação do dedo polegar da mãe. Cabe aqui afirmar que boa parte dos mukashi banashi japoneses apresenta uma versão em cada província do país, muitas delas diferindo-se entre si: às vezes em alguns detalhes em particular, outras em relação ao próprio desenvolvimento do enredo.

Diversas outras narrativas bastante conhecidas no Japão pertencem a essa classificação, como Momotarô (“O Menino Pêssego”, criança de força descomunal que nasce de dentro de um pêssego), Kaguya Hime (“A Princesa Kaguya”, menina que surge de dentro de um bambu) e Kintarô (“Kintarô”), dentre outros.

Kobutori Jiisan (“O Velhinho Com o Quisto”)
Trata-se de um honkaku mukashi banashi, de subcategoria 2.4.1. (contos dos velhos vizinhos). Há diversas outras narrativas no folclore japonês dentro dessa categorização, como Shitakiri Suzume (“O Pardalzinho Que Teve a Língua Cortada”) e Omusubi Kororin (“O Bolinho de Arroz Que Rolava”), entre outras, cuja temática gira em torno de um velhinho bondoso que consegue obter bens e é invejado por um velho mau, que sempre acaba castigado ao final da narrativa.

Às vezes um mesmo mukashi banashi pode pertencer a mais de uma classificação. Por exemplo, o conto Hanasaka Jiisan (“O Velhinho Que Fazia Florescer”) pode tanto ser classificado na subcategoria 2.4.1., como também na subcategoria 2.6. (narrativas sobre agradecimentos de animais), visto que todas as recompensas que o velhinho bondoso recebe vêm de seu cãozinho que havia sido morto pelo velho invejoso.

Saru Kani Kassen (“A Batalha Entre o Macaco e o Caranguejo”)
É um dôbutsu mukashi banashi (categoria 1) e, como sugere o próprio título, pertence à subcategoria 1.2., por retratar a contenda entre esses dois animais. Comparado às narrativas ocidentais, apresenta estrutura de fábula devido ao aspecto moralizante, com o macaco sendo castigado ao final.
= = = = = = = = =  = = = = = = = = =  
continua…

Fontes:
Dossiê Literário do Japan Foundation São Paulo
https://fjsp.org.br/dossie_mukashi_banashi_2_mukashibanashi_contosocidentais/
Imagem criada por Jfeldman com Microsoft Bing