NIETZSCHE POR UM ÁTIMO
nietzsche por um átimo
do alto da escarpa mirando as pedras
encobertas pela névoa
mais uma vez desgarrou-se do mundo
e sentiu-se pegureiro de nuvens
pastando no ar do abismo
tal como ele, o pastor lá embaixo
sentado na grama mas com o olhar
atravessado etéreo seus pequenos animais,
teve deles a visão de serem nuvens,
pequenas nuvens no pasto ôntico e ótico
ORIENTE PRÓXIMO
após a senha a sanha do prover vizir
e suas mônadas páginas nômades
o deserto eternamente móvel
eletroniza-se nos grãos/bits de areia
miragens informacionais
dunas moventes de dados gélidos
oásis-sites
cameloe-mails
cimitarras in time
incenses tolos
vestais virtuais
e sedutores portais
O HIPOGRIFO SOBRE O TÚMULO
o hipogrifo súbito agitou as asas
alçando vôo de sobre o túmulo
em direção ao céu desejando-o seu
abaixo de seu corpo, apontando pelas garras
uma imensa calma de lápide
vasta manta no horizonte visto e vasto
não aceita a sina de triste monumento
voando tenta libertar-se de seu jugo de ornamento
determinado em vão em vôo persiste
imagem que paira presa sobre outra ampliada
imantando todos os túmulos num único espanto
A RÃ DE BASHÔ
velha lagoa cristalizada
de bashô salta a rã
na paisagem estilhaçada
AMAZÔNIA
in memoriam
descansa em paz
no chão
e nos móveis da sala
MISSA
morto presente
vivos ausentes
POR ENTRE OS TÚMULOS
passeio
distraído
por entre os túmulos
às vezes noto perdido
alguém que carrega
o próprio corpo
por sobre os ossos
de todos os mortos
AFINAL, MAIS UM NEGÓCIO
o homem
é o único animal
que armazena seus mortos
e faz disso um negócio
======
nietzsche por um átimo
do alto da escarpa mirando as pedras
encobertas pela névoa
mais uma vez desgarrou-se do mundo
e sentiu-se pegureiro de nuvens
pastando no ar do abismo
tal como ele, o pastor lá embaixo
sentado na grama mas com o olhar
atravessado etéreo seus pequenos animais,
teve deles a visão de serem nuvens,
pequenas nuvens no pasto ôntico e ótico
ORIENTE PRÓXIMO
após a senha a sanha do prover vizir
e suas mônadas páginas nômades
o deserto eternamente móvel
eletroniza-se nos grãos/bits de areia
miragens informacionais
dunas moventes de dados gélidos
oásis-sites
cameloe-mails
cimitarras in time
incenses tolos
vestais virtuais
e sedutores portais
O HIPOGRIFO SOBRE O TÚMULO
o hipogrifo súbito agitou as asas
alçando vôo de sobre o túmulo
em direção ao céu desejando-o seu
abaixo de seu corpo, apontando pelas garras
uma imensa calma de lápide
vasta manta no horizonte visto e vasto
não aceita a sina de triste monumento
voando tenta libertar-se de seu jugo de ornamento
determinado em vão em vôo persiste
imagem que paira presa sobre outra ampliada
imantando todos os túmulos num único espanto
A RÃ DE BASHÔ
velha lagoa cristalizada
de bashô salta a rã
na paisagem estilhaçada
AMAZÔNIA
in memoriam
descansa em paz
no chão
e nos móveis da sala
MISSA
morto presente
vivos ausentes
POR ENTRE OS TÚMULOS
passeio
distraído
por entre os túmulos
às vezes noto perdido
alguém que carrega
o próprio corpo
por sobre os ossos
de todos os mortos
AFINAL, MAIS UM NEGÓCIO
o homem
é o único animal
que armazena seus mortos
e faz disso um negócio
======
Fontes:
Demarchi, Ademir. Passeios na floresta. Porto Alegre: Ébilis, 2008
Demarchi, Ademir. Os mortos na sala de jantar. Santos, SP: Realejo Livros & Edições, 2007
Demarchi, Ademir. Passeios na floresta. Porto Alegre: Ébilis, 2008
Demarchi, Ademir. Os mortos na sala de jantar. Santos, SP: Realejo Livros & Edições, 2007
Nenhum comentário:
Postar um comentário